O lobista Andreson de Oliveira Gonçalves, de 45 anos, foi preso nesta 3ª feira (26.nov.24) em Cuiabá, Mato Grosso, durante a Operação Sisamnes, deflagrada pela Polícia Federal para investigar crimes como corrupção, organização criminosa, exploração de prestígio e venda de decisões judiciais.
Andreson, que também é alvo da Operação Ultima Ratio, deflagrada em Mato Grosso do Sul, é apontado como um dos articuladores de esquemas de manipulação de sentenças envolvendo advogados, magistrados, empresários e assessores.
De acordo com o site Mídia News, a prisão ocorreu após ordem expedida pelo ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF). Além do mandado de prisão preventiva, a operação cumpriu 23 mandados de busca e apreensão nos estados de Mato Grosso, Pernambuco e no Distrito Federal.
O STF também determinou o bloqueio de R$ 7 milhões das contas de Andreson e de sua esposa, a advogada Mirian Ribeiro Rodrigues de Mello Gonçalves, bem como de cinco empresas nas quais o lobista aparece como sócio.
Conforme a investigação, Andreson intermediava negociações ilícitas para obtenção de decisões judiciais favoráveis, beneficiando interesses específicos em processos judiciais. Ele também teria participado de vazamentos de informações sigilosas, incluindo detalhes de operações policiais.
Ainda conforme o Mídia News, o esquema guarda semelhanças com os crimes apurados na Operação Ultima Ratio, deflagrada no mês passado no Mato Grosso do Sul, que culminou no afastamento de cinco desembargadores do Tribunal de Justiça (TJMS), além de um conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE-MS).
Na Operação Ultima Ratio, a PF apontou um amplo esquema de corrupção e lavagem de dinheiro envolvendo decisões judiciais manipuladas. O caso resultou em 44 mandados de busca e apreensão em estados como Mato Grosso, São Paulo e Distrito Federal.
O lobista Andreson aparece como elo entre os dois esquemas, sendo peça-chave em negociações semelhantes realizadas tanto no TJMT quanto no TJMS.
A Operação Sisamnes foi assim batizada em referência a um episódio da mitologia persa que simboliza a corrupção no Judiciário. Sisamnes, um juiz no reinado de Cambises II, foi condenado por aceitar subornos e emitir sentenças injustas.
A PF usa essa alusão para destacar a gravidade das ações apuradas, que envolvem diretamente a manipulação do sistema de justiça.