Um adolescente negro de 17 anos foi agredido com um soco no rosto por um policial militar durante uma abordagem em Piracicaba, no interior paulista, na tarde do último sábado (12.abr.25).
Segundo relato publicado pela Ponte Jornalismo, a ação ocorreu por volta das 16h30, em frente a uma adega no bairro Piracicamirim, onde o jovem realizava um trabalho informal após sair de um turno em um restaurante.
De acordo com a família do adolescente, o agente da PM o teria confundido com outra pessoa, abordando-o de forma agressiva e sem qualquer solicitação de identificação. A vítima relatou ter sido chamada para fora do local onde trabalhava e questionada como se já tivesse um histórico com os policiais. O agente teria dito frases como "invadimos a sua casa semana passada", enquanto o jovem negava qualquer envolvimento.
Ainda conforme informações obtidas pela Ponte, o policial estava acompanhado de uma colega de farda no momento da ação. Após a ordem para sair do estabelecimento, o jovem foi puxado para um local menos visível e agredido com um soco, o que foi registrado por uma câmera de segurança. Em seguida, os policiais deixaram o local. A vítima, bastante abalada, desistiu de continuar o serviço naquele dia e voltou para casa chorando. Desde então, segundo a mãe, o adolescente tem demonstrado medo de sair de casa e até mesmo de frequentar a escola.
A família optou por não divulgar seus nomes por receio de represálias. Também segundo a mãe, o filho não possui antecedentes e busca manter uma vida honesta por meio de trabalhos informais nos fins de semana e nos períodos livres da escola. Ela teme que a abordagem violenta pudesse ter tido consequências ainda mais graves. “Se a pessoa com quem confundiram meu filho tivesse feito algo sério, ele poderia ter perdido a vida por um erro”, disse à Ponte.
O caso foi formalmente denunciado à Corregedoria da Polícia Militar e registrado em boletim de ocorrência. Até o momento da publicação, a Polícia Militar de Piracicaba, sob comando do tenente-coronel Marcelo Henrique de Lima, não havia se manifestado nem feito contato com a família.
A Ponte Jornalismo também informou que questionou a Secretaria da Segurança Pública do Estado de São Paulo sobre possíveis medidas adotadas, como a identificação dos policiais envolvidos, eventual afastamento e a abertura de investigação administrativa, mas não obteve resposta.