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Artista representa Dourados em mostra nacional de artes Visuais

Detalhes da instalação "Do fruto, Flor" (2012) - fotografia Sula Cavalheiro

A artista douradense radicada em Campo Grande, Tetê Irie, participa da exposição Museu Itinerante. Em seu sexto ano de circulação pelo Brasil, o Museu viajará por 10 cidades brasileiras com a exposição “Arte/Água: essenciais para a vida”. Aberta hoje ao público, a mostra segue em Dourados até o dia 02 de maio, no foyer do Teatro Municipal da cidade.

A exposição reflete o fascínio da humanidade pela água, e as interpretações dos artistas, que revelam a relação do homem com a natureza; e reúne trabalhos de José Leonilson, Edward Hopper, Edgar Degas; e reproduções de obras de artistas consagrados, como Claude Monet, Vincent Van Gogh e Di Cavalcanti.

Irie representa sua cidade natal com o registro da instalação “Do Fruto, Flor”, selecionada por Vera Barros. As criações de Tetê "são cheias de símbolos e próximas do que seriam sonhos. As obras de arte produzem efeitos estéticos que conectam os espectadores tanto a experiências sensoriais quanto filosóficas. Não são obras para contemplar, mas para vivenciar com a imaginação.”, analisa Barros, curadora da mostra e responsável pela implementação do Departamento Educativo do Museu de Arte Moderna de São Paulo, o Educativo (MAM).

[caption id="attachment_20978" align="alignleft" width="300"] Detalhes da instalação "Do fruto, Flor" (2012) - fotografia Sula Cavalheiro[/caption]

A água é recorrente na obra de Irie. Presente fisicamente nas instalações ou representadas pela aquarela das pinturas, o elemento aponta para a profusão de recursos hídricos no MS, em especial o Aqüífero Guarani – 2° maior lençol freático do mundo, presente, majoritariamente, nos subsolos sul-mato-grossenses . Além disso, fazem Reflete a essência, a espiritualidade e a relação do homem com o meio ambiente.

Para Irie, o elemento é sagrado. “A infinidade de cores que vemos no céu, é puramente luz refratada pela água”, relata a artista habituada a contemplar o ocaso. Tendo crescido à beira do rio Apa e vivido nas imediações do rio Formoso, os banhos de imersão são, para ela, divinos: “É quando me sinto em plena conexão com o Todo”, descreve.

Nativa Douradense, de ascendência japonesa e italiana, Tetê Irie (30) graduou-se em Artes Visuais pela UFMS em Campo Grande – MS. Na capital, iniciou seu trabalho artístico e desenvolveu obras em híbridas linguagens (instalação, performance, cenografia, pintura). Mudou-se para Bonito, onde coordenou oficinas de artesanato em papel reciclado e cerâmica.

Tendo assim os “pés vermelhos”, a artista desenvolve sua plástica inspirando-se nos aspectos da cultura regional: a relação com a fauna e a flora, a influência indígena; a fusão cultural. De volta à capital em 2011, Tetê passou a refletir sobre as questões da vida urbana. Desse modo, suas obras vêm adquirindo grande influência dos aspectos da pós-modernidade: o lixo industrial, os dejetos oriundos da agropecuária.

Seu trabalho pode ser dividido em 2 eixos poéticos: crítico e onírico. No primeiro, as instalações da artista estabelecem um diálogo com o espaço, abrigando e questionando o público. A paleta predominantemente terrosa revela o tom sóbrio e engajado das obras. Sob certo tom de denúncia, a artista retrata a exploração histórica dos recursos naturais, comuns ainda nas sociedades contemporâneas.

Já no segundo caso, as obras são lúdicas, fluidas, harmônicas: Irie faz uso da plástica como meio de inventar universos ideais, onde a simbiose entre o homem e a natureza é presente e real. Com elementos recolhidos em andanças pela mata (sementes, flores, folhas) e objets trouvés (papéis de bala, canudos), a artista salienta a relevância da sustentabilidade. O matiz violeta, recorrente neste viés, representa o equilíbrio, a espiritualidade, o sonho.

Presente fisicamente nas instalações ou representadas pela aquarela das pinturas, a água é o elemento nobre em ambos os casos. Como a iconografia ou artefatos indígenas ela remete à origem, o elo entre céu e a terra, a natureza e o homem. Sob uma estética nostálgica, a artista retrata ainda sua busca pelo autoconhecimento e, conseqüentemente, a reverência aos antepassados. Valendo-se do signo da casa, representa a relação existente entre o ambiente e a vida interna do ser humano: a essência espiritual, das chaves do inconsciente às portas da percepção.

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