Depois de "afronta" de Olarte, Secretário de Receita deve entregar o cargo
O Projeto de Lei do Prefeito Gilmar Olarte que prevê cortes de gratificações dos auditores fiscais de Campo Grande causou seu primeiro estrago e deve ser o estopim para que o secretário municipal de receita Ricardo Vieira Dias peça exoneração. O MS Notícias recebeu informações de que Ricardo deve conversar hoje com Olarte sobre o caso. A reportagem acaba de conversar com Ricardo que não confirmou abertamente o pedido, mas admitiu que está a caminho do gabinete para uma reunião com Olarte.
Ricardo assumiu Semre (Secretaria Municipal de Receita) logo no início da gestão de Gilmar Olarte e tem sido responsável pelo aumento da receita municipal mesmo diante de crises. O secretário, que é auditor fiscal do município, concursado, há 32 anos, conversou com MS Notícias na manhã de hoje e admitiu estranheza e descontentamento com o Prefeito que encaminhou o Projeto à Câmara na última quinta-feira sem consultá-lo. Ricardo disse ao MS Notícias, em entrevista, que sequer sabia se o Projeto havia sido entregue ao Legislativo, fato que confirmou confirmado pelo presidente da Casa de Leis, vereador Mario Cesar.
"Eu sinceramente, acho estranho sim, um projeto ter sido escrito e enviado à Câmara sem me consultarem, espero que o projeto não tenha sido encaminhando sem meu conhecimento, pois não se pode fazer isso uma vez que trata de cortes na pasta pela qual sou responsável. É o mesmo que enviar um projeto na área de saúde ou educação sem falar antes com os respectivos secretários", diz Ricardo.
Ricardo, no início da amanhã, já havia antecipado que podeira pedir exoneração do cargo. Segundo ele, que não recebe salário extra para ser secretário, há de fato possibilidade diante da dificuldade em seguir com trabalho, porém, o secretário foi cauteloso ao ser questionado sobre o assunto. "Olha no momento, não posso dizer que cogito sair, mas também não digo que não cogito. Tudo vai depender dos próximos acontecimentos", disse.
Ricardo explicou que desde início da manhã tenta conversar com secretário de administração Wilson do Prado e com Prefeito para saber detalhes do projeto, porém, foi informado que ambos estão em reuniões.
O secretário diz entender a situação atual de crise da Prefeitura, e compreende que se for necessário cortes de gratificações dos auditores, que isso deve ser feito, porém defende que é preciso um estudo de caso profundo, até porque hoje o município possui apenas 40 auditores, dos quais 29 trabalham externamente fiscalizando e restante atua administrativamente.
"Com esses 11 funcionários que atuam em funções administrativas, sem receber a mais por isso, o município já tem economia e a Semre acaba ficando com número insuficiente de fiscais na rua, em atividade. Só para se ter ideia, não há concurso para auditor em Campo Grande há 20 anos, e hoje existem cerca de seis auditores que já poderiam se aposentar este ano, mas que continuam trabalhando por causa das gratificações, e em 2016 mais 15 já estarão aptos a se aposentar, porém sem as gratificações, não sei se eles continuarão trabalhando. É preciso entender que os auditores recebem pela sua produção e eles geram receita pro município", diz Ricardo.