07 de setembro de 2024
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INTERIOR | CORRUPÇÃO

Tromper: polícia acha cofre cheio de dinheiro e armas em Sidrolândia

Alvos são ex-prefeito, servidores e empresários

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A Operação Tromper ('enganar', no francês), deflagrada nesta 5ª.feira (18.mai.23), desmontou um esquema de fraude em licitações da prefeitura de Sidrolândia (MS). Desde 2017, por meio da abertura de empresas de fachada, servidores e empresários da cidade sul-mato-grossense estavam obtendo vantagens indevidas. 

O Ministério Público do Estado de Mato Grosso do Sul (MPMS) disse que a operação é resultado de atuação conjunta do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (GAECO), do Grupo Especial de Combate à Corrupção (GECOC) e da 3ª Promotoria de Justiça de Sidrolândia.  

A Tromper deu cumprimento a 16 mandados de busca e apreensão. Além disso, empresas e o paço municipal devem ser alvos de buscas.  

Uma quantia em dinheiro, ainda sem determinação, que estava em um cofre e armas de fogo foram apreendidas.

Centenas de milhares de reais apreendidos na Operação Tromper, deflagrada nesta 5ª.feira (18.mai.23), em Sidrolândia (MS). Foto: GaecoCentenas de milhares de reais apreendidos na Operação Tromper, deflagrada nesta 5ª.feira (18.mai.23), em Sidrolândia (MS). Foto: Gaeco

"A investigação apurou a existência de esquema de corrupção na atividade administrativa do município de Sidrolândia, em funcionamento ao menos desde o ano de 2017, destinado à obtenção de vantagens ilícitas, por meio da prática de crimes de peculato, falsidade ideológica, fraude às licitações, associação criminosa e sonegação fiscal", enumerou o MPMS, em nota.  

A reportagem do MS Notícias procurou a assessoria do MPMS para esclarecer qual seria o valor apreendido e em que local exato estava o cofre, mas o órgão disse 'não ter mais detalhes'. 

Residências em Sidrolândia foram alvos de buscas pelo Gaeco. Foto: Região News

Diante do que informam os investigadores, o esquema de corrupção teria sido instalado na prefeitura na gestão de Marcelo de Araujo Ascoli (PSL). 

O Campo Grande News afirmou que entre os alvos, está a empresa Rocamora Serviços de Escritórios, com nome fantasia de PC Mallmann Negócios Empresariais. "No cadastro da empresa, consta que a data de abertura é de maio de 2019 e capital social de R$ 105 mil, sendo de pequeno porte. Na descrição, a atividade principal é comércio varejista especializado de equipamentos e suprimentos de informática. Porém, na atividade secundária, abrange 86 tipos de serviços. Na lista, manutenção e reparação de geradores, equipamentos hidráulicos, pintura para sinalização em pistas rodoviárias e aeroportos, serviços de pintura em geral, lanternagem, funilaria, lavagem de veículos e venda de peças e acessórios para carros", anotou o site da Capital. A empresa em questão, tem como sócio-proprietário Ricardo José Rocamora Lopes.

Policiais próximos as empresas alvos de operação Tromper do Gaeco. (Foto: Região News)Policiais próximos as empresas alvos de operação Tromper do Gaeco. (Foto: Região News)

De acordo com o Gaeco, as contratadas para o esquema de licitação não tinham experiência, estrutura ou capacidade técnica para executar os serviços contratados ou fornecer os itens comprados.

O site MidiaMax sustentou que um dos servidores alvos da ação seria chefe de gabinete do ex-prefeito de Sidrolândia, Marcelo Ascoli. Outro servidor alvo é chefe da Central de Licitações.

O ex-prefeito de Sidrolândia, Marcelo Ascoli.  O ex-prefeito de Sidrolândia, Marcelo Ascoli. 

O site de Sidrolândia, Região News, entrevistou o empresário bolsonarista Roberto Valenzuela, dono da R&C Comércio Serviços e Manutenção Ltda (R&C Dedetizadora), que foi um dos alvos de busca e apreensão da Tromper. "Estou à disposição da Justiça e vou prestar os esclarecimentos necessários“, assegurou o empresário. A R&C atua na manutenção de prédios públicos e ano passado recebeu R$ 619.913,20 e neste ano, R$ 246.718,18 pelos serviços prestados. Veja a entrevista AQUI

Empresário Roberto Valenzuela em entrevista ao RN. Foto: Marco Tomé/RNEmpresário Roberto Valenzuela em entrevista ao RN. Foto: Marco Tomé/RN

Logo pela manhã desta 5ª, a atual prefeita da cidade, Vanda Camilo (PP), disse que os mandados são cumpridos em casa de servidores que já vêm de várias gestões anteriores. "Estou tranquila, seguindo a rotina normal de trabalho e vamos aguardar o final da operação". Leia a nota na íntegra abaixo:

 

"Como prefeita, é meu dever zelar pela integridade e bem-estar de nossa comunidade, bem como pela transparência e legalidade de todas as ações realizadas em nossa gestão. Por essa razão, vamos aguardar o deslinde da operação para adotar as providências e prestar os esclarecimentos necessários à população, de forma responsável e imparcial. Enquanto isso, a rotina de trabalho administrativa em todas as secretarias seguem normal. Continuarei me dedicando ao cumprimento de minhas atribuições como prefeita, empenhando-me em buscar soluções para os desafios e demandas que nossa cidade enfrenta. Reafirmo meu compromisso com a ética, a transparência e a justiça, valores que sempre nortearam minha trajetória política".