RESILIÊNCIA DEMOCRÁTICA
Mato Grosso do Sul dá o seu categórico 'não' à ditadura
Em ato no Sinttel, dezenas de representações sindicais e lideranças políticas e sociais repudiaram tentativa de golpe.
A fracassada tentativa de um golpe militar para impedir a posse de Lula, incluindo o assassinato do presidente eleito, do vice Geraldo Alckmin e do ministro Alexandre de Moraes, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), foi lembrada em Campo Grande com vigorosas manifestações em favor da democracia.
Na quarta-feira passada (08 de janeiro), quando a malograda ação golpista fez dois anos, o Sinttel (Sindicato dos Trabalhadores em Telecomunicações de Mato Grosso do Sul) reuniu em sua sede mais de 30 representações da sociedade. Sindicatos, diversas organizações sociais, profissionais liberais, estudantes, intelectuais, movimentos afirmativos (negro, LGBTQIA+, mulheres) e lideranças políticas disseram “não” ao golpismo.
NA HISTÓRIA
O advogado e ex-deputado federal Fábio Trad fez um dos pronunciamentos mais contundentes em defesa do estado democrático de direito. Ele atacou a manobra urdida por militares graduados, assinalando que contavam com a cobertura do então presidente Jair Bolsonaro. Fábio Trad salientou que sua convicção era de princípios pessoais e tinha a contribuidora inspiração no exemplo de seu pai, Nelson Trad, ex-deputado e ex-vice-prefeito de Campo Grande.
Num dos episódios que marcaram na história a resistência democrática ao golpe de 1964, Nelson Trad era vice-prefeito e, em vez de acovardar-se diante da truculência golpista, colocou-se a favor da legalidade democrática e contra a ditadura. Teve seu mandato cassado e perdeu por 10 anos os direitos políticos. Ex-presidente da seccional da Ordem dos Advogados (OAB-MS), Fábio Trad não se filiou ao PT, mas é apoiador do presidente Lula e democrata de primeira hora.
NÃO COCHILAR
Os vereadores petistas eleitos na Capital – Luiza Ribeiro, Jean Ferreira e Landmark Rios – também discursaram e foram enfáticos ao conclamar a sociedade para não cochilar diante das forças de extrema-direita. Para o trio, o fracasso de 08 de janeiro não fez Jair Bolsonaro e seus seguidores desistirem da ruptura da ordem democrática.
“É preciso que mobilizações como a deste nosso ato continuem, que esta consciência se reproduza. Só os democratas de verdade podem blindar a democracia”, disse Luiza Ribeiro. Por sua vez, Landmark Rios destacou a capacidade das forças progressistas para barrar o golpismo. “Nós jamais ficaremos de braços cruzados enquanto estivermos sob ameaça de golpe, vamos resistir e vencer”, proclamou. Jean Ferreira completou: “Temos a verdade e a justiça conosco, somos a democracia e a liberdade”.
A advogada Gieselle Marques lembrou outros democratas que fizeram história em Mato Grosso do Sul, citando os advogados Ricardo Brandão e Berto Curvo. Os poetas Edson Moraes e Silvana Tude declamaram poemas de exaltação à liberdade, enquanto o advogado Lairson Palermo, que foi o coordenador regional da Comissão da Verdade, destacou o levantamento que apurou e denunciou a tortura e outros crimes praticados pela repressão militar no Estado.
O presidente do PT, Agamenon do Prado, alertou sobre a necessidade de não baixar a guarda, "porque o golpismo é um sentimento entranhado em setores organizados e influentes da sociedade, entre os quais os direitistas do agro e das Forças Armadas".