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ELEIÇÕES 2024

A 48h da eleição, Luso Queiroz ganha rodada no debate na TV Morena

Leia os principais pontos do último debate eleitoral a prefeitura de Campo Grande

Candidato Luso Queiroz, do PSOL, levou a melhor no debate da TV Morena, filiada da Rede Globo em Campo Grande (MS). Fotos: Reprodução | TV Morena

No debate para a Prefeitura de Campo Grande (MS), realizado na noite de 5ª.feira (3.set.24), a 48 horas da eleição, Luso Queiroz (PSOL) se destacou. Os quatro principais candidatos na corrida eleitoral — Rose Modesto (UB), Beto Pereira (PSDB), Adriane Lopes (PP) e Camila Jara (PT) — se atacaram, mas nenhum deles apresentou respostas tão assertivas quanto o candidato do PSOL.

Luso, apesar de tecer duras críticas aos adversários, mostrou-se mais lúcido nos enfrentamentos.

“Nosso objetivo é construir uma escola municipal de qualificação de mão de obra" Rose Modesto.

A candidata do União Brasil, Rose Modesto. Foto: TV Morena _ Instagram

O debate começou com Adriane perguntando a Rose qual era a sua proposta para a qualificação profissional. Rose respondeu: “Nosso objetivo é construir uma escola municipal de qualificação de mão de obra, desde o primeiro emprego até a fase adulta, na rodoviária antiga, um prédio que está, de certa forma, abandonado. Temos um projeto para construir essa escola com parte de recursos próprios e também buscando parceria com o Sistema S. Campo Grande enfrenta problemas não apenas com a falta de emprego, mas também com salários muito baixos. E sabemos que um trabalhador, quanto mais qualificado ele estiver, mais chances terá de conquistar um melhor salário". 

Em seguida, Adriane deu uma resposta genérica mencionando o Parque Digital — um prédio que ela inaugurou na avenida Rachid Neder — que, na prática, tem pouco uso. Rose rebatou, afirmando que a capital está perdendo oportunidades, em vez de ser a "Capital das Oportunidades", slogan da gestão de Adriane.

“Nunca fui investigada ou acusada de nada; não há dúvida sobre a minha honestidade" — Camila Jara.

A candidata do PT, Camila Jara. Foto: TV Morena _ Instagram

Camila Jara então questionou Adriane sobre investigações referentes à transparência de Campo Grande. “Em quatro anos de vida pública, nunca fui investigada ou acusada de nada; não há dúvida sobre a minha honestidade. Já a candidata Adriane, em dois anos de gestão, está sendo investigada por pagar supersalários de R$ 89 mil consecutivos e também por R$ 24 milhões em licitações suspeitas”, disse.

Adriane se esquivou, negando ser investigada. No entanto, há de fato processos administrativos movidos contra a Progressista acerca de uma suposta "folha secreta". Inclusive, a própria Adriane assumiu no debate que assinou um Termo de Ajustamento de Conduta junto ao Tribunal de Contas para encerrar a folha secreta. Ela afirmou que o problema foi herdado da gestão de Marquinhos Trad e que, em dois anos, teve pouco tempo para corrigir.

Então, Camila provocou a população a procurar o discurso de posse de Adriane, em que ela disse que esteve "ombro a ombro" com Marquinhos Trad.

"Hospital Municipal nascerá privado e corrupto"  — Luso Queiroz.

O candidata do PSOL, Luso Queiroz. Foto: TV Morena _ Instagram

Luso Queiroz foi o terceiro a perguntar. O candidato questionou Camila Jara sobre a situação da saúde da capital sul-mato-grossense, dando a ela a oportunidade de falar sobre sua proposta central para a saúde básica: “Vamos ampliar 100% da atenção básica. Nossa cidade não pode achar normal que bairros como Noroeste tenham apenas uma unidade de saúde, e que a população tenha que ir para o Coronel Antonino para ser atendida em uma UPA. Vamos criar um Centro de Diagnóstico para cada uma das sete regiões da cidade. Nesse centro, a população poderá realizar exames e consultar especialistas. Depois, vamos construir um hospital municipal no centro da cidade, não em um bairro elitizado, onde nem ônibus passa direito". 

