Daniel Silva Gomes, de 86 anos, foi condenado a 15 anos de prisão em abril deste ano, por estuprar uma menina de 12 anos, que passava uma temporada na casa da avó materna, Aurora Aparecida Soares Cerqueira, de 69 anos, em Jardim (MS), em 2015.
Na época do crime, a mãe da vítima estava fazendo um tratamento médico em São Paulo e deixou a filha com a avó, que era casada com o estuprador.
Inicialmente, durante a madrugada, o idoso ia até o quarto da menor “chupava o seio da vítima, colocava as mãos na vagina da vítima e obrigava a vítima segurar seu pênis”, narrou o Ministério Público em denúncia apresentada à 1ª Vara de Justiça de Jardim.
As sessões de estupro duraram cerca de 3 meses, no período em que a vítima ficou na casa da avó.
Ainda conforme o Ministério Público, para manipular a menor e seguir com o estupro, o idoso entregava dinheiro para vítima e ameaçava que seria pior se ela contasse os fatos a alguém.
Mesmo assim, a neta contou à avó que era estuprada por Daniel em seguidas invasões ao quarto. A idosa, no entanto, não acreditou nas denúncias da neta.
“Um dia não estava bem, saí da aula e fui para casa. Minha avó tinha saído para hidroginástica, só estava o Daniel em casa. Ele me deu um remédio dizendo que era para minha dor de cabeça, deitei no sofá e dormi. Acordei com ele em cima de mim, ele com short e cueca abaixada. Meu vestido para cima e algo duro no meu das minhas pernas... eu levantei assustada e fui para o banheiro”, narrou a menor em depoimento especial.
A vítima contou ainda que após o estupro Daniel disse que não iria adiantar ela contar nada, pois ninguém acreditaria e que se avó descobrisse, iria ficar triste.
Com o tempo, a avó chegou a ouvir o marido estuprando a menor, porém, ignorava o crime. “Não adiantava gritar que a avó não fazia nada”, contou a vítima à mãe.
O terror vivido pela menor só foi descoberto em 2018, quando a mãe da vítima a interceptou se automutilando, dizendo que iria tirar a própria vida, pois odiava a família na qual vivia. Questionada sobre o motivo do ódio, a menina revelou que o marido da avó a havia estuprado.
Ao saber dos crimes aos quais a filha foi submetida, a mãe moveu ação na justiça em 2019. “Os depoimentos dela são bem difíceis de ler, eu só consegui ler um. Ela ficou com sequelas, depressão que levaram à automutilação, porque minha filha tinha dislexia e TDAH, também”, disse.
Com a vitória judicial, passados esses 4 anos, a mãe lamentou apenas que Daniel possa acabar nem indo preso em razão da idade avançada. Ela também disse que a avó tem responsabilidade no crime.
“Ela foi conivente, né? Porque o velho é analfabeto. Eu queria que ele fosse punido pelo o que ele fez! Ela é pior do que ele, porque ela é avó da menina, ela não é nada. Eu queria que ele fosse punido, sim, mas ela também. Tem a questão do remédio usado para dopar a menina. O velho é analfabeto...", desabafou.
O acusado ainda tenta recorrer da decisão judicial. Apesar da condenação, avó ainda está casada com Daniel.