Mario Cesar cobra Olarte, mas diz que a imagem da Câmara vai bem
Como se fosse um duelo de filme, a troca de tiros não deixa de ocorrer, mas ninguém pretende matar ou ser morto.
Em uma difícil relação onde a Câmara Municipal de Campo Grande cobra ações, sem que ainda tenha convidado o prefeito para explicar efetivamente tantos desmandos em sua administração. Soa sempre como apoio incondicional a postura da Câmara e dos vereadores da base aliada que discursam cobrando ações e explicação, mas votam com o prefeito em todas as ocasiões e o defendem com tanta determinação que, em mais de uma ocasião, quase partiram para a agressão física contra os poucos oposicionistas.
Tem razão um dos vereadores, que mesmo sendo aliado do prefeito, disse que se houvesse vontade política muitos dos problemas existentes teriam sido evitados. E menciona as CPIs que foram pedidas, requerimentos que não foram aprovados. Segundo essa fonte, o que se vê é o discurso indo em uma direção e a atitude em outra, oposta. “Se no início houvesse sido instalada uma CPI que fosse, hoje o caos administrativo não teria se instaurado”.
Em pronunciamento, Mario Cesar (PMDB) cobrou explicações do prefeito e dos seus secretários e informou que a Câmara irá convidá-lo a comparecer naquela Casa para que responda aos questionamentos dos vereadores.
Eduardo Romero (PTdo) disse estranhar o fato de Olarte anunciar diversas obras quando, por outro lado diz que não tem dinheiro para efetuar o pagamento do salário dos servidores. “Não há diálogo (com os vereadores) e as explicações, quando são dadas, sempre são desencontradas. Cada secretário diz uma coisa e o prefeito ainda diz outra”.
A falta de sintonia apontada por Romero é tanta, que Mario Cesar voltou a afirmar que a prefeitura não terá dinheiro para pagar todos os servidores no quinto dia útil (8-05) e deverá parcelar o salário. Ontem, o secretário municipal de Governo, Rodrigo Pimentel, havia garantido o pagamento integral do salário. Mario afirma que os servidores serão pagos com o que entrar em caixa até o dia 8, e que terá 23 dias de arrecadação até que vença o salário de maio, a ser pago em junho.
“Ainda que o município atravesse uma crise econômica, assim como o Estado e a União, as receitas da prefeitura não caíram”, disse o presidente da Câmara em seu discurso, e aconselhou o prefeito a reduzir secretarias, demitir contratados, ou ao menos parar com as nomeações que acontecem todos os dias. Deu como exemplo duas secretarias que poderiam ser fundidas, a da Receita e a de Finanças.
Imagem
Questionado sobre se a imagem da Câmara e dos vereadores estaria prejudicada em função do apoio incondicional que dão ao prefeito, Mario Cesar insistiu que não. “Pelo contrário, pelo volume de coisas que aconteceram... quando iniciamos em 2013, com a proposta de fazer uma Câmara ativa, que vai para as ruas, o combate a dengue, beber e dirigir não combina, ela vem mostrando sua maturidade, sabendo lidar com todos os problemas, sabendo o que cabe ao vereador fazer, estamos levando nas sessões comunitárias, para a sociedade, a questão da inoperância do executivo e mostrando que o legislativo está à frente, mesmo sendo cobrados não fugindo de nossas responsabilidades. Nas Câmaras Itinerantes, discutindo com as entidades discutindo os projetos de forma bilateral para que atenda o interesse coletivo. Em relação às CPIs, porque não queremos ser uma Câmara morna, as uma Câmara do ponto de vista daquilo que a sociedade quer que nós façamos”, disse.
Em relação à atitude a ser tomada pela Câmara, agora que greves dos médicos do município estão marcadas, a ameaça de paralisação da Santa Casa, a ameaça de greve dos administrativos, o atraso no pagamento do funcionalismo, Mario disse que as sugestões que foram dadas ao prefeito, que é quem tem a decisão de tomar o caminho A ou o caminho B. “Não está se vendo nenhum encaminhamento do ponto de vista pragmático a esta crise que está se instalando, e que vai se agravar. Quem tem que dar o norte, os direcionamentos, é o prefeito, então nós vamos convidá-lo a vir a esta Casa para poder dizer “vou fazer isto, ou vou fazer aquilo”, enfatizou.
O único momento que gerou desconforto no presidente da Casa, foi quando questionado se a Câmara se sentia responsável por ter dado o cargo à Gilmar Olarte. “Quem deu o cargo ao Olarte foi o Alcides Bernal. Foi dele a indicação do atual prefeito para vice na sua chapa, portanto Gilmar Olarte é responsabilidade de Alcides Bernal”.