07 de setembro de 2024
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Operação Vostok

Operação Vostok põe delator e delatado na mesma cela

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O ex-governador André Puccinelli (MDB) e o empresário Ivanildo da Cunha Miranda, por ironia, estão confinados na mesma cela do Centro de Triagem Anísio Lima. Um dos principais delatores de Puccinelli no caso conhecido como “Lama Asfáltica”, Miranda agora é também importante alvo da Operação Vostok, deflagrada na manhã de hoje (quarta-feira, 12), pelo ministro Félix Fischer, do Superior Tribunal de Justiça, para cumprir 14 mandados de prisão temporária em 61 endereços nos estados de Mato Grosso do Sul e Pará.

Além de Ivanildo Miranda as ordens policiais alcançam o governador Reinaldo Azambuja (PSDB); seu filho Rodrigo Azambuja; o conselheiro do Tribunal de Contas, ex-deputado e ex-secretário de Fazenda, Márcio Monteiro; empresário João Roberto Baird; o corretor de gado José Ricardo Guitti Guimaro; o dono da PSG Tecnologia Aplicada, Antonio Celso Cortez; os pecuaristas Elvio Rodrigues, Miltro Rodrigues Pereira, Rubens Massahiro Matsuda, Zelito Alves Ribeiro e Francisco Carlos Freire de Oliveira; o deputado estadual e produtor rural José Roberto Teixeira (DEM); o ex-prefeito de Porto Murtinho e pecuarista Nelson Cintra Ribeiro; e o ex-prefeito de Dois Irmãos do Buriti, Osvane Aprecido Ramos.

Todos são acusados de fazer parte de um esquema de fraudes fiscais que, em cálculos ainda iniciais, causaram prejuízos de R$ 209 milhões entre 2014 e 2016. Embora tenham sido abertas em 2016, as investigações ganharam força no ano passado, a partir da delação premiada dos irmãos Joesley e Wesley Batista, controladores do Grupo J & F, a holding brasileira que possui uma rede empresarial à qual está integrada a rede de frigoríficos JBS. Segundo a força-tarefa – composta de agentes da Polícia Federal, Judiciário, Ministério Publico e órgãos de fiscalização e controle – o esquema estava concentrado na manipulação de recursos canalizados por meio da concessão de incentivos fiscais a indústrias que atuam no Estado, especialmente no setor de carnes. As licenças ou incentivos fiscais rendiam pagamento de propinas aos membros do grupo.