21 de novembro de 2024
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VÍTIMAS INDÍGENAS

MS é o 3º Estado mais violento contra povos originários; 34 assassinatos em 2020

Pelo Brasil, dados fornecidos por secretarias não detalham as vítimas e circunstâncias dos assassinatos

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Povos originários, durante o segundo ano da gestão de Jair Bolsonaro como presidente, registraram um aumento de 61% no número de assassinatos de indígenas, conforme aponta o Relatório Violência Contra os Povos Indígenas no Brasil. Mato Grosso do Sul aparece como o 3º Estado mais violento contra os povos originários

Publicado pelo Conselho Indigenista Missionário, ontem (28.out.2021), esse relatório é divulgado todo ano, e apresentou a perspectiva da grave crise sanitária provocada pela pandemia do coronavírus que, ao contrário do esperado pelo Cimi, não impediu que grileiros, garimpeiros, madeireiros e outros invasores intensificassem ainda mais suas investidas sobre as terras indígenas.

Essa versão 2020 do relatório aponta que 182 indígenas foram mortos no ano passado, sendo que em 2019 foram registrados 113. Esse número de assassinatos no primeiro ano de governo de Jair Bolsonaro é próximo do número de mortos por Covid-19 no ano passado. 

Mato Grosso do Sul é o 3º Estado no ranking de números de homicídios de indígenas (34) no país. Ele fica atrás de Roraima (66) e Amazonas (41), como os mais violentos contra povos originários. 

ASSASSINATOS

Vale ressaltar que, conforme aponta Conselho Indígenas Missionário, os dados fornecidos pela Sesai e pelos estados não apresentam informações detalhadas sobre as vítimas e nem as circunstâncias destes assassinatos, o que inviabiliza análises mais aprofundadas. 

No relato do Cimi, dois casos podem ser destacados, o "Massacre do rio Abacaxis" e uma operação da Polícia Militar que resultou na morte de dois indígenas que caçavam. No primeiro caso, turistas que praticavam pesca esportiva depois de entrarem ilegalmente no território de indígenas e ribeirinhos, gerou uma confusão  na região dos rios Abacaxis e Marimari. 

A operação da Polícia Militar no local resultou na morte de dois indígenas do povo Munduruku e de pelo menos quatro ribeirinhos, além de outros dois desaparecidos e diversos relatos de violações de direitos humanos praticados pelos policiais. 

Ainda, quatro indígenas do povo Chiquitano, que caçavam numa área próxima da aldeia - no Estado de Mato Grosso -, foram mortos por policiais do Grupo Especial de Fronteira (Gefron). Entre as vítimas estava Ezequiel Pedraza Tosube, que tinha 18 anos quando participava das atividades.