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ELEIÇÕES 2024

Com maioria feminina, eleitores vão às urnas em decisão histórica

Disputa entre Adriane e Rose mexe com os nervos de todas as forças políticas de Mato Grosso do Sul

Rose Modesto e Adriane Lopes estão a 24h do duelo final nas eleições 2024. Fotos: Reproduções

De 2.032.593 pessoas aptas a votar em Mato Grosso do Sul, as mulheres são 1.065.550 (o equivalente a 52,43% do eleitorado) e os homens 967.043 (ou 47,57% do total).

A maioria feminina é confirmada em Campo Grande, o município mais populoso: de seus 646.216 eleitores, 349.241 são mulheres e 296.975 homens.

Neste domingo, 27, a representatividade majoritária do eleitorado será sacramentada nas urnas que decidirão a corrida sucessória.

A disputa do segundo turno coloca frente a frente duas mulheres: Adriane Lopes (PP), que já é a prefeita e quer a reeleição, e Rose Modesto (União Brasil).

É um confronto histórico e genuíno. A cidade nunca elegeu alguém do sexo feminino que se candidatou ao cargo titular.

Adriane foi eleita em 2016 e reeleita em 2020 para ser vice de Marquinhos Trad.

Só alcançou a titularidade em abril de 2022, quando Trad teve que renunciar para poder candidatar-se ao governo estadual.

PIONEIRAS

Embora Adriane seja a primeira mulher a sair das urnas para governar o município, antes dela, outra política do sexo feminino já havia despachado com a principal caneta da prefeitura.

Foi a emedebista Nelly Bacha. Ela era presidente da Câmara de Vereadores e, por imposição constitucional, teve que assumir a prefeitura.

Na primeira metade dos anos 1980, os prefeitos das capitais eram nomeados ou exonerados pelos governadores.

O cargo ficou vago após a exoneração do prefeito Heráclito de Figueiredo.

O governador Wilson Martins levou dois meses e seis dias para nomear o substituto.

E nesse período, de 14 de março a 20 de maio de 1983, Nelly Bacha foi a prefeita, investida pelo Legislativo Municipal.

Os campo-grandenses, porém, já elegeram três vice-prefeitas.

Antes de Adriane, o cargo foi exercido por Marilu Guimarães e Marisa Serrano.

Desde que se tornou capital, Campo Grande já teve diversas candidatas à chefia do Executivo.

A que chegou mais perto foi a mesma Rose Modesto, que está no segundo turno destas eleições.

Em 2016, a disputa reuniu 10 candidaturas e Rose era a única do sexo feminino.

No primeiro turno, Trad teve 147.694 votos (ou 34,57% dos válidos).

Rose, com 113.738 votos (26,62%), passou para o segundo turno, surpreendendo o prefeito Alcides Bernal, que era candidato à reeleição e ficou em terceiro lugar, com 111.128 votos (26,01%).

No turno final, deu Marquinhos, que tinha Adriane de vice.

Ele teve 241.876 votos (58,77%), enquanto Rose alcançou 169.660 (41,23%).

VOTO A VOTO

Os campo-grandenses amanhecerão no domingo com uma pergunta única: quem será a prefeita a partir de janeiro de 2025?

As pesquisas de intenção de voto, que geralmente permitem ao leigo dar a resposta mais lógica quando são largas as pontuações entre os candidatos, já não servem para isto na disputa.

Todas as amostragens publicadas até às vésperas da eleição sinalizavam equilíbrio, com o requinte de apresentar resultados diferentes em números favoráveis a uma e a outra candidata.

Adriane e Rose entraram no segundo turno para fazer aquilo que já era esperado: um enfrentamento tenso, de discursos ácidos, com denúncias e provocações de lado a lado.

Um dos principais termômetros ou medidores das influências do segundo turno foi a postura diversa entre as lideranças do PSDB, partido do ex-candidato Beto Pereira, que ficou fora da decisão.

Ele e seu partido, assim como outras forças políticas, liberaram filiados e simpatizantes para votar em quem quisessem.

Mas as coisas não são bem assim.

No PSDB, o governador Eduardo Riedel entrou na campanha de Adriane, com todo seu staff.

Mas não teve ao seu lado neste palanque o amigo e correligionário - considerado seu “padrinho” na política — Reinaldo Azambuja.

O ex-governador, que preside o Diretório Regional e é a principal liderança dos tucanos, preferiu ficar equidistante, enquanto a maioria dos vereadores e lideranças que o seguem embarcaram na candidatura de Rose.

O PSDB se dividiu, o PT — da candidata Camila Jara — liberou a sua militância e as agremiações da direita percorreram caminhos opostos.

Um dos trunfos da campanha de Adriane, o ex-presidente Jair Bolsonaro, não veio à cidade depois de apoiar Beto Pereira no primeiro turno, mas gravou um vídeo pedindo votos para a prefeita.

Rose tem apoios locais e nacionais de vários segmentos, sobretudo de centro-direita, como o Capitão Contar.

Vai dar uma mulher quando terminarem as apurações — esta é a única certeza do campo-grandense nas últimas horas antes da abertura das urnas.