A Câmara estremeceu e vereadores saem em autodefesa por medo de afastamento
Como esperado, o pedido de afastamento de 17 dos 29 vereadores da Câmara Municipal de Campo Grande, enviado na quarta-feira (23) e divulgado ontem (28) pelo Ministério Público Estadual abalou as bases da Casa de Leis. O MPE solicitou a suspensão temporária de mandato dos que votaram favoravelmente à cassação do prefeito Alcides Bernal (PP) em março de 2014, em função das suspeitas notadas durante a Operação Coffee Break.
O tom dos trabalhos foi a defesa de quem "se exime de culpa em prol do bem comum", como colocou o vereador Airton Saraiva (DEM) ao fazer uso da tribuna. Saraiva foi um dos opositores ferrenho durante a primeira fase da gestão Bernal. “ O Bernal esqueceu que os vereadores estão aqui porque foram escolhidos pelo povo. E agora Bernal é santo? A imprensa cobrou e fez o seu papel. Estamos com a consciência tranquila e tenho certeza que cumprimos nosso papel”, disparou.
Com mesmo discurso, o presidente da Casa, Flávio César (PT do B) emendou informando que até o momento a Câmara não havia sido notificada pela Justiça e, por isso, os trabalhos seguirão normalmente. Aproveitando, Flávio César reafirmou que as apurações feitas durante a CPI do Calote, que à época investigou denúncias de irregularidades administrativas da gestão de Alcides Bernal foram comprovadas, e por isso, segundo o presidente do legislativo municipal não há o que temer. “Fizemos muito bem nosso trabalho e cada um fez o seu papel’, disse.
Consequências
Engrossando coro com os pares da Casa, Carlão lembrou que, caso haja afastamento em demasia dos vereadores, a cidade irá sofrer “grandes consequências”. De acordo com o vereador, as acusações que levaram ao desencadeamento da Operação Coffee Break, que investiga possível envolvimento de vereadores em esquema de propina para derrubar o então prefeito Alcides Bernal, são “ infundadas”. “Meu voto foi claro, não foi nada às escondidas. Fizemos com evidências. As acusações são infundadas temos certeza de que fizemos o que tinha de ser feito”, afirma. Faltou ao vereador explicar porque, no momento da votação, disse que havia se decidido por outro entendimento, mas que votaria pela cassação, uma vez que "muitos aqui [os vereadores] roeram a corda", falando sobre um provável ulterior acordo.