Há uma certeza no PMDB, o partido gira em torno de André Puccinelli
Considerando que Nelsinho Trad “não esteve” dentro do PMDB e adotou uma postura contrária à ética partidária, o ex-governador reafirma que, purificado o partido se fortalece.
A questão que muitos não gostariam de ver respondidas pelo ex-governador André Puccinelli foi, por fim respondida: Com a ida do Nelsinho para o PTB, termina a divisão que prejudicou o PMDB e a legenda segue mais unido e forte? De forma direta, Puccinelli afirmou que “o PMDB nunca teve secção interna, teve discussão. Alguns que discordaram da maioria do partido, mas aqueles que estão obedientes e eticamente partidários se submetem à decisão da maioria”.
Poderia ser a resposta politicamente correta e definitiva, mas a provocação da reportagem do MS Notícias, que pretendia manter a linha de questionamento foi usada de maneira inteligente por André. Já na formulação da pergunta, “com a saída dos que não eram alinhados, que não se submetiam...”, o governador emendou em tom suficiente para que todos entendessem sua mensagem e posicionamento: “Você falou certo, com a saída dos que não eram”.
O que se viu durante a convenção do partido foi um André mais solto em suas falas e atitudes, acompanhado de convencionais com ou sem mandato eletivo, que gravitavam ao seu redor como que aguardado um movimento seu para definirem o PMDB que o ex-governador pretende para si.
Mas os rancores acumulados por várias eleições e o caráter autoritário de André deixaram marcas difíceis de serem transpostas. Escorado em suas próprias pesquisas, que nem sempre coincidem com aquelas que o partido possui, André determina candidatos, como ocorreu com o derrotado Edson Giroto em 2012, ou quando contrariado, esvazia a campanha do concorrente, como na campanha de Nelsinho Trad, ainda que jogue o partido no ostracismo executivo.
Nada mais do que uma excelente estratégia para manter o poder de seu grupo de correligionários. Mantém os partidos (PMDB, PSB, PTdoB e outros) dominando o poder legislativo e, dessa forma, impõe uma certa submissão do poder executivo.
A presença de André durante a votação da presidência da Câmara Municipal de Campo Grande garantiu a vitória tranquila de Mario Cesar (PMDB), com Flavio Cesar (PTdoB) vice e uma força tarefa que garantiu a maioria dos vereadores que se postaram em franca oposição ao governo municipal de Alcides Bernal (PP). Sem se submeter, foi cassado. O que não se contava é com a pouca habilidade de Gilmar Olarte (PP por liminar), que preferiu trocar a política (com seus acordos e coparticipações na gestão) pela chantagem. Agora, com Mario Cesar enfraquecido porque envolvido na operação Lama Asfáltica e com um prefeito renitente nas falhas, nas ameaças e com um discurso cheio de otimismo inconseqüente, o ex-governador assiste à queda de popularidade dos vereadores que acompanha o grau de rejeição de quase 90% do prefeito. Em pesquisas, nenhum é mencionado como nome forte para as eleições municipais de 2016, exceto Carla Stephanini que é apontada em enquete, que não tem caráter científico, como a mais promissora candidata. Credite-se isso ao fato de haver sido a primeira a declarar-se independente e desenvolver, a partir dai, um forte questionamento aos trabalhos do executivo.
O que restou ao PMDB, o seu mais forte candidato é o deputado Marquinhos Trad, que tem como segundo maior desejo – o primeiro é ser eleito Prefeito de Campo Grande – deixar o partido ao qual pertence.
No terreno da política estadual, Puccinelli tem visto o partido perder terreno nos outros 78 municípios, enquanto a Assembleia ainda mantém a força de pressão sobre o governador. Junior Mochi (PMDB), presidente da Assembleia Estadual, é a voz e a consciência de André, portanto um ator representando o autor no palco do legislativo.
Ainda assim, claramente o PMDB segue dividido. Até neste ponto Puccinelli mantém-se como o grande enxadrista. Isso não é, definitivamente, demonstração de sua fraqueza, ao contrário, é a clara indicação de que, se não houver composição sob o seu comando, o PMDB é apenas mais um dos partidos que seguem a reboque do poder.
Assentada a poeira da desunião, o grande capo estará de coração aberto para receber o beija-mão e irá permitir orientar cada um dos correligionários. Os nomes que aparecem na mídia e sob a tutela de quem detém o poder.