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Puccinelli: Nelsinho afundou o PMDB. Nelsinho: André me traiu

André Puccinelli e Nelsinho Trad.

O ex-governador e figura maior do PMDB, André Puccinelli, tem dado mostras de que pretende reformular o partido para que ele retome o brilho e a força que já teve no Mato Grosso do Sul e, para tal, entende ser necessário aglutinar forças em uma única liderança, a sua. Em recente entrevista responsabilizou diretamente o ex-prefeito de Campo Grande e seu ex-secretário Extraordinário de Articulação, de Desenvolvimento Regional e dos Municípios, Nelsinho Trad, pela derrota do PMDB na disputa pelo governo do Estado nas eleições de 2014.

O PMDB tem sofrido seguidas derrotas a partir das eleições de 2012 quando perdeu, inclusive, o comando da Capital, quando Puccinelli impôs o nome de seu homem forte, o inexpressivo eleitoralmente Edson Giroto, deixando claro que o partido, dividido entre as forças ligadas ao clã Trad e ao ex-governador, não consegue se renovar e apresentar novas lideranças.

O isolamento a que foi relegada a candidatura Nelsinho Trad ao governo do Estado ficou evidente, entre outras, pelo esvaziamento de sua base, que não conseguiu reeditar a coligação de 17 partidos que haviam apoiado Giroto em 2012. O PMDB manteve ao seu lado apenas partidos nanicos de pouca expressão.

Não bastasse, o então presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul, Jerson Domingos (PMDB), declarou durante a convenção do PT que definiu o nome do senador Delcídio do Amaral como candidato a governador: “Assim que a candidatura do Nelsinho for assinada vou me licenciar para que eu possa apoiar ao Delcidio do Amaral”.

Ainda que Puccinelli tivesse criado em abril de 2013, a 18 meses das eleições, uma secretaria para permitir que Nelsinho difundisse seu nome por todo o Estado, durante a entrevista o ex-governador disse que Nelsinho andou pouco durante a campanha e que não chegou a visitar todos os municípios.

Em nota, Nelsinho Trad afirmou que esteve em 68 dos 79 municípios e, na grande maioria das vezes, acompanhado apenas e tão somente do meu companheiro Francisco Pierette, e que participou de milhares (sic) de reuniões, muitas das quais esteve presente o ex-governador, que sequer mencionou o nome do candidato.

Dize-me com quem andas

Francisco Carlos Pierete, que segundo a nota do ex-prefeito o acompanhou em diversas reuniões, consta da lista dos 96 políticos e ex-gestores públicos que tiveram as contas rejeitadas (fichas-sujas) pelo Tribunal de Contas da União (TCU), divulgada em junho de 2012 pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para que os Tribunais Regionais decidissem sobre a inelegibilidade caso resolvessem se candidatar.

Leia a nota de Nelson Trad Filho, na íntegra:

Não me surpreendi com a declaração do ex-governador André Puccinelli colocando toda a culpa em mim pela derrota do PMDB (nosso partido) na última eleição. Não sou de tentar encontrar culpados das derrotas no decorrer da minha vida. Pelo contrário, procuro sempre enxergar onde se cometeram os erros para que as lições da derrota possam se tornar armas para as futuras vitórias. Realmente não visitei todos os 79 municípios de MS, mas fui pessoalmente em 68 e, na grande maioria das vezes, acompanhado apenas e tão somente do meu companheiro Francisco Pierette. 

Participei de milhares de reuniões, e posso afirmar a todos vocês que, em dezenas delas, mesmo estando ao meu lado, o ex-governador André Puccinelli sequer mencionou o meu nome. O que faltou para mim foi ter a percepção de que estava totalmente abandonado, e que, aqueles que deveriam estar mais próximos e empenhados na vitória do partido PMDB, foram os primeiros a virarem as costas e a traírem. Traíram não só a mim, mas o PMDB. Mas quero aqui, ao fazer este desabafo, deixar uma mensagem a todos vocês: na vida é muito melhor ser traído, do que ser o traidor.