21 de novembro de 2024
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OPERAÇÃO CARTÃO VERMELHO

Gaeco aponta desvio de R$ 6 milhões na Federação de Futebol de MS

Presidente da FFMS, outras 12 pessoas e empresas são acusadas de integrar o esquema. Saiba quem são!

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Sete pessoas foram presas na manhã desta 3ª.feira (21.mai.24) em Campo Grande (MS) pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) no âmbito da Operação Cartão Vermelho.

Segundo o Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS), em 5 anos um grupo desviou R$ 6 milhões dos cofres da Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul (FFMS).

Na Capital foram realizados buscas na sede da FFMS e o alvo principal é o presidente da Federação, Francisco Cezário de Oliveira, de 77 anos, que ocupa o cargo desde 1998. Ele foi preso.  

Além das sete prisões preventivas, o Gaeco cumpre 14 mandados de busca e apreensão que atingem também Dourados e Três Lagoas, ambas no interior de Mato Grosso do Sul.  

ALVOS DA OPERAÇÃO CARTÃO VERMELHO

Além da FFMS e seu presidente, também são alvos do Gaeco na Operação Cartão Vermelho:

  • Jamiro Rodrigues de Oliveira, vice-presidente da FFMS;
  • Marco Antônio Tavares, vice-presidente e coordenador de competições da federação, que também consta como presidente da Federação de Tênis de Mesa;
  • Aparecido Alves Pereira, delegado de jogos da FFMS;
  • Rudson Bogarim Barbosa que, em publicação do site da entidade, em 2022, constava como gerente da TI da FFMS;
  • Marcelo Mitsuo Ezoe Pereira;
  • Francisco Carlos Pereira
  • Umberto Alves Pereira;
  • Valdir Alves Pereira;
  • Francisca Rosa de Oliveira;
  • Marco Antônio de Araújo;
  • Patrícia Gomes Araújo; e o,
  • Sindicato dos Árbitros Profissionais de Mato Grosso do Sul (Sindarbitros);
  • A empresa Invictus Sports, nome fantasia da pessoa jurídica “Patrícia Gomes de Araújo Ltda.” , que tem sede em Dourados e fornece uniformes para clubes em MS. 

O ESQUEMA

Gaeco apreendeu grande quandidade de cédulas na casa de alvos da Operação Cartão Vermelho, deflagrada nesta 3ª.feira (21.mai.24). Foto: GaecoGaeco apreendeu grande quandidade de cédulas na casa de alvos da Operação Cartão Vermelho, deflagrada nesta 3ª.feira (21.mai.24). Foto: Gaeco

O Gaeco sustenta que o grupo desviou recursos de oriundos da Fundação de Desportos de Mato Grosso do Sul (Fundesporte), via convênio, subvenção ou termo de fomento e da Confederação Brasileira de Futebol (CBF).

As investigações sugerem que o grupo realizava constantes saques em espécie de contas bancárias da FFMS. Desde o início das investigações os acusados fizeram cerca de 1,2 mil saques de R$ 5 mil, que totalizou mais de R$ 3 milhões. O intuito era driblar o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF), órgão administrativo que atua no combate à lavagem de dinheiro no Brasil. 

Notas de R$ 200 eram usadas para diminuir o volume. Espécie criada no governo Bolsonaro facilitou a lavagem de dinheiro. Foto: GaecoNotas de R$ 200 eram usadas para diminuir o volume. Espécie lançada pelo governo de Jair Bolsonaro facilitou a lavagem de dinheiro. No montante também haviam cédulas em moeda americana. Foto: Gaeco

A organização criminosa, disse o Gaeco, também possuía um esquema de desvio de diárias dos hotéis pagos pelo Estado de MS em jogos do Campeonato Estadual de Futebol. “Esse esquema de peculato estendia-se a outros estabelecimentos, todos recebedores de altas quantias da Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul. A prática consistia em devolver para os integrantes do esquema parte dos valores cobrados naquelas contratações (seja de serviços ou de produtos) efetuadas pela Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul”, apontou o Gaeco em nota.

APREENSÕES E DEFESAS

Na casa do vice-presidente da FFMS, Marco Antônio Tavares, no Bairro Lar do Trabalhador, o Gaeco apreendeu celular e um computador. O vice não foi preso e saiu de casa acompanhado da esposa.

Outro alvo, foi o Sindicato dos Árbitros Profissionais de Mato Grosso do Sul (Sindarbitros). O advogado da entidade, Augusto Domingos Borges Ortega, disse que não foi cumprido qualquer mandado no sindicato e que o sindicato tem tudo comprovado em notas fiscais. Segundo ele, a entidade somente repassa os valores exatos relacionados aos árbitros que atuam nos jogos da federação.

Em nota encaminhada pela assessoria, a Invictus informou que é prestadora de serviços para a Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul, registrados através de fornecimento de nota fiscal e pagamento registrado em conta corrente da empresa. O proprietário informou que acompanha o trabalho do Gaeco e está fornecendo todas as informações solicitadas. “Está à disposição e confia no trabalho desempenhado pela Justiça de Mato Grosso do Sul”, informou a assessoria.

No curso das diligências nesta manhã foram apreendidos mais de R$ 800 mil em espécie.  

MÃO NO COFRE 

Nos últimos 15 anos, a FFMS recebeu R$ 11,5 milhões em verba pública, somente por meio de convênio com a Fundesporte.

Nos últimos três anos foram mais de R$ 3,2 milhões. O suposto destino do dinheiro seria custeio de arbitragem, hospedagem dos times visitantes, alimentação, entre outras despesas previstas apenas para a primeira divisão do Campeonato Estadual.

Para a edição de 2024, que durou três meses, foi repassado R$ 1,2 milhão, o maior valor depositado desde então. Eis a tabela de repasses: 

O ex-diretor-presidente da Fundesporte, Herculano Borges, responsável pelos últimos repasses, disse que soube da operação pela imprensa. Herculano deixou o cargo em abril para disputar as eleições municipais em outubro. Ele não quis comentar a operação.  

NOME DA OPERAÇÃO

O nome da operação, Cartão Vermelho, faz alusão ao instrumento utilizado pelos árbitros para expulsar os jogadores que cometem faltas graves durante as partidas de futebol – em referência metafórica ao crime cometido pela organização. 

ACUSAÇÃO

Preliminarmente o Gaeco acusa o grupo de organização criminosa, peculato e lavagem de dinheiro.