Stephanie de Jesus da Silva e Christian Campoçano Leitheim foram condenados na 5ª feira (5.dez.24) a penas que somam 52 anos de prisão em regime fechado pelo assassinato e abuso sexual de Sophia Ocampo, de apenas 2 anos e 7 meses. O crime, que ocorreu em janeiro de 2023, comoveu o país pela brutalidade e pela série de agressões que a menina sofreu antes de sua morte. Após dois dias de julgamento em Campo Grande, o caso teve seu desfecho com a sentença aplicada pela Justiça.
Stephanie, mãe da vítima, recebeu 20 anos de prisão pelos crimes de homicídio qualificado por motivo fútil, meio cruel, contra menor de 14 anos e homicídio doloso por omissão. Já Christian, padrasto da menina, foi condenado a 32 anos por homicídio triplamente qualificado e estupro de vulnerável.
Desfecho de um crime brutal
O julgamento trouxe à tona detalhes perturbadores sobre os últimos momentos da vida de Sophia. A promotoria apresentou fotos dos ferimentos no corpo da criança e mensagens trocadas entre os réus no dia do crime. Em depoimentos, testemunhas relataram episódios de violência frequente e torturas a que a menina foi submetida, quase sempre com o conhecimento e consentimento da mãe.
Os dois dias de julgamento incluíram a oitiva de testemunhas de acusação e defesa, além de investigadores e profissionais de saúde que atenderam o caso. Entre as evidências apresentadas, mensagens recuperadas pela polícia mostram o casal combinando justificativas para os machucados de Sophia, como “vamos dizer que caiu no parquinho”.
Sophia deu entrada já sem vida na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Bairro Coronel Antonino, no dia 26 de janeiro de 2023. A mãe inicialmente alegou que a menina havia passado mal, mas exames revelaram que a morte ocorreu horas antes e foi resultado de trauma raquimedular na coluna cervical e hemotórax bilateral. O laudo também indicou sinais de violência sexual e agressões antigas.
A investigação revelou que Sophia era frequentemente agredida por Christian e que Stephanie, em vez de protegê-la, contribuía para justificar os ferimentos. Em mensagens trocadas, o padrasto confessava os abusos e até descrevia um episódio em que mordeu a menina, dizendo: “Sabe que não controlo a mordida, ela é macia demais.” Em outro momento, ele relatou uma surra que deixou a criança com a boca sangrando e um galo na cabeça.
O julgamento foi marcado por momentos de forte comoção. O médico legista que realizou a necrópsia detalhou a gravidade das lesões, explicando que o trauma sofrido pela coluna cervical de Sophia causou a morte quase instantânea. “A violência foi tamanha que o pescoço da menina girou em 360 graus”, afirmou o especialista. Jean Ocampo, pai biológico de Sophia, esteve presente no tribunal e não conteve as lágrimas ao ouvir os relatos.