Cerca de 60 alunos já se inscreveram para o início das aulas da extensão da Oficina de Dança que ocorrerão a partir deste mês, no Distrito de Albuquerque, distante 66 quilômetros da área urbana de Corumbá. O anúncio oficial da implantação da extensão aconteceu na tarde de quarta-feira, 08 de abril, na Escola Municipal Rural Luiz de Albuquerque.
“A Oficina de Dança irá oferecer as aulas aos moradores de Albuquerque nos mesmos moldes do que é realizado em Corumbá, com dois professores ministrando as aulas três vezes por semana. Os ritmos a serem oferecidos ficarão por conta da cultura local, do que agradar e motivar. Não podemos chegar e impor uma cultura, uma arte, sem ela se adequar àqueles que a praticam. Queremos proporcionar além de arte, uma oportunidade de vivência a esses moradores. Iniciar esse projeto aqui é um grande sonho e hoje está sendo realizando. Um projeto que começa pequeno e que tenho certeza que irá crescer”, afirmou ao Diário Corumbaense, o coordenador da Oficina de Dança e idealizador do projeto, Joilson Cruz, ao lembrar que a Oficina em Corumbá também começou pequena, com 16 alunos e hoje, tem 600.
A extensão da Oficina de Dança já estava em planejamento desde 2014, bem como a tentativa de oferecer as aulas nos bairros mais afastados da cidade. “Nestes últimos meses fizemos muitas coisas em Albuquerque, não viemos apenas visitar, viemos ofertar melhoria de vida. Reformamos a Unidade de Saúde e o prédio da escola, colocamos médicos para atendimento da população através do Programa Mais Médicos e agora estamos trazendo a Oficina de Dança. Temos que esquecer essa conversa que o Distrito de Albuquerque é longe, é afastado. A Prefeitura Municipal tem respeito e por isso se compromete com a qualidade de vida da população. Queremos voltar em dezembro para assistir às danças produzidas pela oficina aqui”, afirmou o prefeito Paulo Duarte durante o evento.
E para mostrar um pouco do que será realizado em Albuquerque, a Oficina de Dança apresentou um “espetáculo” com seus alunos e professores. Cerca de 50 componentes apresentarem desde músicas regionais até a arte da dança de rua. Coreografias contagiantes, dançarinos dedicados e entusiasmados. Assim foi a abertura das atividades da Oficina de Dança em Albuquerque.
“Meu sonho é poder dançar igual às moças da dança de rua. Parece que elas saíram de um filme, é empolgante. Quando me contaram na escola sobre o início das aulas, conversei com meus pais e eles aceitaram. Moro em uma fazenda um pouco afastada daqui, serão cerca de 20 minutos de carro, mas meus pais já disseram que vão me trazer. Estou muito animada, pois sou tímida e minha mãe disse que esse é um bom caminho para conseguir me comunicar melhor”, disse animada Marinara de Oliveira, de 13 anos.
Após a apresentação das danças e da solenidade de abertura, a população de Albuquerque, juntamente com os professores e alunos da Oficina de Dança, participou de um “aulão” na quadra da Escola Municipal Rural Luiz de Albuquerque.
De acordo com o cronograma, a extensão da Oficina de Dança atenderá o distrito corumbaense com aulas em dois períodos (manhã e tarde) em contra turnos escolares durante três dias da semana: terça-feira, quarta-feira e sábado. A Secretaria de Assistência Social e Cidadania, por meio do CRAS Rural (Centro de Referência em Assistência Social), possibilitou a realização de matrículas e prestará apoio aos professores e ao desenvolvimento das atividades no Centro Comunitário local.
Nos seus 15 anos de atuação, a Oficina de Dança de Corumbá, que é ligada à Fundação de Cultura do Município, tornou-se um dos maiores projetos culturais do município, atendendo anualmente centenas de alunos, inclusive mães de alguns deles no subprojeto intitulado “Como Nossos Filhos”. Os bailarinos da Oficina de Dança já representaram o município de Corumbá em eventos dentro e fora do Estado como o Festival de Dança de Joinville.
Em Corumbá, a Oficina oferece os cursos de street dance, dança livre, balé clássico e dança contemporânea nos três períodos. “A prática da dança agrega cidadania e amor à vida. Através dela, falamos com o corpo e com as pessoas”, avaliou o diretor-presidente da Fundação de Cultura de Corumbá, José Antônio Garcia.
Edelton Mendes Amorim, de 25 anos, é um exemplo. Ele relatou a este Diário que a Oficina de Dança foi um divisor de águas em sua vida e que os sete anos em que está na instituição, foram essenciais para sua formação profissional e seu sustento, como professor de dança.
“São quatro anos como aluno e três anos como funcionário. Nunca imaginei que eu seria um professor de dança. Antes de entrar na Oficina, trabalhei de atendente, de garçom, e nem pensava na dança como profissão. Entrei na Oficina, me identifiquei, sou dedicado e hoje colho bons frutos vindos de lá, que é o meu sustento, de minha mãe e meu futuro. Quero trabalhar para melhorar esse dom da dança. Espero que algumas dessas crianças que serão atendidas aqui em Albuquerque possam trilhar os caminhos da dança como eu trilhei”, concluiu.?