O ex-Policial Militar miliciano, Ronnie Lessa, revelou em delação premiada, quem o contratou para executar a vereadora Marielle Franco (PsOL).
A delação premiada de Lessa foi homologada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF. O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, anunciou a autorização da delação no caso nesta 3ª.feira (19.mar.24). "Nós sabemos que esta colaboração premiada, que é um meio de obtenção de prova, traz elementos importantíssimos que nos leva a crer que brevemente teremos a solução do assassinato da vereadora Marielle Franco", afirmou Lewandowski.
Ele explicou ainda que como o processo segue sob segredo de Justiça e está nas mãos do ministro Alexandre de Moraes, ele não poderia dar mais detalhes neste momento. "[A investigação] está agora nas competentes mãos de Alexandre de Moraes e dentro em breve teremos o resultado daquilo que foi apurado pela competentíssima atuação da Polícia Federal, que em um ano chegou a resultados concretos", seguiu o ministro em um breve pronunciamento que não abriu espaço para questionamentos da imprensa. Assista:
Como mostramos aqui no MS Notícias, Lessa é o 3º preso pelas execuções a fechar acordo de delação premiada.
Vamos lembrar: Marielle e seu motorista, Anderson Gomes, foram assassinados em 14 de março de 2018 no Rio de Janeiro, com uma submetralhadora HK MP5.
Além de Ronnie Lessa, está preso desde março 2019 pelos assassinatos, o ex-policial militar Élcio Queiroz, que fechou o 1º acordo de delação do caso. Outro que está preso suspeito dos assassinatos, é o ex-sargento do Corpo de Bombeiros, Maxwell Simões Corrêa. Ele foi recapturado em 24 de julho de 2023. Posteriormente, ele fechou o 2º acordo de delação do caso.
Élcio afirmou que dirigiu o carro do crime. O veículo pertencia a Suel. Lessa era o chefe do trio e 'intermediário' do mandante. Portanto, a delação de Ronnie Lessa era a mais aguardada.
Segundo relatos, Lessa aceitou acordo de delação após ser considerado executor. Aos investigadores, Lessa teria fornecido detalhes das reuniões e motivos do crime, e apontado mandantes ligados a um grupo político influente no Rio de Janeiro. A delação foi encaminhada ao Supremo Tribunal Federal (STF), devido a denúncia de Lessa que um parlamentar do Congresso Nacional (com foro privilegiado), está envolvido.
Até o final de 2023, Lessa estava decidido a não falar, no entanto, mudou de ideia após Élcio o colocar como o homem que puxou o gatilho.
Lessa está em cela isolada na penitenciária federal de Campo Grande (MS). Em agosto de 2023, ele tomou conhecimento de que Élcio de Queiroz estava colaborando com a investigação da PF e do MP do Rio.
Do presídio federal em Campo Grande, Ronnie Lessa participou na 2ª.feira (18.mar.24) de videoconferência com o juiz que integra a equipe do ministro Alexandre de Moraes. Ele confirmou os termos dos depoimentos prestados e revelações feitas ao longo da investigação policial do ano passado.
O depoimento por videoconferência foi pré-requisito para a homologação da delação premiada de Lessa.
Ronnie Lessa, ex-policial militar do Rio de Janeiro, foi expulso da corporação devido ao caso Marielle. Condenado por ocultar as armas usadas no crime, foi posteriormente apontado como autor dos disparos. Sua carreira criminosa teria sido impulsionada enquanto era policial, destacando-se pela agilidade e coragem na resolução de casos. Andrade, um contraventor, teria feito contato com Lessa devido à sua fama nas ruas.
Após o anúncio feito por Lewandowski, a presidenta nacional do PSOL, Paula Coradi, soltou nota afirmando que o anúncio traz esperanças para o desfecho do caso:
"Há seis anos o PSOL aguarda o desfecho das investigações e luta para saber quem mandou matar Marielle Franco e Anderson Gomes, bem como as motivações do crime. O anúncio de Ricardo Lewandovski nessa tarde nos dá esperanças de que, finalmente, estamos próximos do desfecho e do fim dessa agonia. É sempre importante lembrar que, na época do assassinato brutal, o Rio de Janeiro estava sob intervenção militar e que, durante os anos de governo Bolsonaro, nada foi feito para elucidar o caso - pelo contrário, o que vimos foi um evidente boicote às investigações. O PSOL quer a condenação de todos os envolvidos no crime. Seis anos é tempo demais, diz a nota divulgada nesta noite pela sigla.
Em postagem nas redes sociais, a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, irmã de Marielle, demonstrou otimismo com as investigações a partir desta nova delação. "As notícias que acabam de sair com os avanços da investigação sobre o caso da minha irmã e do Anderson, nos dão fé e esperança de que finalmente teremos respostas para esse assassinato político, covarde e brutal. O anúncio do Ministro Lewandowski a partir do diálogo com o Ministro Alexandre de Moraes é uma demonstração ao Brasil de que as instituições de Justiça seguem comprometidas com a resolução do caso", escreveu.
Desde que foram executados, Marielle e Anderson foram alvos de diversas fake news produzidas pela extrema direita no Brasil. O Instituto Marielle Franco preparou uma lista em que desmente as principais fake news usadas para atacar a memória da vereadora que teve um legado de luta pela justiça social. Veja a lista de fakes desmentidas aqui.
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Vamos lembrar que reproduzimos aqui no MS Notícias, a informação do jornal The Intercept. O veículo divulgou na 3ª feira (23.jan.24) que Domingos Brazão, Conselheiro do Tribunal de Contas e político emedebista do Rio de Janeiro, seria um dos mandantes do assassinato da vereadora e do motorista.
Brazão trata Flávio Bolsonaro como pupilo e juntos colaboraram na defesa das milícias do Rio de Janeiro. O político seria apenas um dos mandantes do crime.
O caso do assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes foi federalizado em fevereiro de 2023. O diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, já declarou que a investigação será encerrada até março deste ano.