A Polícia Federal (PF), deflagrou na manhã da 6ª feira (30.jun.23), a Operação Magnus Dominus, com o objetivo de desarticular organização criminosa paramilitar a serviço do tráfico internacional de drogas e armas entre o Brasil e o Paraguai, com atuação nas cidades de Ponta Porã (MS) e Pedro Juan Caballero (PY).
Um dos alvos era o chefão do grupo criminoso, Antônio Joaquim Mendes Gonçalves da Mota, conhecido como 'Motinha' ou 'Dom'. Ele conseguiu fugir de helicóptero, ao ser avisado antecipadamente de que seria deflagrada a operação.
Inclusive, o nome da operação faz referência a líder criminoso que se auto-intitula como Dom, título alusivo a Dom Corleone, do filme "O Poderoso Chefão”.
'Dom' estava em uma fazenda na fronteira entre Ponta Porã e Pedro Juan Caballero (Paraguai). Essa é a segunda vez que ele é alertado da ação policial de maneira antecipada e consegue fugir.
OPERAÇÃO MAGNUS DOMINUS
A PF comunicou em nota na 6ª feira, que desarticulou uma quadrilha de paramilitares, especializada em guerras e no combate a piratas na Somália. Ao menos 12 mandados de prisão e 11 de busca e apreensão foram cumpridos em Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, São Paulo e Rio Grande do Sul.
O saldo foi de nove prisões de brasileiros, um italiano, um romeno e um grego. Em Mato Grosso do Sul, foram cumpridos três mandados de busca e um homem foi preso em Dourados (MS).
A operação contou com mais de 100 Policiais Federais, das diversas delegacias envolvidas e ainda do Comando de Operações Táticas e da Coordenação de Aviação Operacional da Polícia Federal.
Durante as investigações, constatou-se que a Organização Criminosa detém grande poder bélico, com equipamentos de última geração como coletes balísticos, drones, óculos de visão noturna, granadas, e armamento de grosso calibre, a exemplo de fuzis .556, 762 e .50, este capaz de perfurar blindagens e abater aeronaves (veja na galeria acima).
PAI DE 'DOM'
'Dom' é filho do pecuarista Antônio Joaquim da Mota (Tonho). O pai do chefão também já foi alvo da PF, durante a operação Helix, deflagrada em 11 de maio, que mirou desmantelar uma criminosa atuante no tráfico internacional de drogas.
Na Helix, foram cumpridos 10 mandados de prisão e 43 mandados de busca e apreensão no Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Mato Grosso do Sul, Espírito Santo e Minas Gerais. Além disso, foram deferidos o sequestro de diversos bens móveis, como automóveis e helicópteros, e de um imóvel vinculado à organização criminosa, cujos valores estimados ultrapassam os 30 milhões de reais, além do bloqueio de valores e contas bancárias das pessoas e empresas envolvidas. Veja alguns bems apreendidos pela PF:
Em dois anos de investigação da PF contra tal organização criminosa, foram apreendidos 2.750kg de cocaína, além de nove helicópteros e um caminhão que eram utilizados para o transporte da droga proveniente do Paraguai.
OPERAÇÃO PATRÓN
Em 19 de novembro de 2019 o pai de 'Dom' foi alvo da Operação Patrón, que executar 20 prisões, no Brasil e Paraguai, e buscas e apreensões em endereços de 15 investigados por corrupção, lavagem de dinheiro e participação em organização criminosa. Eis a íntegra.
A operação "Patrón" foi um desdobramento da operação "Câmbio, Desligo", que descobriu que o doleiro Dario Messer, condenado a mais de 13 anos de prisão, liderava um esquema de lavagem de dinheiro e que tinha como cliente o ex-governador do Rio de Janeiro Sério Cabral.
Os alvos com prisão decretada pela 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro incluiram o ex-presidente do Paraguai e senador Horácio Cartes, os doleiros Dario Messer e Najun Turner, além de empresários também suspeitos de operar com câmbio ilegal e ocultar os recursos das autoridades (veja lista de alvos aqui).
A FAMÍLIA 'DA MOTA'
A família 'da Mota' foi tema de reportagem da revista Piauí, "DROGAS, MORTES E LUXO NA FRONTEIRA DO BRASIL", publicada 18 maio 2023, logo após a Operação Helix.
No texto, o repórter Allan de Abreu, traça a linha do tempo da família criminosa desde o contrabando de café na década de 70. O material jornalístico mostra que por meio do crime, a família fez fortuna. Cita que, contra Motinha, havia mandado de prisão expedido pela Justiça do Paraguai, mas que teria conseguido fugir, alertado por policiais daquele país.
Na última década, de acordo com o Ministério Público Federal (MPF), a família Mota se associou aos narcotraficantes Sérgio de Arruda Quintiliano Neto, o Minotauro, e Caio Bernasconi Braga, ambos ligados à facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), para enviar cocaína do Paraguai até portos de São Paulo, Paraná e Santa Catarina, de onde era exportada para a Europa e América Central. A droga saía de fazenda a 15 km de Ponta Porã.