Achados do Gaeco reforçam CPI da Câmara para incriminar Olarte
Já com o segredo de Justiça amplamente questionado em todas as categorias de operadores do Direito, o processo instaurado com as investigações do Gaeco (Grupo de Apoio Especial de Combate ao Crime Organizado) constituem preciosa peça para robustecer a Comissão Parlamentar de Inquérito que a Câmara Municipal de Campo Grande acaba de instalar. A Comissão foi proposta com objetivos específicos que, num primeiro momento, não apontam ameaças diretas ao mandato do prefeito Glmar Olarte e, em tese, se desviam dessa questão.
O argumento para a Oposição apresentar o requerimento e ganhar as assinaturas necessárias foi o de apurar as razões que fizeram a Prefeitura afundar em uma crise financeira cada vez mais funda, a ponto de prejudicar o pagamento dos servidores e colocar os serviços essenciais num quadro de precariedade quase absoluta, com médicos entrando em paralisação, funcionários prontos para mais um movimento grevista, o atendimento em saúde absolutamente caótico e as condições urbanas de mobilidade e tráfego sofríveis.
Para os vereadores, o fundamental agora é saber se a falta de dinheiro decorre do reajuste salarial acumulado de 40,34% decretados pela administração anterior, do excesso de nomeações ou das baixas receitas obtidas com o IPTU, ICMS e ISS. Etas são as razões alegadas por Olarte para pedir paciência aos servidores e à população e justificar os revezes políticos que vem sofrendo, com a demissão de secretários – a de Educação, por exemplo, pediu as contas, e consta que mais dois estão tomando igual decisão – e a revoada de aliados que se dizem cansados de defender o indefensável.
Para que fosse aprovado, o pedido para instaurar a CPI contou logo ao ser apresentado com o apoio de quatro vereadores que eram da base de Olarte. No dia seguinte, outros colegas do bloco ou abandonaram o barco ou anunciaram que já não estão mais motivados no papel de governistas. Quem se lembra: no ano passado, 23 dos 29 vereadores deram eu voto para cassar o prefeito Alcides Bernal e entronizar Gilmar Olarte. Hoje, quem fizer as contas verá que o atual periga contar com menos apoios que o ex.
Diante deste cenário, os vereadores – sob a mira vigilante da sociedade e tendo um ano ou menos para pavimentar o caminho da reeleição – encontram na CPI uma oportunidade de ouro para se redimirem daquilo que a população e as autoridades policiais consideram um acúmulo de erros e deslizes. Foi após a cassação de Bernal que entraram em cena a Polícia e o Ministério Publico para, em operação impactante do Gaeco, levantar o véu que cobria os bastidores da trama que decapitou politicamente a cabeça do prefeito eleito e garantiu a investidura do vice.
As provas documentais já levantadas pelo Gaeco e anexadas ao processo submetido ao Judiciário são fartas na demonstração dos indícios e provas atestando a vergonhosa negociação que patrocinou a degola de um e a unção de outro. São peças que contém de quase tudo, conforme as declarações colhidas pela Polícia em depoimentos e escutas telefônicas: loteamento de cargos, propinas, agiotagem, abuso sexual de menores, tráfico de influência, entre outros vis “argumentos” empregados no processo de convencimento, orquestração e benefícios para que a tramóia atingisse seus bjetivos.
Se de fato os vereadores pretendem ir a fundo no esclarecimento político, gerencial e ético de tudo que envolve a atual administração e, com isso, visualizar saídas para o estado deplorável a que Campo Grande foi atirada, a CPI e as constatações comprovadas do Gaeco estão aí para fazer aquilo que a população espera de seus representantes.