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Prefeitura deve R$ 1,5 mi ao Hospital de Câncer, que pode diminuir cirurgias por falta de recursos

Hospital do Câncer Alfredo Abrão - Wanderson Lara / MS Notícias.

Como se não bastasse a dívida com Santa Casa, a falta de merenda em escolas municipais e Ceinfs (Centro de Educação Infantil) e falta de equipamentos e de profissionais nas unidades de saúde de Campo Grande, a Prefeitura da Capital contraiu mais uma dívida cujo pagamento pode recair sobre população.

Conforme o diretor-presidente do Hospital de Câncer Alfredo Abrão, Carlos Alberto Coimbra, a Prefeitura deve hoje R$ 1,5 milhões ao hospital. Do total, R$ 800 mil são referentes à contratualização do município pelo atendido que o hospital oferece aos pacientes do SUS (Sistema Único de Saúde). Segundo Coimbra, o município deve repassar mensalmente R$ 200 mil, mas desde fevereiro deste ano, não efetuou nenhum pagamento.

O restante da dívida, R$ 700 mil são de gastos com serviços médicos como exames laboratoriais e anestesia. Coimbra explica que esses serviços são contratados pelo hospital junto a empresas terceirizadas como Servam (anestesia) e a Fipe (exames). "O Hospital até mês passado conseguiu efetuar o pagamento dos fornecedores em dia, porém usando dinheiro arrecadado em eventos como o Leilão Pela Vida, o que é prejudicial, pois esse recurso era para ser investido na modernização do Hospital, na compra novos equipamentos para melhorar o atendimento, mas caso a Prefeitura não pague pelo uma parte de dívida até dia 30 deste mês não teremos como manter a mesma quantidade de serviços contratados, o que pode gerar redução de procedimentos efetuados pelo hospital", explica Coimbra.

Hoje, por exemplo, o Hospital de Câncer realiza mensalmente 13 mil procedimentos médicos, dos quais 65%, aproximadamente 8.500, são de pacientes de Campo Grande. Segundo Coimbra, a direção do Hospital já recebeu notificações de fornecedores como Servam  de que se o pagamento não for regularizado até dia 30 deste mês, parte do serviço será suspensa. "Isso afeta diretamente as cirurgias, pois sem anestesista não se pode operar", diz Coimbra. Atualmente, são feitas, em média, no HC 200 cirurgias por mês.

Resposta do Município é a Crise

A resposta da Prefeitura ao Hospital de Câncer, segundo diretor presidente Carlos Alberto Coimbra, é a crise financeira do município. Coimbra explica que ontem ele se reuniu com o chefe de gabinete do Prefeito, Paulo Matos e com superintendente municipal de saúde, Virgílio Gonçalves de Souza Junior, e foi informado que hoje a Prefeitura irá pagar R$ 200 mil total da dívida e apresentar nos próximos dias um cronograma de pagamento do restante.

"Precisamos desse dinheiro e precisamos com urgência de um compromisso formal com datas do pagamento do restante do valor para que possamos negociar com fornecedores o pagamento pelos serviços e impedir que o atendimento aos pacientes seja prejudicado", diz Coimbra. 

A reportagem tentou entrar em contato com secretário de saúde Jamal Salém, mas até o fechamento desta matéria não obteve retorno.