No encalço, Luso denunciou que o hospital municipal proposto por Adriane Lopes deve nascer privatizado e será administrado por uma empresa investigada por corrupção. “Uma empresa investigada por corrupção, no governo sabe de quem? Reinaldo Azambuja! Desviou R$ 46 milhões do Hospital Regional. Então, o Hospital Municipal nascerá privado e corrupto”, disparou.

Camila, em seguida, defendeu que a saúde não seja privatizada, criticando o descaso atual. “Precisamos garantir a valorização dos servidores de saúde, que se encontram exaustos com as atuais condições de trabalho. Vamos assegurar que o piso e a insalubridade da enfermagem sejam cumpridos em nosso município. Vamos lutar para que a saúde seja tratada com respeito. Não é possível que a população que paga impostos, que acorda cedo e trabalha, não encontre remédios nos postos de saúde. O objetivo do SUS, Luso, é ser descentralizado, para que as pessoas consigam encontrar atendimento perto de casa". 

"Precisamos ser realmente contra a produção do gabinete do ódio" — Luso Queiroz.  

Beto começou o debate abordando a questão em que se via como vítima — uma operação do Tribunal Regional Eleitoral que mirou um grupo que produzia fake news. O problema foi quando ele perguntou a Luso o que achava disso. O candidato do PSOL então mencionou um gabinete do ódio que, por anos, funcionou no Parque dos Poderes, dando vantagens ao governo tucano. “Infelizmente, a fake news é uma prática antiga na política brasileira, chamada de 'caô' ou 'lorota'. Esse gabinete trabalhou na gestão passada para difamar o candidato Marquinhos Trad. Foi rodando a cidade produzindo fake news; e não foi o único. Outros candidatos também sofreram. Todos nós estamos sofrendo com fake news, inclusive eu vi fake news da Camila Jara, da Rose Modesto e sobre mim. Precisamos ser realmente contra a produção do gabinete do ódio, seja do PSDB ou de outros que estiverem produzindo fake news contra todos nós. Sou 100% contra essa prática.”

Então, Beto teve direito à réplica, ocasião em que argumentou que não era ficha suja. No entanto, ele está na lista de políticos ficha suja do Tribunal de Contas de MS, devido à reprovação de suas contas quando foi prefeito de Terenos (MS). O candidato só pode concorrer devido a um entendimento legal de que só seria impedido se a Câmara de Terenos o tivesse reprovado.

Beto também se defendeu de acusações de que fornecia bebidas e estaria ligado a um ponto de venda de maconha. Além disso, se defendeu de alegações de estar envolvido em um esquema de corrupção no Detran-MS.

"Quem deve à prefeitura de Terenos não é Luso Queiroz, mas Beto Pereira" — Luso Queiroz.  

O candidato do PSDB, Beto Pereira. Foto: TV Morena _ Instagram

Na tréplica, Luso rebateu as alegações do tucano com uma resposta certeira. “Eu defendo a presunção de inocência, Beto, mas quem fez a acusação é esse cidadão que você diz ser do PCC; ele não estava no meu governo, e não estaria. Ele estava no governo do PSDB. Portanto, quem deve dar explicações são vocês. Além disso, não sou eu, nem a Rose, nem a Camila que estamos dizendo que o Beto é ficha suja. Quem está afirmando isso é o Tribunal de Contas, com conselheiros e auditores fiscais. Quem deve à prefeitura de Terenos não é Luso Queiroz, mas Beto Pereira, que fez um acordo para pagar essa dívida e não pagou no final. Está aí uma dívida de R$ 400 a R$ 500 mil”, disparou Luso.

