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Acreditar que pessoas isentas irão compor a Comissão de Ética

A difícil missão de compor uma equipe para analisar a ética quando todos são suspeitos.

Decifrando a imagem da Câmara Muncipal de Vereadores de Campo Grande.

A Câmara Municipal de Campo Grande, por meio de Ato da Presidência, criou nesta terça-feira (8) a Comissão de Ética e Decoro Parlamentar, composta por cinco vereadores. Professor João Rocha (presidente), Chiquinho Telles (vice), Herculano Borges, Vanderlei Cabeludo e Ayrton Araújo do PT, terão a missão de analisar o processo completo encaminhado pelo Ministério Público Estadual de Mato Grosso do Sul (MPE), na investigação de oito vereadores na Operação Coffee Break, e avaliar a possível quebra de decoro desses parlamentares.

O anúncio foi feito pelo presidente em exercício, vereador Flávio César, durante a sessão ordinária dessa terça-feira (8). Ainda que não conste no Regimento Interno, a Comissão foi instituída com base em prerrogativa aberta em 2003, quando do caso de pedofilia envolvendo os vereadores Robson Martins e César Disney, que renunciaram na época.

A questão da isenção para julgar os vereadores investigados esbarra na fala proferida pelo vereador Carlão, um dos investigados: “Vereador Gosta de Vereador”.

Para a população que acompanha as investigações, ainda que se punam os envolvidos com “censuras”, e dificilmente passará disso, restará junto com a desconfiança de golpe que desde sempre acompanhou a votação da Comissão Processante, a fala do vereador Carlão, no dia crucial da cassação de Alcides Bernal, de que “havia um acordo, e o que vejo é que alguns companheiros ‘roeram a corda’.”

A Justiça segue seus ritos, julgam na estrila escrita da Lei. Uma parcela da população apenas observa atenta as desfaçatez de nossos vereadores, que ainda que investigados, grampeados e, para não incorrer em crime, diremos “supostos”.

Então estão nomeados para a investigação de “vereadores que gostam de vereadores”, como presidente da Comissão, o vereador professor João Rocha (PSDB), um dos mais aguerridos defensores do prefeito Olarte, que em várias ocasiões atuou como seu líder na Câmara, ainda que não assumisse o desgaste político que seria inerente a essa posição, preferindo deixar na “bacia das almas” o vereador Edil Albuquerque (PMDB) que se despede do Legislativo. Sempre é oportuno lembrar que o PSDB aparentemente fez parte do governo Bernal, até que “supostas” composições articulassem para sua derrubada.

Membros

Chiquinho Telles (PSD), vice presidente da Comissão é carregado de boas intenções e pouca experiência. Em seu primeiro mandato legislativo, e pela sua idoneidade merece e deve ter outros mandatos, mas ainda não consegue mover suas peças neste tabuleiro de xadrez. Tem moral para participar da Comissão, mas não tem experiência.

Os membros participantes, Herculano Borges que, segundo seu próprio site, em 2007 foi para Israel e ali Deus o orientou sobre a escolha do partido político e foi confirmado o PSC (Partido Social Cristão), mas depois, contrariando as determinações Divinas, transferiu-se para o Solidariedade, foi secretário de governos desde que não interferisse em nada será um dos membros, acompanhado de Ayrton de Araújo (PT), vereador imposto pelos votos petistas do atual deputado Cabo Almi – também ele ouvido como ‘testemunha’ pelo Gaeco depois de flagrado em gravações com o empresário João Amorim (Proteco) – e Vanderlei Cabeludo, ouvido como testemunha pelo MPE.

Esse são os vereadores que, sob a desconfiança da população, irão compor o “Conselho de Ética”, sob a égide de “Vereador Gosta de Vereador”.

Quem mais

E quem mais poderia compor o Conselho de Ética, que para bom entendimento seriam raposas julgando raposas pelo extermínio das galinhas.8 Quais vereadore, enfim.8

Dos considerados independentes, Eduardo Romero (PTdoB), que, presidindo a CPI qe analisa as conta de Olate, teria que se dizer ‘impedido’ – votou pela cassação; Carla Stephanini (PMDB), que aparentemente percebeu a impossibilidade de defender o inexplicável, mas com profundas ligações com o grupo que comandou Campo Grande por 20 anos e não pretende que o “novo” apresente propostas de governo mais assertivas; Betinho (PRB), suplente elevado a titular, sem consistência, variando de acordo com os ventos que a vontade popular indicam. Os demais, Luiza Ribeiro (PPS) e José Chadid (sem partido), defensores da democracia do poder do voto.

Restariam Cazuza (PP), que por obediência partidária defenderia o atual prefeito, Alex do PT, ex e provável líder de Bernal no legislativo, Thais Helena, contestada ex-secretária de Assistência Social de Bernal, e demais suplentes.

Esvaziamento

Que se faça Justiça, à Câmara Municipal de Campo Grande resta a desmoralização do descrédito. A população parece se apegar num apêndice da Justiça. Uma réstia a lhe dar esperança.

Ainda nesta terça-feira, descortinados os descalabros dos depósitos de merenda escolar vencidos e podres, os vereadores cúmplices da incompetência administrativa do suposto corrupto e lavador de dinheiro Olarte, aqueles vereadores que – nas palavras do alcaide deposto – o blindaram, vieram a público defender outra vez o indefensável, nas mais boquirrotas desculpas, como se, estúpidos fossem todos os eleitores.

E vamos esperar que na rota e desgastada vestimenta do legislativo, venha a se acreditar na Comissão de “Ética”, palavra e filosofia mal sabida por eles.

Pouco se lhes dá, afinal, ser ou não eleito para a próxima legislatura tem mais a ver com o amealhamento de votos, não importe quanto isso custe.