Resenha Política/MS
Semana conturbada na política de MS, com reivindicações e insegurança
A última semana foi bastante corrida dentro da Assembleia Legislativa. Se não bastasse as reivindicações de deputados que usaram a tribuna para expor assuntos de interesse da população, como foi o caso do deputado Cabo Almi (PT), que mais uma vez fez referência ao baixo salário da classe dos policiais, sugerindo que os servidores recebam horas extras para ajudar a complementar os baixos salários da categoria, a questão que mais repercutiu foi em relação a formação do blocão entre os pequeninos da Casa de Leis, que agora tem a possibilidade de indicar nomes para cada uma das 15 Comissões Permanentes.
O bloco dos pequenos, que integram os partidos PDT, PR, PT do B, PSB, PEN e DEM, é formado por dez parlamentares, que conseguem indicar dois nomes. Esse bloco gerou uma frustração ao PMDB, do ex-governador André Puccinelli e partido do presidente da Casa, Junior Mochi, que antes também indicava dois nomes, e após, indica somente um, tendo uma menor participação nas comissões.
Além de entristecer os peemedebistas, a novidade gerou inquietação aos tucanos do governador Reinaldo Azambuja, que tinham como certo, com a formação do blocão, que os projetos passariam com mais facilidade, já que esses pequeninos declararam apoio à sigla, tendo então em um primeiro momento um bloco maciço.
O mar de rosas pode-se transformar em um bastante agitado, já que os partidos começaram a colocar as asas de fora, após garantir a vagas. Aqueles ligados a Puccinelli começam a se declarar independente do atual governo, como é o caso do PSB do deputado Barbosinha. Resta saber agora, se os demais, como o PT do B, a “cria” de Puccinelli também declara independência, assim como o PR, que apoiou o candidato ao governo Delcídio do Amaral no ano passado.
Como se não bastasse essa inquietação, Azambuja se deparou com outra questão que pode vir prejudicar os tucanos, o projeto de emenda constitucional, apresentado por Marquinhos Trad (PMDB), que acaba com o apadrinhamento político, referente a nomeação de conselheiros para o Tribunal de Contas do Estado. Se aprovada, a manobra política do tucano em indicar Flávio Kayatt ao TCE, que terá plenos poderes de analisar as contas do Estado e não encontrar irregularidades, não irá vingar. A proposta do peemedebista é que os conselheiros sejam técnicos da área e que não possuam mandatos políticos nem filiação partidária.
Reuniões Indigestas
Referente a semana do governador, dos três dias em que teve agenda pública marcada, dois deles foi para receber funcionários públicos que estão indignados com as condições de trabalho. Na quinta-feira, o tucano recebeu em sua sala, representantes do Fórum Sindical dos Servidores Públicos do Estado, para pautas como reajuste salarial e o pagamento de empréstimo consignado que está atrasado. O governador disse que antes do reajuste salarial, o atual governo irá expor aos servidores a situação financeira do Estado, para então tentar um acordo com as categorias, definindo o possível reajuste.
De acordo com Azambuja, ele assumiu o governo com déficit no caixa e por esse motivo está sendo feita uma auditoria das contas do governo anterior, o que gerou certo desconforto a Puccinelli, que afirma, segundo Azambuja, após uma reunião entre os dois, que os empenhos liquidados e anulados durante a sua administração são legais, ao contrário do que pensam os tucanos. Essa auditoria pode revelar certos furos de caixa, podendo complicar a vida do ex-governador.
Na sexta-feira foi a vez dos agentes penitenciários reunirem-se com o governador e fazer suas reivindicações. Isso porque, além do déficit de servidores da classe, não há condições nem segurança para realizar os trabalhos. Na última semana um agente penitenciário foi morto no momento em que presos do regime aberto deixavam o estabelecimento penal. Azambuja garantiu que será realizado concurso com objetivo resolver o déficit no sistema prisional.
Infelizmente, Mato Grosso do Sul passa por vergonha nacional, sendo o Estado com a segunda maior população carcerária do Brasil, com aproximadamente 13.500 presos, possui apenas 1.473 agentes penitenciários, sendo que 472 são destinados ao administrativo, havendo o déficit de dois mil agentes.
Além disso, o salário desses servidores, assim como em outras categorias, não é nada digno, se analisar o risco de vida a que estão expostos para proteger a população. No último concurso o edital previa o salário inicial de R$ 1.771,25. Espera-se que o atual governo se sensibilize e valorize esses servidores com o aumento desse baixo e vergonhoso salário.