07 de setembro de 2024
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MS NEGÓCIOS

Suspeito de golpes de R$ 6 milhões tenta censurar jornal na Justiça

Diego Aparecido Francisco ficou conhecido ao ajudar o ex-prefeito de Campo Grande, pastor Gilmar Olarte

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O empresário Diego Aparecido Francisco, suspeito de aplicar uma série de golpes que somam R$ 6 milhões, por meio da empresa MS Negócios, tenta na Justiça censurar o jornal O Jacaré, de Mato Grosso do Sul. O pedido de censura foi protocolado na 4ª.feira (31.jan.24) pelo advogado Ronaldo Graziozo Oliveira.

Conforme o site O Jacaré, o empresário solicitou a censura, pois estaria insatisfeito com a publicização de que há diversos processos contra ele, devido a golpes na venda de veículos. Entenda abaixo.

PRISÃO E SOLTURA 

Os detalhes dos crimes pelos quais Diego é acusado, constam num pedido de prisão preventiva feito pelos delegados da 1ª Delegacia de Polícia Civil de Dourados (MS), Erasmo Bruno de Mello e Jônata Rafael Montenegro Venâncio de Moraes, em outubro de 2023. 

A prisão foi decretada pelo juiz Deyvis Ecco, da 2ª Vara Criminal de Dourados. Diego acabou preso no início de dezembro do ano passado, acusado de usar a MS Negócios para dar golpe na venda de carros. Apenas um empresário douradense teria perdido R$ 1,5 milhão em uma  negociação com Francisco.

Em 19 de janeiro deste ano, Diego solicitou à Justiça sua saída da prisão. No entanto, num despacho público, o juiz Deyvis Ecco negou o pedido de liberdade. Posteriormente, o presidente do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, desembargador Sérgio Fernandes Martins, também negou habeas corpus no plantão, conforme despacho publicado no Diário Oficial da Justiça.

Na sequência, em sigilo, o Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS) revogou a prisão preventiva e liberou o empresário em 25 de janeiro de 2024, para passar a ser monitorado por tornozeleira eletrônica.

Conforme O Jacaré, o processo foi distribuído para o desembargador Ruy Celso Barbosa Florence, do TJMS. Contudo, não foi publicado nenhum despacho do magistrado no diário a respeito do pedido de habeas corpus do empresário.

CRIA DO 'OLARTE' 

Diego seria sócio do ex-prefeito de Campo Grande, Gilmar Olarte (sem partido), na tentativa do golpe do falso leilão de um prédio para casal evangélico. Fotos: ReproduçãoDiego seria sócio do ex-prefeito de Campo Grande, Gilmar Olarte (sem partido), na tentativa do golpe do falso leilão de um prédio para casal evangélico. Olarte foi condenado por corrupção investigada na Operação Adna, em processo que se encontra em segredo de Justiça. Ele cumpre pena de 8 anos em regime aberto. Fotos: Reprodução

Diego ficou conhecido pela Justiça sul-mato-grossense e pelo público em geral quando foi apontado como ajudante do ex-prefeito de Campo Grande, pastor Gilmar Olarte (sem partido). Eles foram acusados de dar um golpe do falso leilão de um prédio comercial em um casal de evangélicos. As vítimas tiveram prejuízos de R$ 800 mil e ainda ficaram com a dívida junto ao Banco Safra. 

De acordo com o MPE, o empresário é alvo de mais de 50 ações na Justiça, sendo 39 como réu por dar golpes. Em uma delas, Francisco foi denunciado junto com o ex-prefeito da Capital Gilmar Antunes Olarte.

Um policial civil e um advogado de Itaporã, que não tiveram os nomes divulgados, são investigados por trabalhar para Diego. O servidor da segurança e o advogado atuavam como espécies de 'capangas', intimidando as vítimas dos golpes.  