"Tribunal de Contas, a candidata, e também um site picareta" — Beto Pereira.  

A próxima a perguntar foi Rose, ocasião em que ela reforçou que Beto Pereira é condenado e é, sim, ficha suja. O tucano, porém, voltou a afirmar que era ficha limpa: “Candidata, você sabe que isso não é verdade. Você sabe que isso é uma fake news. Se não, eu não estaria aqui disputando o pleito junto com você. Mas quero aproveitar a oportunidade para dar continuidade ao desmantelamento dessa quadrilha que denunciei anteriormente, que tem o presidente do Tribunal de Contas, a candidata, e também um site picareta. Nós sabemos o modus operandi; todas as eleições são assim, e esse site procura influenciar as pessoas. Temos a certeza ao longo de todo o processo de que nossa ficha é limpa”, disse Beto.

O candidato do PSDB voltou a mencionar a contratação de supostos atores feita pela campanha de Rose: “Agora eu não estou contratando atores para passar por candidatos e imputar a alguém um crime". Rose respondeu que os ‘atores’ foram contratados para denunciar a verdade, e não produzir fake news.

No encerramento do bloco, tanto Beto Pereira quanto Rose Modesto pediram que suas equipes publicassem documentos nas redes sociais.

2º BLOCO – TEMAS DETERMINADOS

O segundo bloco teve temas sorteados a cada pergunta. Antes de começar a segunda rodada, a apresentadora Lucimar Lescano concedeu direito de resposta solicitado por Rose.  

Isso porque, antes de encerrar a primeira rodada, Beto alegou que todo político enfrenta acusações e, para fins de ‘exemplo’, citou a Operação Coffee Break, dizendo que, na época, Rose era a “morena mais linda”, e a acusou de ter participado do golpe para cassar o mandato de Alcides Bernal (PP) em troca do comando da Secretaria de Educação na gestão de Gilmar Olarte (sem partido).  

"Nunca respondi a um processo na minha vida, diferentemente dele que é ficha suja, porque foi condenado, transitado e julgado" — Rose Modesto.  

Como nunca foi denunciada nem virou ré no caso citado pelo tucano, Rose pediu e ganhou direito de resposta e obteve, explicando: “Dizer ao candidato Beto que eu sou ficha limpa, nunca respondi a um processo na minha vida, diferentemente dele que é ficha suja, porque foi condenado, transitado e julgado. Isso não é uma acusação da imprensa, isso não é uma acusação dos candidatos, isso não é uma fake news, isso não foi decidido pelo presidente do Tribunal de Contas; as condenações foram de três conselheiros, inclusive indicados pelo partido do candidato Beto. E dizer, candidato, que na Coffee Break sequer eu fui denunciada, sequer eu fui denunciada. E que todas as composições que aconteceram naquele momento, todas as tratativas foram feitas com dirigentes partidários. Então, é importante o senhor saber disso, porque eu, como vereadora, eu nunca negociei nada com ninguém, meu voto foi extremamente ético, inclusive com encaminhamento do Ministério Público e do Tribunal de Contas. E os acordos eram feitos pelos dirigentes dos partidos que o senhor sabe muito bem quem são". 

Seguindo para o modelo da 2ª rodada, os candidatos trocaram acusações e apresentaram propostas para os problemas de Campo Grande.  

O primeiro assunto foi mobilidade urbana e Adriane Lopes abriu a rodada. A candidata escolheu Beto Pereira para apresentar propostas sobre meio ambiente e parques municipais de Campo Grande.

"Pelo 5º ano Campo Grande é Cidade Árvore" — Adriane Lopes.

