31 de março de 2025
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CRIME ORGANIZADO

Suplente de vereador de MS é alvo de operação que liga política ao tráfico

Investigado por lavar dinheiro de facção, político é apontado como testa de ferro de traficante preso na Bolívia

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A Polícia Civil do Distrito Federal deflagrou nesta 6ª feira (28.mar.25) a Operação Chiusura, que desmontou uma organização criminosa com atuação interestadual no tráfico de drogas e lavagem de dinheiro. Mato Grosso do Sul foi um dos principais alvos da ação, que mobilizou cerca de 450 agentes e cumpriu mandados em 11 estados.

Em Campo Grande, foram autorizados cinco mandados de busca e apreensão e seis de prisão, todos vinculados a um núcleo da facção que atuava com vínculos diretos com criminosos do Nordeste. Embora os alvos tenham sido encontrados no Rio Grande do Norte, os nomes ligados a Mato Grosso do Sul estavam no centro do esquema de movimentação financeira e ocultação de patrimônio.

Entre os investigados está um suplente de vereador de Campo Grande, identificado como Ronaldo Cardoso, do Podemos, apontado como testa de ferro de um traficante conhecido pelo codinome “Especialista”, natural de MS. Segundo a investigação, familiares do criminoso serviam como laranjas para movimentar valores oriundos do tráfico, mascarando operações com empresas e bens adquiridos em nome de terceiros.

O líder do núcleo sul-mato-grossense encontra-se preso na Bolívia, desde 2023, onde foi detido com granadas de uso restrito e uma aeronave carregada com cocaína. Apesar do cerco, mantinha influência sobre o esquema. Uma das ações atribuídas ao grupo foi a apreensão de um carregamento de Skunk, realizada pela PRF em Ariquemes (RO), em fevereiro deste ano. O entorpecente saiu de Brasília em um caminhão-guincho adaptado com compartimento oculto e tinha como destino um posto de combustíveis em Taguatinga (DF).

FACHADA

O grupo utilizava uma estrutura sofisticada para disfarçar a origem ilícita do dinheiro. Imóveis de alto padrão, fazendas e até pousadas no litoral nordestino eram mantidos pelos criminosos, inclusive um hotel ligado a um dos alvos em Tibau do Sul (RN). Os investigados se infiltraram em ambientes políticos e empresariais, com um dos filhos do casal que comanda o “núcleo Goiás” tendo sido nomeado assessor parlamentar na Câmara de Goiânia aos 19 anos.

A operação também revelou movimentações bancárias de até R$ 300 milhões em apenas três meses, com o envolvimento de contas vinculadas a uma fintech sediada em São Paulo. Empresas fictícias nos ramos de transporte e autopeças, registradas com documentação falsa, eram utilizadas para simular legalidade nas transações.

A Operação Chiusura é resultado de 18 meses de investigação e contou com a participação de forças de segurança de diversos estados, incluindo o Garras da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul. Ao todo, foram expedidos 19 mandados de prisão temporária e 80 de busca e apreensão, com alvos no DF, MS, GO, SC, MT, AL, RN e outros estados.

Os suspeitos poderão responder por tráfico interestadual de drogas, organização criminosa e lavagem de dinheiro, com penas que podem ultrapassar 30 anos de reclusão.

O nome da operação, Chiusura, significa "fechamento" em italiano, numa referência ao encerramento definitivo das atividades criminosas da facção, conforme aponta a Polícia Civil do DF.