AMEAÇAS E GOLPES MILIONÁRIOS

De acordo com a investigação, Diego usava até o nome de autoridades e políticos para impedir que o caso virasse boletim de ocorrência. Mesmo assim, ele teve contra si registradas 40 queixas de golpe.

Uma das vítimas, um empresário de Dourados, teve prejuízo de aproximadamente R$ 1,5 milhão. De acordo com o relato à polícia, ele comprou duas caminhonetes Amarok, que custaram R$ 250 mil e R$ 240 mil. Um dos veículos demorou para ser entregue, mas acabou recebendo as duas.

No entanto, o golpe começou a ser aplicado quando ele comprou um caminhão por R$ 637 mil, em meados de 2021, um Porsche por R$ 600 mil e uma caminhonete Toyota SW4 por R$ 190 mil. Além disso, ele acabou pagando em torno de R$ 100 mil de taxas e documentos, apontados por Diego como necessários para a entrega dos bens. 

Apesar de ter desembolsado R$ 1,5 milhão ao golpista, ele acabou não recendo o caminhão nem os carros de luxo. Um outro relatou que pagou R$ 285 mil por um caminhão Mercedes Benz Atego, mas nunca recebeu o veículo. Um outro perdeu R$ 320 mil ao comprar dois veículos. Um dos carros até foi revendido por Diego para outra pessoa.

Conforme a investigação, para dar caráter de idoneidade ao golpe, Diego usava a empresa MS Negócios, que não tinha nada a ver com o mercado automotivo. Em nome da mãe, Izabel Ferreira, a empresa vende sucos e fica no Bairro Mata do Jacinto, em Campo Grande.

GOLPE NO ALUGUEL

Izabel Cristina Ferreira Francisco, mãe de Diego, responde a um processo, inclusive, por não pagar os aluguéis do prédio onde está a MS Negócios, que teria sido usada nas fraudes.

O proprietário do prédio onde fica a empresa, no Bairro Mata do Jacinto, em Campo Grande, entrou com ação em que cobra o pagamento de R$ 34.072,58 em aluguéis atrasados desde junho de 2023. O contrato tem duração até maio de 2024, mas nenhum aluguel no valor de R$ 6 mil foi pago pelos inquilinos.

O dono do imóvel afirma que um administrador de seus empreendimentos era o responsável pelo contrato de aluguel e, com isso, nem sabia da locação. “É até uma situação inusitada, pois, como poderia alguém alugar um imóvel para outra pessoa sem sequer ter o recebimento do primeiro aluguel ajustado de forma antecipada”, diz o advogado na ação. 

“Ocorre que o Requerente se encontra sem receber os aluguéis de seu imóvel desde fevereiro de 2023, posto que, ao questionar o seu administrador imobiliário, este sempre dizia que estava cobrando os locatários, mas que ainda não tinha uma posição”, prosseguem.

O processo teve início em novembro do ano passado. Além do pedido do pagamento dos valores atrasados, incluindo IPTU e seguro, havia a solicitação de liminar para desocupação do imóvel e a rescisão do contrato.

A juíza Gabriela Müller Junqueira, da 7ª Vara Cível de Campo Grande, negou o despejo afirmando que o contrato está garantido por fiança. A magistrada também negou recurso e marcou audiência de conciliação para o próximo dia 18 de março.

As últimas quatro ações foram ajuizadas nos últimos seis meses, o mais recente é de janeiro deste ano. (Foto: Reprodução)As últimas quatro ações foram ajuizadas nos últimos seis meses, o mais recente é de janeiro deste ano. (Foto: Reprodução)

PEDIDO DE CENSURA

Conforme o advogado, ao dar publicidade para os supostos golpes aplicados pelo seu cliente, o site está julgando Diego Aparecido Francisco. A maior parte dos processos estava disponível para consulta no site no Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul.

Além dos processos contra a empresa, Diego Francisco tem os seus próprios. (Foto: Reprodução)Além dos processos contra a empresa, Diego Francisco tem os seus próprios. (Foto: Reprodução)

 FONTE: O JACARÉ