Vereadores da Capital numa pífia atuação de “Silêncio dos Inocentes”
Assustados, vereadores ‘que gostam de vereadores’, se calam no estilo silêncio dos inocentes.
Ainda que as investigações apontem que, realmente, houve conluio e compra de votos para a cassação do prefeito eleito Alcides Bernal (PP), orquestrado pelo empresário João Amorim, com coparticipação do vice que se tornou prefeito, Gilmar Olarte (PP por liminar) e de parte do legislativo municipal, os vereadores investigados pelo Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (GAECO), preferem silenciar amparados no “segredo de Justiça” sob o qual correm as investigações.
Edil Albuquerque (PMDB), que ocupou a liderança do ex-prefeito e tem larga experiência política tanto no legislativo quanto no executivo, não tem conseguido esconder os momentos de estresse pelos quais vem passando, desde defender o indefensável, ou seja, dar alguma lógica para a gestão do prefeito que dilapidou os cofres públicos sem executar trabalhos em contrapartida, até estar envolvido nas investigações que buscam comprovar os acordos que levaram à cassação de um prefeito eleito. Nervoso e arredio com a imprensa, que nunca foi sua característica, não se pronunciou atendendo, segundo ele, orientações dos promotores e de seus advogados.
O ex-secretário de Saúde, Jamal Salém (PR), que aparece nas gravações negociando 50% do comando da saúde na Capital, após a cassação de Bernal, em parceria com o vereador Paulo Siufi (PMDB), também investigado na Operação Coffee Break, disse estar de consciência tranquila e que está à disposição dos investigadores porque acredita no trabalho da Justiça, que é correto e legítimo. “Não acredito que haverá prisões, até porque não existem provas”, finalizou Jamal.
Outro que disse estar tranquilo com relação às investigações é o vereador Carlão (PSB), que enfatizou que “ninguém pode acusar ninguém”, no melhor estilo frasista que reforça seu bordão “Vereador gosta de Vereador”. Durante a votação da cassação de Bernal, o vereador declarou que, de última hora alterou seu voto, pois alguns vereadores “roeram a corda” e não cumpriram o que havia sido acordado em reunião realizada antes, naquele mesmo dia.
Como se estivessem com a mesma orientação, a frase “não acredito em prisões, porque nada está provado”, também fez parte da fala do vereador Chocolate (PP). “Minha relação com o prefeito Bernal é profissional. Estou colaborando com as investigações, não tenho nada a esconder e não tive problemas em entregar meu celular. Não acredito que haverá prisões porque não há provas”, disse Chocolate.
Sonhar, mas ir com menos sede ao pote
Em relação ao pedido via Tribunal Regional Eleitoral da suplente Jacqueline Hildebrand, que pretende a vaga que pertence ao vereador pepista, por quebra de decoro a partir de seu envolvimento nas investigações do Gaeco, Chocolate disse que entende ser legítima a vontade de Jacqueline, e isso ninguém pode tirar dela, mas não existem provas de inidoneidade em seu mandato. “Ela tem o direito de sonhar, mas deveria ir com menos sede ao pote, deve deixar as coisas acontecerem naturalmente, ainda nada há que comprove falta de decoro no meu mandato”, conclui o vereador.