Azambuja neutraliza debate prematuro e protege governo de interferência político-eleitoral
Com menos de três meses de mandato e a um ano e meio do início da campanha eleitoral, o governador Reinaldo Azambuja (PSDB) vê premiado o esforço de blindar o governo contra as naturais influências de um processo político cada vez mais vinculada à disputa municipal de 2016. Ainda assim, e reconhecendo que não poderá prolongar sua equidistância do processo até às convenções, Azambuja vem administrando as duas conjunturas com serenidade e redobrada atenção, na expectativa de chegar ao final deste exercício tendo sua gestão, prioridade máxima, descontaminada da interferência política.
Para levar adiante essa delicada tarefa, que envolve relações entre poderes e os interesses nem sempre harmônicos das forças aliadas, o governador tucano tomou uma atitude corajosa logo ao tomar posse, quando nomeou para seu gabinete político pessoas de perfil pouco associado à tradição que marca os profissionais da Casa Civil e da Secretaria de Governo. Além da confiança pessoal do governador, Sérgio de Paula e Eduardo Riedel têm uma estrada política que se diferencia das habituais, por não terem sido construídas na esteira formal da nomenclatura funcional e do poder compulsório que tais encargos conferem a seus ocupantes na hierarquia governamental.
Foi, literalmente, na estrada percorrida desde o mandato de deputado federal e, especialmente, na pré-campanha e campanha majoritária de 2014, que Azambuja pôde conhecer e avaliar os comportamentos dos integrantes de seu exército e, nesse caso, do oficialato responsável pelas questões táticas e estratégicas mais complexas.
Sérgio de Paula foi seu chefe de gabinete na Câmara e um dos coordenadores da campanha; Eduardo Riedel, amigo e parceiro de mobilizações em defesa do sistema produtivo - ambos calejados no trato de tensões e na busca das distensões, por sua identificação com o projeto de Azambuja e pelos resultados obtidos nas tarefas a eles confiadas, fizeram jus à escolha para responder pela ante-sala mais nervosa e politicamente impactante da Governadoria.
Quando evitou recorrer a um PHD em Casa Civil, Azambuja tinha consciência e dimensão do que o esperava depois de desalojar o PMDB do poder e ao mesmo tempo derrotar o PT, arrancando de ambos o favoritismo que até o primeiro turno era negado ao PSDB. Finda a disputa, o governador procurou ajustar a pontaria e reiterar, entre as prioridades, a determinação de não elencar na sua agenda de 2015 nenhuma forma de envolvimento que insinue ou materialize interesse eleitoral.
Não ao acaso, Azambuja desautoriza aos correligionários qualquer mobilização antecipada com vistas às eleições municipais do próximo ano. Essa decisão já está claramente assentada em Campo Grande, desde que o governador esfriou a pressa de quem vinha procurando forçar conjunturas superficiais para dar visibilidade a candidaturas fora de hora.
O caso que exemplifica a preocupação de Azambuja é o de sua vice-governadora, Rose Modesto. Ele não deixa de reconhecer que ela, por vias naturais, vem a ser um dos principais nomes do PSDB. No entanto, insiste em vedar a porta desse debate, preservando não só o governo, mas a própria Rose, o PSDB e as forças aliadas.
Há demandas mais importantes na tarefa de executar um primeiro ano de governo. A base de sustentação na Assembleia Legislativa ainda não está de todo compactada. Falta clareza em alguns pontos obscuros na herança recebida da gestão anterior. As relações com o Planalto precisam ser fortalecidas e alimentadas, até porque o Estado depende da liberação de recursos orçamentários de emendas parlamentares de 2014.
É para essa relação de objetivos e soluções que o governador direciona, com mãos de ferro, a postura e as intervenções de seu governo. As vitórias obtidas até agora, algumas a fórceps, devem indicar a ele que está no caminho certo. Basta ver, por exemplo, um dos termômetros políticos no Parque dos Poderes: mesmo em dias de tensão e polêmicas desgastantes, o governador saboreia a repercussão positiva de parlamentares e diferentes interlocutores – inclusive da Oposição - que se agradaram com o tratamento recebido na Casa Civil e na Secretaria de Governo.