“Mãos de ferro”
Mandato “ditador” de síndico incomoda moradores que pedem deposição imediata
“Se continuar assim, isso aqui vai virar uma favela”, diz o presidente do Conselho de Moradores, Paulo Cezar de Matos (48), do condomínio Lavanda no Conjunto Habitacional Nelson Trad, localizado no Bairro Jardim Carioca em Campo Grande.
Paulo Cezar reuniu-se com parte dos condôminos, na noite do último sábado (8), em assembleia para que houvesse uma votação para a retirada de cargo do então síndico, Paulo Cezar Carvalho (43), que segundo os moradores, além de superfaturar os gastos com o condomínio e desviar a verba arrecadada, com frequência ameaça e intimida os moradores.
“Aí ele se diz o ditador, porque se a gente está na porta de casa, ele passa tirando sarro da cara da gente e fala que isso aqui é dele”(...).
Relata Janaína Santos Fonseca (28), que é responsável pela moção e abaixo assinado por todos para que haja a retirada do síndico. “Ele ameaçou botar fogo no meu apartamento”, diz ainda o presidente do conselho de moradores, Paulo Cezar.
Os moradores que se dizem indignados e que sofrem com buracos no asfalto no interior do estacionamento e também com a falta de manutenção em geral, se reuniram sob a luz de lanterna, já que segundo eles, o síndico apagou as luzes do condomínio pelo fato de saber da reunião. “A gente vai fazer a assembleia aqui e ele desligou todas as luzes”, diz Janaína.
Segundo os moradores, que expuseram em público a prestação de conta do síndico, o condomínio lavanda gastou mais de R$ 96 mil (noventa e seis mil reais), sendo que R$40 mil (quarenta mil reais) foram gastos com despesas gerais, e mais de R$ 56 (cinquenta e seis mil reais) com funcionários, sendo que de acordo com os moradores esse é um gasto injustificável. “A gente não viu nada disso, porque segurança a gente nunca teve aqui”, afirma Janaína.
“O que a gente sofre aqui é retaliação, porque eu puxei aquele abaixo assinado pra pedir na Justiça a prestação de contas e o que o síndico fez foi rasgar o pneu do meu carro”, lamenta ainda a moradora.
Em quase dois anos de mandato nenhuma melhoria significativa foi feita no condomínio, de acordo com os moradores. “A não ser o corte de grama ele não faz mais nada”, explica com tristeza o morador Quintino Cezar (49), que há três anos mora no condomínio.
A segurança também é um ponto que preocupa os moradores. “Eu acordei de manhã e percebi que durante a madrugada alguém havia tentado roubar a minha moto, sendo que arrancaram o miolo da chave para tentar destravar e sair com ele empurrando. Aqui não tem segurança, entra e sai gente a hora que quer e não tem ninguém para vigiar”, relata Renílson Rodrigues (38), inconformado com a situação.
Procurado pela reportagem o síndico afirmou que a maior parte dos moradores do condomínio estão devendo, “A maioria dos que estão ali são não pagantes. São inadimplentes, onde a maioria tem uns cinco meses que não cumprem o pagamento”, afirma o síndico Paulo Cezar Carvalho (43), que durante parte da assembleia esteve sentado no espaço de confraternização do condomínio, que é cercado por grades. “O meu condomínio (enfatiza o síndico), no mínimo ele sobrevive através de cinquenta pessoas. São duzentos e quarenta e oito moradores aqui e só cinquenta pagam. A maioria dos que estão ali são executados judicialmente, tem duzentas pessoas executadas judicialmente”, ataca Carvalho.
O síndico, que chegou a ser abordado por um pai furioso - que preferiu não falar à reportagem- dizendo “Liga a droga dessa luz, Paulo. Minha filha acabou de se machucar nessa droga, por causa dessa falta de energia”, ainda relata: “Você tá vendo luz aqui? Não tem! Porque só cinquenta pessoas pagam, e a luz do condomínio é individual”, afirma o síndico quando questionado do porquê de outros apartamentos terem luz.
A assembleia de retirada do “ditador do condomínio” é esperança segundo os moradores de um futuro tranquilo e o que os motiva na busca por mudanças. “Nós estamos aqui para melhorar o nosso residencial. Trazer um futuro melhor para os nossos filhos, para os nossos adolescentes, aqui dentro. A gente vai colocar o nosso conjunto em ordem”, encerra o presidente do conselho, Paulo Cezar de Matos.