CRIME ORGANIZADO
Facção recorria ao 'tribunal do crime' para executar rivais em MS
Príncipe da Facção foi preso em operação do Dracco
O Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado (Dracco) da Polícia Civil cumpriu nesta terça-feira (26) um mandado de prisão preventiva contra um homem de 23 anos, conhecido pelos apelidos “.30 PCC”, “Bruxo PCC” e “Príncipe da Facção”.
Ele é apontado como integrante do Primeiro Comando da Capital (PCC) e acusado de envolvimento em dois homicídios bárbaros ocorridos em Três Lagoas, que seguiram o modus operandi dos chamados “tribunais do crime”.
No primeiro caso, ocorrido em setembro de 2022, a vítima, um homem de 32 anos acusado de abuso sexual contra a própria filha, foi sequestrada, torturada e executada. Após um "interrogatório" conduzido por cerca de 30 membros da facção em uma videoconferência, foi decidido que ele seria morto.
Ele foi asfixiado com uma corda, teve o corpo carbonizado e abandonado. A polícia encontrou o cadáver dias depois, com sinais claros de violência e amarrado.
O segundo homicídio, também registrado em setembro de 2022, envolveu um homem de 31 anos acusado de agredir sua ex-companheira. Após ser sequestrado ao deixar o imóvel que dividia com a mulher, ele foi mantido em cárcere privado, torturado, "julgado" pela facção e condenado à morte.
O corpo foi encontrado carbonizado, envolto em uma manta queimada, com ferimentos no pescoço provocados por uma tesoura.
Investigação e prisões
Os dois homicídios seguiram um padrão de extrema violência, com tortura, desmembramento e ocultação dos corpos, além de um "tribunal" liderado por integrantes da facção, que determinavam as execuções após julgamentos sumários.
O preso, que teve participação ativa nos crimes, fazia parte de um grupo de extermínio da facção, composto por pelo menos 10 pessoas, incluindo três mulheres. O acusado e os demais envolvidos responderão por homicídio qualificado, ocultação de cadáver e participação em organização criminosa, com agravantes devido ao uso de armas de fogo.
As prisões ocorreram no âmbito da Operação Renorcrim, uma iniciativa nacional coordenada pelo Ministério da Justiça, através da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp). A operação tem como foco o combate às organizações criminosas em todo o país, com o Dracco sendo a unidade responsável pelas ações no Mato Grosso do Sul.