Ao longo de 5 anos um grupo de advogados, servidores públicos e vereadores, enriquecem às custas de pessoas vulneráveis socialmente — idosos, indígenas e PCDs — em Mato Grosso do Sul e outros 7 estados do Brasil.
Na meia década, os criminosos movimentaram R$ 190 milhões usando o nome de terceiros, afirmou nesta 4ª feira (5.jul.23), o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), ao deflagrar a Operação Arnaque.
Conforme a investigação do Gaeco e Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS), dois grupos de advogados eram responsáveis de persuadir idosos, deficientes e indígenas, para conseguir procurações de pleno (um documento pelo qual uma pessoa, chamada de procurador, é nomeada para representar outra em todos os atos jurídicos). Com a procuração em mãos, os criminosos faziam empréstimos falsos e ajuizavam múltiplas ações de indenização em nome dos clientes contra instituições financeiras.
Durante as investigações, foram encontradas mais de 70 mil demandas judiciais sob responsabilidade dos grupos criminosos em todo o país.
A força-tarefa do Gaeco identificou que a maioria das questões eram de empréstimos consignados forjados. Cerca de 10% dos casos terminavam com procedência, quando não são feitos acordos em massa com instituições financeiras.
Ao todo, 39 mandados de prisão foram cumpridos. Entre os alvos estão sete advogados, dois vereadores e outros dois servidores públicos. Além disso, 51 endereços foram listados para busca. Eis a íntegra.
ADVOGADOS E VEREADORA PRESA
Em Iguatemi (MS), foram presos por porte irregular de arma de fogo o advogado Thiago Cardoso Ramos, de 37 anos, a esposa dele Evelym Almeida Barbosa, de 32 anos, e Luana Venturini Militiz.
Thiago e esposa Evelym Almeida Barbosa, presos pelo Gaeco. Foto: Redes Thiago é irmão do também advogado Luiz Fernando Cardoso Ramos, investigado pelo Gaeco e na própria Ordem dos Advogados do Brasil em Mato Grosso do Sul (OAB/MS) pela prática da chamada "advocacia predatória"(configurada por ações de massa, em petições padronizadas, objetivando vantagens indevidas). O Cadastro Nacional dos Advogados (CNA) mostra que Thiago atua em ao menos 9 estados brasileiros. Eis a íntegra.
Luiz é sócio-fundador do escritório de advocacia Cardoso Ramos, apontado como o 'cabeça' do esquema criminoso. Ele também foi preso nesta 4ª feira, mas pela equipe do Gaeco no em Floriano, no Piauí.
Luiz Fernando Cardoso Ramos e o irmão, Thiago, são suspeito de enriquecer com a prática da chamada 'advocacia predatória'. Foto: Redes A OAB-MS se manifestou em nota sobre a prisão de Thiago. "A Comissão de Defesa e Assistência se fez presente acompanhando as diligências, informando ainda que adotará as medidas legais cabíveis, inclusive de natureza disciplinar, respeitando sempre o direito à ampla defesa e contraditório, bem assim as prerrogativas da advocacia", disse a seccional.
Em Paranhos (MS), uma das presas pelo Gaeco é a Presidente da Câmara Municipal de Paranhos, Elizabeth Brites Benites (PSDB), conhecida como professora Beth. A tucana tem ligação direta com o escritório de advocacia, comandado por Thiago.
A vereadora tucanca Elizabeth Brites (Professora Beth), foi um dos alvos do Gaeco na Operação 'Arnaque'. Foto: Alexsandra Peterson Outros municípios sul-mato-grosseses em que haviam alvos da "Arnarque": Naviraí, Tacuru, Sete Quedas, Eldorado, Anaurilândia e Chapadão do Sul.
Veja a lista de cidades onde os mandados foram cumpridos:
- Bahia – Barreiras;
- Goiás – Goiânia;
- Mato Grosso – Sinop;
- Minas Gerais – Iturama;
- Paraíba – João Pessoa;
- Paraná – Araucária, Cascavel, Campo Mourão, Guarapava, Peabiru, Engenheiro Beltrão e Icaraíma;
- Piauí – Floriano.
Arnaque (tradução livre do francês: golpe) faz alusão aos métodos fraudulentos usados pelas organizações criminosas para enganar as vítimas.











