Sem saber o que é Educação, Olarte vai demitir 300 professores
O prefeito, que não cumpre com a lei de sua própria autoria, diz que professores desrespeitam população. A questão é saber se ele vai substituir professores por seus mais de 1.200 contratados.
O prefeito de Campo Grande, Gilmar Olarte (PP por liminar) resolveu cortar mais do que na própria carne para resolver os problemas mal explicados da falência das finanças públicas de Campo Grande; propõe cortar no cérebro. Para tanto, vai dispensar 300 professores convocados e fazer retornar para as salas de aula 60 profissionais que estavam em funções administrativas. Ainda que o secretário interino, e corpo estranho da educação, Wilson do Prado seja um técnico administrativo, a conta não fecha e 240 professores estarão fora das salas de aula em claro prejuízo aos alunos e à própria formação escolar.
Questionado sobre um posicionamento a respeito dos cortes, o vereador professor João Rocha (PSDB), um dos mais afinados com a base aliada de Olarte e presidente da Comissão Permanente de Educação da Câmara Municipal de Campo Grande, relatou que irá se encontrar com o prefeito na próxima segunda-feira (29) para tratar dessa questão, no entanto disse que deve haver uma explicação lógica para os cortes e que eles devem acontecer em função do ajuste das contas públicas. Qualquer outra posição a respeito do esfacelamento da educação, Rocha disse que terá uma resposta apenas após sua conversa com os secretários de governo.
Chiquinho Telles (PSD), que tem apresentado uma postura de aliado com liberdade de questionar o que, definitivamente não concorda, acredita que o fato se deu em função de o secretário interino de Educação ser um técnico, que enxerga apenas números. “Nesse aspecto em concordo com os que pedem que os secretários, especificamente de Saúde e Educação devem ser pessoas com profundo conhecimento dessas áreas. Temos que ter uma explicação e tenho certeza que os membros da Comissão Permanente de Educação irão tratar desse assunto com competência e trabalharão para que não haja prejuízo aos alunos”, disse.
Enquanto pensa em demitir professores, Olarte, que havia prometido demitir contratados, procedeu a uma troca de funções e hoje a prefeitura conta com mais de 1.200 funcionários nessa condição e, diferente do que fez divulgando os salários pagos aos professores da Rede Municipal sem especificar funções, especialidades, cargos e tempo de serviço, mantém sob sigilo os valores pagos a estes contratados. Denúncias recentes do MS Notícias mostram a troca de favores e gentilezas que mantém entre os contratados Patrícia Obesso de Pinho, esposa de Luiz Octávio de Pinho, gerente regional da Plaenge, e a ex-cunhada da conselheira do Tribunal Estadual de Contas de Mato Grosso do Sul (TCE-MS), Mariza Serrano, a pedido do vereador João Rocha, conforme gravações interceptadas entre o vereador e o secretário de Governo, Rodrigo Pimentel.
Modus Operandi: ataques
Em outra frente, o prefeito e seus secretários acionam a Justiça, a mesma que permite o descumprimento da Lei Municipal 5.411/14 elaborada pela Prefeitura de Campo Grande e aprovada por unanimidade na Câmara de Vereadores, para que considere abusiva a greve dos professores e imponha limite às manifestações.
Anteriormente, Olarte já havia entrado com ação pedindo a prisão do presidente do Sindicato Campo-Grandense dos Profissionais da Educação (ACP), Geraldo Gonçalves, com a intenção de colocar um fim na greve, o que não melhora e não contribui com as negociações. As ações pretendem obrigar os professores a retornarem às salas de aula para que os alunos não sejam prejudicados, mas faz exatamente o oposto quando tira 240 profissionais das salas de aula.
O Portal da Prefeitura de Campo Grande informa que os professores “têm promovido o bloqueio de ruas”, o que não se configura como verdade, pois em nenhum momento o trânsito foi interrompido pelos professores, que apenas se manifestaram por meio de apitos e carros de som e pediam que os motoristas acionassem as buzinas em apoio. O que podemos considerar pouco em termos de desrespeito a lei quando comparado com o não cumprimento de uma lei municipal por parte do prefeito.