Racha do PMDB: Carla Stephanini pede que população reaja contra Olarte
Após manifestação dos professores e cansada das cobranças dos eleitores, Carla Stephanini ocupou a tribuna para desabafar e pedir à população que reaja e peça a saída de Olarte.
A vereadora Carla Stephanini, presidente municipal do PMDB e que, devido à pressão que sofrem os vereadores com a crescente rejeição do prefeito Gilmar Olarte (PP por liminar), se declarou “independente”, conclamou a população a protestar e por mais de uma vez pediu que gritem “Reaja Campo Grande, Nossa Capital Parou”.
Se dizendo cansada das cobranças de seus eleitores e da população em geral, que insistem em saber os motivos pelos quais a Câmara Municipal de Campo Grande ainda não abriu a Comissão Processante que poderá levar à cassação de Olarte, Carla se declarou cansada da incompetência da atual gestão.
“Chegou a hora de assumir nossa condição de forma coerente, e a coerência me levou à independência. Nós aprovamos suplementações, aprovamos o PAC da Mobilidade, assumimos uma série de ações para lhe permitir a governabilidade. Ele (Olarte) não honra a palavra. Sua equipe técnica avisou sobre a crise, mas ele assumiu a responsabilidade e gastou em demasia, contratou em demasia. Defender o prefeito é defender o indefensável. Assim como os professores presentes nessa Casa bradaram ‘Fora Olarte’, que peço à toda a população que faça o mesmo: Reaja Campo Grande, Nossa Capital Parou,”discursou Carla Stephanini entre apartes de apoio.
Os vereadores Eduardo Romero (PTdoB) e Luiza Ribeiro (PPS), cederam seus tempos à vereadora, em face da importância de seu “desabafo” e coerência de suas colocações. O vereador Edil Albuquerque, que discursaria, preferiu declinar de seu tempo e foi um dos que se ausentou da sessão, que terminou com apenas 13 vereadores, sem quórum para votação das matérias programadas.
Ficou evidente o “racha” do PMDB no apoio ou oposição ao prefeito. Edil Albuquerque permanece na liderança, que ninguém quer, do prefeito, Magali Picarelli e Loester Nunes continuam na base aliada, Vanderlei Cabeludo prefere não se posicionar e Paulo Siufi tem evitado permanecer no plenário. Com o forte posicionamento da presidente do diretório municipal de Campo Grande contra a atual gestão, a votação pela abertura, ou não, da Comissão Processante vai tornar pública a divisão do partido que já sofre ameaças de defecções.
Paulo Pedra (PDT) denunciou que nos bastidores, diversos políticos trabalham contra a instalação da Comissão Processante, pois “querem que Olarte fique sangrando até o final de seu mandato para aumentar as chances de suas próprias candidaturas”.
Salientando que mesmo com as várias ações dos vereadores aliados para que a administração andasse, Eduardo Romero disse que ele chegou ao limite e se declara independente. Lembrou que o governo não tem uma administração coerente, e que, por exemplo, na CPI das Contas Públicas que preside, os secretários convocados demonstram total desconhecimento administrativo de suas pastas. “Enviam projetos para ser votado sobre a proibição do uso de poços artesianos sem entender que é o Estado e não o Município que legisla sobre esse assunto. Então enviam o projeto de Lei e depois enviam outro cancelando o primeiro. Não existem ações, o Cnec retornou ao município para que o edifício fosse transformado em Ceinf, e até o momento está abandonado; A Unidade de Saúde da Santa Mônica está parada porque falta a contrapartida de 10% do município, soubemos que o 1% da Cultura, que é Lei e que não foi pago no ano anterior provocando manifestação dos artistas, está empenhado para este ano, sem que estejamos informados ‘empenhados com quem ou para onde vai’.”
Diante da manifestação dos professores que se tornaram comuns na Câmara e das constantes promessas não cumpridas pelo prefeito, que se nega a receber aos professores, numa atitude inédita na política de Campo Grande, como ressaltaram diversos vereadores; e com pesquisas internas que demonstram alta rejeição dos vereadores e manchas na imagem do legislativo, a votação da instalação da Comissão Processante caminha num fio de navalha. Na mesma situação está o PMDB que pode sofrer mais uma humilhante derrota se prosseguir divido entre posições tão díspares.