POLÊMICA
Artistas de Teatro recorrem ao Prefeito para alertar sobre editais Fomteatro e FMIC
Classe foi em comitiva à sede da Prefeitura para entregar ofício e solicitar reunião com Marquinhos Trad
Os artistas de Teatro de Campo Grande, representados por 42 grupos e coletivos e mais de 200 integrantes, foram em comitiva ao paço municipal, na última sexta-feira, dia 18, entregar ofício ao prefeito Marquinhos Trad e solicitar de audiência a fim de tratar de questões relevantes constatados pelo segmento artístico nos editais FEMIC/FOMTEATRO-2019.
A audiência foi confirmada e estava marcada para acontecer amanhã, quarta-feira (23), às 15h na Prefeitura Municipal de Campo Grande, no entanto nessa reunião Marquinhos Trad não estaria presente, solicitando que o encontro com a classe fosse na quinta-feira (24), mas Melissa poderia receber a classe na quarta-feira na Secretaria de Cultura e Turismo de Campo Grande (Sectur), porém os artistas salientam que a conversa precisa ser feita com o Prefeito.
Segundo os representantes, eles já haviam protocolado ofício para tentativa de diálogo com Melissa, por meio da Secretaria de Cultura e Turismo. “Mas não nos responderam, agora queremos falar com o prefeito”, explicou ao MS Notícia um dos integrantes.
O objetivo do encontro com Marquinhos, segundo a classe, é para solicitar ao prefeito atenção em como o edital vem sendo desenvolvido, o que segundo os artistas, causará abertura para fraudes e possíveis danos à população, bem como uso errôneo do recurso público destinado exclusivamente à categoria.
Questionada pela jornalista Elza Recaldes em entrevista no programa Cult, da TV Educativa de Mato Grosso do Sul, em 14 de outubro, a Secretária Municipal de Cultura e Turismo, Melissa Tamaciro, falou que não trata-se de exclusão das obras artísticas que ela chamou de "exclusivas", citando: 'Pantalhaços'. Melissa disse que trata-se de uma abertura do edital às comunidades, a exemplo da Tia Eva. No entanto, os reclamantes explicam que o edital aberto como está, acabará por serem contemplados até mesmo empresários de hotelaria.
As questões foram identificadas em reuniões do Colegiado – Movimento de Teatro, Assembleia do Fórum Municipal de Cultura e após reunião pública da Sectur – Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, no último dia 12, quando a secretária Melissa Tamaciro, apresentou os referidos editais aos artistas, produtores culturais e empreendedores do setor turístico da Capital.
SOLICITAÇÕES
Entre os pontos destacados, encontram-se o não reajuste dos valores dos editais desde 2014; a demanda reprimida de ofertas de projetos via editais que não foram pagos em 2014-2015-2016; o repasse de recursos dos editais 2017-2018 pago apenas no ano seguinte respectivamente, o mesmo proposto com relação a 2019 a ser pago somente em 2020 e que causa sobreposição de exercícios, descontrole no cumprimento dos projetos; o impedimento de apresentar projeto, quando a prestação de contas do anterior não tiver sido homologada, mesmo após ser entregue; a subjetividade dos critérios de avaliação que levanta dúvidas sobre a seleção e resultado final dos aprovados, entre outros.
LUTAS
A questão mais obscura para o setor artístico e cultural e a transversalidade com outros setores, especialmente o turístico, numa aparente intervenção nos objetivos fins, ou seja aplicados exclusivamente “culturais e artísticos” que motivaram a criação dos editais, fruto de luta dos vários segmentos artísticos, que exercitam natural transversalidade entre si. "Além de ser uma conquista da classe artística, os resultados foram vistos por toda a cidade, desde a 1ª edição, com a oferta de centenas de projetos artísticos e culturais necessários aos cidadãos, o que não pode ser perdido ou desfigurado. É um retorno ao imposto pago, inclusive pelos próprios artistas”, esclareceu artista, Jair Damasceno.
Ainda segundo os artistas, a proposta atual do edital não segue uma naturalidade de respeito a classe artística bem como não respeita o fundo, por atuar em uma “via de mão única”, isso é, o edital propõe abertura do fundo para fins turísticos, mas não há nenhum investimento que vem desse setor para a classe, desse modo há-se um uso do fundo artístico para fins comerciais.
Além disso, segundo os artistas, ficam dúvidas quanto à aplicação e possível desvio dos recursos, sem que tenha havido uma grande negociação, entre as quais, o entendimento correto do que sejam projetos puramente artísticos e programas que possam servir às características das demandas turísticas da Capital, o envolvimento da iniciativa privada, uma vez que o objetivo principal do turismo é o lucro financeiro.
Por outro lado, os artistas consideram todos os seus projetos como potenciais atrativos a serem divulgados pela prefeitura e segmentos interessados, sem permitir quaisquer interferências nos processos artísticos, estéticos e criativos, comuns aos vários segmentos e que têm como objetivo primeiro, oferecer bens culturais e artísticos à população campo-grandense.
"Quando nos artistas nos referimos aos editais do FOMTEATRO e FMIC, sabemos do que estamos falando pois não foram um presente deste ou daquele Prefeito bondoso, mas sim uma luta de classe, principalmente da classe teatral que na busca da qualidade e melhoria de seus trabalhos, objetivando também o acesso da sociedade a um bem tão valorizo que é a arte se uniu como sempre fez e faz e lutou por anos para a implementação do Fundo Municipal de Fomento ao Teatro no município de Campo Grande”, Explicou o artista campo-grandense Espedito Di Montebranco.
“Os editais foram criados e sempre debatidos em parceria artistas e poder público, de forma que fosse o mais democrático possível mas sobretudo que não se perdesse o objetivo maior, o teor artístico. Não se pode do dia para a noite mudar regras e conceitos sem que seja amplamente debatidos e aprovados”, ressaltou Espedito.
“Os editais nada mais são que frutos de impostos que devem ser revertidos a sociedade que os paga e não tão somente destinados a encantar turistas que passeiam em nossa capital”, reforçou.
Outra reivindicação antiga da classe, que é lembrada por Espedito, é em relação aos espaços culturais inexistentes para apresentação de espetáculos públicos na Capital. “Em uma cidade onde existem poucos espaços para recepção de espetáculos a sociedade tem que ser pensada em primeiro lugar e assim a busca de que nossos trabalhos possam ir em todos os lugares da mesma forma que possam vir até os espaços", finalizou.
O COLEGIADO
Movimento do Teatro de Campo Grande, espera chegar a um bom entendimento quanto às questões colocadas, através da negociação política junto ao prefeito Marquinhos Trad e Sectur.