Editorial
Nossa Nação Brasil, não acredita nesse país Brasil de vossas excelências
Já nas “Querelas do Brasil”, Aldir Blanc compunha triste que “O Brasil, não conhece o Brasil / O Brasil, nunca foi ao Brasil // O Brasil, não merece o Brasil / O Brasil, tá matando o Brasil // Do Brasil S.O.S. ao Brasil // Do Brasil S.O.S. ao Brasil...”
Quem acredita que outros, além dos dois já mencionados, serão citados como praticantes de abusos sexuais, ou coisa que o valha, depois que se abriu a porta do “nem todos saíam com as adolescentes para manter relações sexuais, muitos 'apenas mantinham conversas com as menores pelo Facebook' (…) ou eram fotografados enquanto conversavam em local público com as garotas.”?
Talvez os mesmos que acreditam que o processo contra Gilmar Olarte, com gravações telefônicas interceptadas com autorização da Justiça, vá adiante algum dia durante o mandato do prefeito blindado.
Ou, ainda, naqueles que confiam no esforço desenvolvido pela Câmara Municipal em dar governabilidade “pelo bem de Campo Grande”, e que cassou o prefeito eleito com mais de 270 mil votos em pouco mais de 5 meses de investigação e julgamento, mas não consegue aprovar sequer um requerimento para que o atual prefeito preste esclarecimentos sobre irregularidades cometidas de forma contumaz.
Para lembrar:
A Comissão Processante foi composta por Edil Albuquerque (PMDB), que logo após assumiu a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia, Turismo e Agronegócio (Sedesc), e hoje é líder do prefeito na Câmara; Flávio César (PTdoB) investigado e intimado pelo Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) e cujas conversas com o atual secretário Municipal de Governo, Rodrigo Pimentel (filho do desembargador Sideni Soncini Pimentel) estão transcritas no processo e correm pelas redes sociais; e Alceu Bueno, que conseguiu benesses e legalizou ou colocou panos quentes sobre sua empresa em terreno com irregularidades desde a mudança da gestão municipal.
O rito se estendeu por cinco meses depois da judicialização do processo. Após dez horas de julgamento, Alcides Bernal foi cassado pela Câmara Municipal de Campo Grande, condenado nas nove denúncias, em todas elas com 23 votos favoráveis à perda do mandato, por conta de irregularidades em contratos firmados com as empresas Salute, Mega Serv e Jagás.
A Sessão de Julgamento partiu de denúncia feita pelos empresários Luiz Pedro Guimarães e Raimundo Nonato, o mesmo que emplacou seu filho, Enéas Carvalho Netto no cargo de diretor-presidente da Agência Municipal de Habitação de Campo Grande (EMHA) na administração Gilmar Olarte.
Não se comprovou desvio substancial de dinheiro, apenas erros nos contratos, no entanto desde que Gilmar Olarte assumiu o comando da prefeitura da Capital, obras estão paradas; nenhum projeto foi tocado; o reajuste dos professores não foi cumprido; os artistas não foram pagos; corre-se o risco de não haver reajuste para os servidores; as equipes de Saúde tiveram seus horários reduzidos; 1.045 pessoas foram contratadas – para nada, porque nada está sendo feito por falta de caixa –; um hospital foi alugado, enquanto o aluguel era pago ele estava sendo reformado pela prefeitura, que assumiu o ônus, e entrou em funcionamento três meses depois; todos os vereadores conseguiram emplacar correlegionários nos diversos escalões; empresas foram flagradas tapando buracos inexistentes ou criando buracos para depois tapá-los; empresários deram carona ao prefeito e à primeira-dama até Brasília, e mesmo que não tivesse nada que fazer lá, ela voltou com passagens custeadas pelos cofres públicos; A Santa Casa não tem repasse de verbas, ainda que seja o “Hospital de Campo Grande”; faltam materiais de trabalho e remédios nas unidades de saúde; eventos são feitos para anunciar que alguma coisa um dia vai ser feita; outros eventos são para comemorar que alguma secretaria qualquer resolveu executar o trabalho et cetara-ssss. Mas nada disso foi suficiente para uma ação da Câmara Municipal de Campo Grande que, por função deveria fiscalizar os atos do Executivo. O motivo? Vamos deixar o passado no passado e trabalhar pelo bem de Campo Grande. Bem?
E agora, acreditar?
De acordo com Amilton Ferreira, advogado de Fabiano, há casos em que os vereadores eram abordados pelas adolescentes pela rede social Facebook enquanto outros solicitavam às meninas que os adicionassem. "Eles viam as fotos das meninas e pediam para ser adicionados e outros eram adicionados por elas", diz Amilton. O advogado, no entanto, não confirma que esses parlamentares se encontraram pessoalmente com as garotas.
O esquema, segundo informações reveladas pela investigação, tinha como objetivo contatar clientes em potencial para fazer com que eles trocassem mensagens com as garotas para depois obter algum benefício em troca. Os contatos eram feitos através da rede social Facebook e também do aplicativo WhatsApp.
Entre os vereadores e os empresários envolvidos, quem a não ser as pequenas p. pobres serão culpabilizadas? O processo, muito provavelmente correrá em segredo de Justiça.
O Brasil nosso, essa Nação construída com o suor do trabalho, quando trabalho há, já não acredita nesse Brasil, país que aos senhores pertence. Pelo exposto e pelo tanto mais que deixou de ser exposto, talvez até porque vergonhoso, motivos não faltam. Não é excelências?