Situação crítica: Câmara faz sessão comunitária e Olarte envia observador
Na escola que leva o nome do fundador de Campo Grande, a Câmara Municipal faz sessão comunitária onde tudo o que a população pedia era um governo decente para a cidade.
A sessão comunitária realizada pela Câmara Municipal de Campo Grande na escola que leva o nome do fundador da cidade, José Antônio Pereira, no Bairro Taveirópolis, estava esvaziada. Era apenas o retrato da descrença nos políticos. Como medida emergencial os alunos foram chamados a pegarem suas cadeiras e acompanharem os trabalhos dos vereadores.
Das reclamações feitas pelos oradores, o descaso com a cidade. Já não se reclama por problemas locais como buracos nas ruas, falta de iluminação, ausência da Guarda Municipal garantindo a segurança dos estudantes, professores, funcionários e do imóvel. A reclamação é o descumprimento das leis pelo atual prefeito sem partido, Gilmar Olarte. A cobrança é por uma posição clara dos vereadores em defesa de Campo Grande.
O que se pode filtrar de todas as falas é a impotência da população frente aos problemas que, se não foram causados por esta administração, tem sido aumentado por ela. Falta de Centros de Educação Infantil (Ceinfs), Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e Unidades Básicas de Saúde da Família (UBSFs) quando tantos edifícios para este fim estão com suas construções paradas; A Santa Casa em condição falimentar, sem contrato que lhe garanta a continuidade do trabalho pela saúde, enquanto as empresas de Tapa-buracos e Coleta de Lixo têm contratos milionários e garantidos por até 25 anos, e são pagas em dia, porque se assim não forem, conseguem celeridade na cassação do chefe do executivo por calote. Pequenas empresas, poderosos empresários, que ainda que poucos, têm muito mais atenção e respeito dos vereadores do que toda a população de quase 1 milhão de habitantes.
Aos vereadores restou concordar com a população, em especial com aqueles que pediram especial atenção com o reajuste dos professores. A bancada de oposição que desde muito vem lutando para que seja obedecido o que preconiza a Lei, deu total apoio às cobranças e à manifestação programada para o dia 19, quando haverá assembléia no Sindicato Campo-Grandense dos Profissionais da Educação Pública (ACP) e manifestação na Câmara Municipal. Alguns dos vereadores da base aliada do prefeito deram um tímido apoio às cobranças da população.
Demonstrando haver chegado ao limite da tolerância, o presidente da Casa, Mario Cesar (PMDB), mudou o discurso de “dar apoio ao prefeito e municiá-lo de sugestões”, para “o legislativo tem que trabalhar junto com a comunidade, com a população, e só assim conseguirá equacionar estas questões”. É o que há muito a população vem exigindo: que o legislativo municipal fala o que lhe compete: fiscalizar e cobrar, afinal na atual administração municipal, “nada do que é prometido tem sido cumprido”.
Caminhos Tortos
Sem perfil de líder, pouco interagindo com o legislativo, Olarte prefere caminhos tortos para saber o que acontece pela cidade. Recusa-se a dialogar com os vereadores, menospreza os reclamos da população, mas envia um conhecido assessor sabe-se lá de que, já que foi tocado da prefeitura, para averiguar a quantas anda o humor dos eleitores.
Pelo viés pouco responsável de tal assessor, não erra quem analisa que sua presença no evento tenha mais a ver com sanções a serem impostas aos que o prefeito considerar traidores de sua gestão, do que com a remota possibilidade de ouvir os reclamos e providenciar soluções.