02 de janeiro de 2025
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Quadrilha amazonense de travestis é presa em Mato Grosso do Sul

Cientes de serem soropositivo, elas realizavam programas sem o uso de preservativo e roubavam clientes, diz a polícia

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A Polícia Civil disse que desmantelou uma organização criminosa de travestis oriunda do Amazonas, que estava praticando crimes de roubos na Capital sul-mato-grossense. Elas atraiam suas vítimas por meio da oferta de serviços sexuais. 

A maioria delas estavam cientes de serem soropositivos, entretanto realizavam alguns programas sem o uso de preservativo com suas vítimas. 

Segundo a Delegacia Especializada em Repressão a Roubos e Furtos (DERF), foram feitas as prisões de quatro integrantes da quadrilha na 3ª feira (18.jul.23). 

As travestis são acusadas de obrigar os clientes a fornecer cartões de bancos para que elas pudessem realizar transferências e compras. A polícia disse que as vítimas eram escolhidas por elas de forma aleatória, independente de serem clientes ou não. A maioria dos roubos ocorreu na Vila Progresso.

Após intensa investigação, a DERF disse que conseguiu identificar, localizar e capturar as suspeitas. 

INVESTIGAÇÕES 

A investigação teve início a partir do registro de uma ocorrência na DEPAC, a qual a vítima narrou que um grupo de travestis teria entrando em seu veículo e o ameaçado, exigindo seus cartões de crédito e realizado transações em maquininhas de cobrança, realizando diversas compras e transferências para determinadas contas bancárias. Diante da natureza dos fatos, o caso foi encaminhado à DERF.

Em diligências iniciais, investigadores constataram diversos outros boletins de ocorrência com a mesma forma de agir. As travestis, em tese, abordavam pessoas na rua e mediante violência ou ameaça, realizavam diversas transferências bancárias e compras com os cartões de crédito das vítimas, tendo como beneficiárias as mesmas contas bancárias e pessoas jurídicas.

Em continuidade às investigações, identificou-se que o CNPJ de um lava jato estava sendo beneficiado com essas transações ilícitas. O lava jato estava em nome de um homem com iniciais W.A.M. (de 24 anos). Apesar disso, a polícia descobriu que a pessoa de W.A.M era, na verdade, M.M., a primeira travesti a ser identificada e presa. 

Ainda durante as investigações, um novo boletim de ocorrência foi registrado na DERF, tendo a vítima relatado que três travestis o teriam ameaçado e pegado seu cartão bancário para realizar transferências, porém, como tais transferências não deram certo, as criminosas subtraíram seu aparelho celular, uma aliança e pulseira de ouro, além de R$ 250 e demais objetos. Diante disso, foi possível identificar as demais envolvidas, apurando-se que todas as quatro residiam no mesmo local.

Assim, a polícia montou um inquérito de associação criminosa e se deslocou até a residência das investigadas capturando as quatro integrantes, sendo elas identificadas apenas pelas iniciais e idades: A.N.S. (de 22 anos), O.B.A. (de 27 anos), P.A.C. (de 27 anos) e a dona do lava jato. Nove maquininhas de cartão de crédito e diversos objetos identificados como produtos dos crimes de roubo cometidos pelas autoras, foram apreendidos.

A operação foi um desdobramento de outra realizada em fevereiro deste ano, onde a DERF identificou três travestis que praticavam roubos nesta capital, sendo duas delas presas na ocasião. Ao todo, foram presas seis travestis, todas do Estado do Amazonas, que vieram para o Mato Grosso do Sul com o intuito de praticar crimes.

TREINADAS EM SANTA CATARINA

Em interrogatório, todas as investigadas confessaram a prática dos crimes investigados.

Elas revelaram que passaram por um “treinamento” com uma travesti no Estado de Santa Catarina, que lhes ensinou o modo de agir para conseguir a subtração de valores de clientes através das máquinas de cartão, inclusive, disseram recusar pagamento dos programas em dinheiro, pois, assim frustraria parte do esquema criminoso, em que era necessário o acesso ao cartão da pessoa, para retê-lo e realizar as transações financeiras. Ainda disseram ter passado por outros Estados da Federação e terem procedido da mesma forma, antes de chegarem à capital sul-mato-grossense.

A M.M. informou que, a partir disso, criou uma pessoa jurídica com finalidade exclusiva de cometer crimes, solicitando máquinas de cartão de crédito vinculadas a tal empresa para receber o dinheiro obtido nos crimes. Confessou ainda, que o modus operandi da associação criminosa consistia em iniciar um programa sexual com o cliente e no momento do pagamento do serviço, enquanto a vítima estava em situação de vulnerabilidade, pedia para a mesma pagar no cartão de crédito, proferindo ameaças e assim subtraindo mais valores da vítima.

ORIENTAÇÃO DA POLÍCIA 

Diante dessa constatação de que as suspeitas são soropositivo, a Polícia Civil orientou as vítimas que procurem o sistema de saúde para realização de exames, e caso seja necessário, procure novamente a DERF para fornecerem mais informações, tendo em vista que as autoras podem ser responsabilizadas criminalmente também por este fato.

A Polícia não descarta a possibilidade da existência de outras vítimas e segue com as investigações para identificar a existência de outros membros do grupo.