A operação "Spot-fixing," deflagrada nesta terça-feira (5.nov.24) pela Polícia Federal e Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), revelou detalhes do esquema de manipulação envolvendo o atacante Bruno Henrique, do Flamengo.
O jogador é suspeito de ter agido deliberadamente para tomar cartões amarelos durante uma partida contra o Santos em 2023, no Campeonato Brasileiro, visando beneficiar apostadores que teriam acesso a informações privilegiadas. O alerta inicial veio das casas de apostas, que notaram padrões incomuns em apostas focadas exclusivamente na punição do atleta.
Conforme relatado pelo Globo Esporte, três grandes casas de apostas – Betano, GaleraBet e KTO – registraram "movimentações incomuns e altos volumes" de apostas direcionadas para o recebimento de cartões por Bruno Henrique.
Em especial, a Betano notou que 98% do volume de apostas sobre punições por cartão naquela partida se concentravam no jogador, enquanto a GaleraBet relatou que o índice foi de 95%. Na KTO, o valor também foi considerado “alto”, embora o percentual específico não tenha sido detalhado.
As movimentações chamaram a atenção por incluir apostas feitas por novos apostadores e contas registradas um dia antes do jogo entre Flamengo e Santos, ocorrido em 1º de novembro de 2023, no Estádio Mané Garrincha.
Estas contas foram rastreadas para Belo Horizonte, cidade de origem de Bruno Henrique, levantando ainda mais suspeitas de que familiares e pessoas próximas ao atleta pudessem estar envolvidas no esquema.
Segundo o relatório da IBIA, a organização internacional de integridade das apostas, os valores apostados e a criação de contas novas indicaram um “grau de confiança” incomum na possibilidade de o jogador ser punido com cartão.
A odds oferecida para essa ocorrência era de 3,10, proporcionando retorno financeiro considerável aos apostadores. Para Bruno Henrique, que acumulava cinco cartões em 22 jogos até aquela partida, os padrões registrados foram considerados anômalos, levantando suspeitas de manipulação coordenada.
As investigações, apoiadas por relatórios da Sportradar e IBIA, indicaram que as apostas foram feitas principalmente por familiares de Bruno Henrique e outros grupos ainda sob apuração. O caso, agora parte de uma investigação criminal mais ampla, aponta para uma rede de contatos entre apostadores e o atleta, com o objetivo de manipular resultados específicos, como a aplicação de cartões, para lucro financeiro direto.
A Polícia Federal, que enviou mais de 50 agentes e membros do GAECO para cumprir 12 mandados de busca e apreensão no Rio de Janeiro e em várias cidades de Minas Gerais, destacou que a manipulação de resultados esportivos é crime, conforme a Lei Geral do Esporte, com penas de dois a seis anos de reclusão. As investigações continuam.