Ex-secretário, na época, responsável por "tapa-buraco" acumula patrimônio milionário
João Antonio de Marco é engenheiro eletricista, formado na Universidade Federal de Santa Catarina, é proprietário da Vertente Agropecuária e começou sua trajetória profissional em Mato Grosso do Sul como empresário do setor de construção civil, e, entre 2007 e 2012 foi secretário de obras na gestão do ex-prefeito Nelson Trad Filho (PTB).
O empresário, atualmente, “coleciona” propriedades rurais em Mato Grosso do Sul e diversos bens como imóveis na Capital. Entre os pertences de De Marco está fazenda Vertente, no município de Terenos – distante 27 quilômetros de Campo Grande – onde possui 800 cabeças de gado, conforme apurou MS Notícias, equivalente a aproximadamente R$ 2 milhões, considerando preço médio no Estado. A propriedade foi adquirida por De Marco e sua esposa Liliana Scaff de Egidio Vilani Comin, dono da Egelt Engenharia Ltda, empresa responsável pela obra do Aquário do Pantanal. O valor da compra, efetivada em 2010, foi de R$ 1.722.330 milhões.
Porém, De Marco começou a construir seu patrimônio, conforme informações obtidas pelo MS Notícias, após assumir cargo na Secretaria de Infraestrutura em 2007. Antes disso, João Antonio de Marco era sócio de Abimael Lossavero, na empresa Brahpan Distribuidora de Bebidas e na Juha Engenharia, que foi uma das doadoras de campanha de Nelsinho para da Prefeitura da Capital em 2004. Abimael é dono da Selco Engenharia, empresa flagrada executando serviço de “tapa-buraco fantasma”.
Outra empresa que pode estar ligada a João Antonio é a Gradual Engenharia, que é de Caio Trindade, afilhado do ex-secretário. Além da R. Coura Engenharia, da qual ele teria sido sócio antes de se tornar secretário na gestão de Nelsinho.
Assim que assumiu cargo de secretário, João Antonio de Marco se desligou das empresas em que era sócio. Porém, desde 2007, quanto assumiu secretaria de infraestrutura, ex-sócios de De Marco, como Abimael Lossavero, por exemplo, e pessoas ligadas a ele por parentesco, mesmo que indireto, como Caio Trindade, e Acir Magalhães, casado com Tuca Scaff, irmão de Liliana Scaff, esposa de De Marco, passaram a vencer diversas licitações e se tornaram principais prestadores dos serviços de “tapa-buraco”, cascalhamento (revestimento primário) e também iluminação pública. Selco Engenharia, JW Serviços e Engenharia que hoje se chama Diferencial Engenharia, de Acir Magalhães são empresas detentoras de contratos milionários com poder público desde gestão de Nelsinho Trad.
João Antonio de Marco também é investigado pelo MPF (Ministério Público Federal) por ter supostas irregularidades, como superfaturamento e desvio de recurso público, na contratação da Solurb, formada por consórcio entre Financial Construtora, de Antonio Fernando Garcia, e LD Construções, de Luciano Dolzan, cunhado de João Amorim, dono da Proteco.
Conforme MPF, João Antonio de Marco é investigado pelo envolvimento em supostas irregularidades no certame que garantiu à Solurb contrato de prestação de serviços de coleta de lixo por 25 anos, no valor global de R$ 52 milhões. Entre irregularidades apontadas pelo MPF está descumprimento de itens do edital e manipulação do edital para favorecer consórcio.
O ex-secretário também é alvo da Operação Lama Asfáltica, da Polícia Federal. No dia 9 de julho deste, a PF esteve na casa de João Antonio de Marco assim como na de João Amorim para cumprir mandatos de busca e apreensão de documentos. A operação investiga desvio de recurso público em contratos do governo estadual e da prefeitura da Capital para serviços de “tapa-buraco.”
O empresário também foi denunciado pelo MPC (Ministério Público de Contas) de Mato Grosso do Sul, que em julho deste ano, apresentou relatório com parece considerando irregular certame que concedeu à Solurb contrato de coleta e tratamento de lixo.
A equipe do MS Notícias esteve nas fazendas Triunfo e Vertente e também no escritório da Agropecuária Vertente em Campo Grande para conversar com João Antonio de Marco sobre como o ex-secretário conseguiu adquirir tamanha vastidão de bens em menos de dez anos, considerando, inclusive, que salário de secretário na época dele não chegava a R$ 10 mil, porém João Antonio de Marco não foi encontrado nem atendeu ligações.