REEMBOLSO
Bolsonaro gasta R$ 109 milhões e protege chefe da Secom que contrata a própria empresa
Chefe de Comunicação do Planalto estaria contratando empresa que ele e a mãe são donos
Empresa do próprio chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência. Fabio Wajngarten estaria sendo contratada para prestar serviços de marketing ao presidente da república Jair Bolsonaro.
De acordo com denúncia feita pelos repórteres Fábio Fabrini e Julio Wiziack, emissoras de TV e agências de publicidades estrariam sendo contratadas pela FW Comunicação e Marketing, empresa que faz controle das concorrências, estudos de mídia para TVs e agências, além de, anunciantes e peças publicitárias do planalto. Wajngarten é dono de 95% da empresa e sua mãe dos outros 5%, de acordo com os jornalistas.
Dentre seus clientes estão a Band (que pagou um total de R$ 109 mil em 2019) e Record, além das agências Artplan, Nova/SB e Propeg.
A Secretaria de Comunicação (Secom), que ele é chefe, é responsável pela verba publicitária do governo — R$ 197 milhões, gastos apenas em 2019.
As três agências tiveram contratos prorrogados, em 2019, e as parcelas dedicadas a veiculação de peças em Band e Record aumentaram durante sua gestão. A lei que lida com conflitos de interesse proíbe que agentes públicos tenham relações de negócios com empresas diretamente afetadas por suas decisões.
Wajngarten reagiu de imediato. “É realmente absurdo esse tipo de matéria”, respondeu. “Não estou aqui para fazer negócios. Se determinados grupos de comunicação ou institutos de pesquisa tinham em mim a tentativa de uma ponte de diálogo, essa ponte foi explodida hoje.” Em nota, a Secom sugeriu que a Folha não se conforma com o sucesso do governo Bolsonaro e desconhece a lei.
O único a defender Wajngarten publicamente foi seu chefe, o general Luiz Eduardo Ramos. “A matéria é mais uma dessas maldades que se faz contra homens públicos”, tuitou. A aliados, Ramos comentou ter se arrependido da defesa imediata. Já que o próprio Wanjngarten confirmou ontém ter negócios com Band e Record. Ele não quis falar sobre os valores dos contratos com as empresas de comunicação.
O número dois da Secom escolhido por Wajngarten, Samy Liberman, é irmão de Fabio Liberman, o administrador da FW.
Auxiliares do presidente Jair Bolsonaro tentaram no Conselho Geral da União ou no Tribunal de Contas da União pareceres que abonassem a conduta de Wajnarten. Que afirmassem estar tudo certo. Não conseguiram. Ainda assim, o Chefe de Comunicação de Bolsonaro continuou atacando os jornalistas, porém, nada mais do que sua opinião foi apresentada em sua defesa.
Bolsonaro, por sua vez, pôs o corpo fora, mas disse que não mandará o chefe de comunicação embora.
A reviravolta em um ano de poder é grande, já que quando assumiu Bolsonaro tuitou garantindo que enxugaria os gastos do governo na Secom.
Fonte: Folha de S. Paulo.