O deputado bolsonarista Gustavo Gayer (PL-GO), alvo de busca e apreensão durante a Operação Discalculia, é considerado pela Polícia Federal como o principal articulador de uma quadrilha formada com o objetivo de desviar verbas parlamentares.
Conforme divulgado pela CNN, o delegado Leonardo Américo Angelo Santos, responsável pelo caso, detalhou como funcionava o esquema.
“Como não poderia deixar de ser, tratando-se de cota parlamentar, a figura central da organização não podia ser outro senão o membro do legislativo, ou quem lhe faça as vezes. No caso concreto, identificou-se com nitidez que Gustavo Gayer era quem dava a última palavra (autoria intelectual)”, diz.
“A Polícia Federal conclui pela identificação de um agrupamento de pessoas, com estrutura ordenada e divisões de tarefas, inserta em ambiente político, voltado para redestinar verbas parlamentares, no caso sob a rubrica do deputado federal Gustavo Gayer, mediante expedientes fraudulentos, consistentes em falsificação de documentos, além do empenho de custos empresariais à conta pública”, completa o delegado.
Conforme já noticiado, Gayer é investigado pelos crimes de desvio de dinheiro público, falsificação de documentos e associação criminosa. Enquanto a Polícia Federal realizava buscas em sua casa, Gustavo Gayer gravou um vídeo criticando a ação e mencionando o ministro Alexandre de Moraes, que autorizou as buscas. Na gravação, o deputado disse:
"URGENTE! Alexandre de Moraes manda a polícia federal fazer busca e apreensão na minha casa hoje. [...] Eu falei para a PF que estava aqui.Não estou acreditando que essa corporação que a gente tanto admirou, que a gente tanto tentou proteger, hoje viraram jagunços de um ditador. Sinceramente, esse é o momento que a gente começa a perder a esperança mesmo”, diz na gravação
A operação
A Polícia Federal deflagrou nesta 6ª feira (25.out.24) a Operação Discalculia, que investiga um esquema de desvio de recursos públicos envolvendo a cota parlamentar e a criação fraudulenta de uma Organização de Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP). O deputado federal Gustavo Gayer e assessores estão entre os alvos da operação.
De acordo com a Polícia Federal, 60 agentes cumprem 19 mandados de busca e apreensão em Brasília e em cidades de Goiás, como Goiânia, Valparaíso, Aparecida de Goiânia e Cidade Ocidental. As investigações apontam que a fraude envolvia a destinação de verbas parlamentares para uma OSCIP criada com documentos falsificados, incluindo uma ata com data retroativa a 2003.
Na ocasião, o quadro social da entidade seria formado por crianças de 1 a 9 anos, o que chamou atenção dos investigadores e inspirou o nome da operação, em referência ao transtorno de aprendizagem relacionado a números, Discalculia. A operação investiga crimes de associação criminosa, falsidade ideológica, falsificação de documentos e peculato-desvio.