A candidata do PP, Adriane Lopes. Foto: TV Morena _ Instagram

Apesar de estar extremamente seco e sem chuva há meses, Adriane disse que a Capital está passando por um período de chuvas intensas e alagamentos. Ela tentou celebrar ainda que a cidade foi considerada ‘cidade árvore’ do mundo pelo quinto ano consecutivo, apesar de isso não ser fruto do trabalho dela. “Campo Grande realmente é considerada talvez a Capital mais arborizada do país, mas hoje existe um déficit gigantesco de árvores que devem ser replantadas em Campo Grande, cerca de 250 mil árvores, mas também é necessário cuidarmos dos nossos córregos, limpando o leito dos rios. Nós temos que limpar o sistema de micro e macrodrenagem, nós temos que garantir a proteção das nossas nascentes, nós temos que cuidar dos nossos parques. Precisamos cuidar da cidade, nós precisamos cuidar das nossas praças, nós precisamos fazer com que as matas ciliares tenham o plantio de árvores, nós precisamos cuidar e ter zelo com Campo Grande. Por isso, hoje, um dos principais problemas é cuidar da cidade”, disse Beto Pereira.  

Adriane, então, mencionou que criou um comitê e seguiu com uma resposta genérica acerca de que Campo Grande seria cidade modelo para o enfrentamento das crises climáticas que se avizinham.  

Beto, então, lembrou do abandono generalizado dos parques campo-grandenses. O tucano mencionou o abandono do Jaques da Luz, Ayrton Sena, dentre outros.

"Dois anos é pouco tempo, em dois anos não deu para fazer tudo" — Adriane Lopes.

O segundo tema sorteado foi mobilidade urbana. Rose Modesto, por sua vez, escolheu Adriane Lopes para detalhar quais seriam os custos e quando seriam implementadas as ciclovias propostas no plano da progressista.  

Adriane não respondeu às perguntas e deu uma resposta fantasiosa sobre os desejos da gestão quanto ao ciclismo na Capital. “As ciclovias estão sendo totalmente reformadas, como a gente vê na Duque de Caxias. No plano de mobilidade urbana de Campo Grande está previsto 140 quilômetros de ciclovias novas. Nós já concluímos 60 quilômetros. Nós estamos incentivando a população a utilizar esse transporte sustentável. Nós estamos propondo também, em nosso plano de governo, as bicicletas elétricas. Estamos encaminhando à Câmara Municipal para colocar Campo Grande à frente... Dois anos é pouco tempo, em dois anos não deu para fazer tudo, eu conheço os problemas da cidade, como você que está me assistindo, e sabe que o tempo foi curto, e ainda uma prefeitura sem recurso, sem dinheiro, com o nome sujo. Hoje estou trabalhando, buscando a parceria da Bancada Federal, da minha senadora Tereza Cristina”, disse.  

Rose lembrou que Campo Grande é a segunda Capital com maior número de bicicletas do país. “É uma cidade que o Plano de Mobilidade Urbana ainda é do século passado. Uma cidade que tem problemas com transporte, tem problemas de trânsito e, quando a gente fala de trânsito e transporte, está aqui dentro da questão da ciclovia. Hoje, tem mais de três mil quilômetros de vias pavimentadas e pouco mais de 103 quilômetros [de ciclovia]. Eu penso que dois anos, na verdade, não são dois anos, são quase três, são mais de dois anos e meio, já daria para ter feito pela importância que tem, pela necessidade que tem. Além do mais, cuidar do que já está pronto, né? Já que não fez, pelo menos poderia ao menos ter cuidado da segurança, da manutenção. Interligar essas ciclovias já teria ajudado muito a evitar os acidentes com ciclistas". 

Adriane quis alegar que Rose desconhece a situação das ciclovias de Campo Grande porque a professora esteve muito tempo em Brasília. A progressista alegou que, como é ciclista, sabe que tem muito a ser feito e que, para corrigir o problema histórico, implementou uma usina de asfalto, que recentemente explodiu no Industrial. “Nós sabemos como fazer, eu sei, eu quero pedir aí que você acompanhe as redes sociais, tudo que foi feito”, disse Adriane.

"Recebeu R$ 82 milhões de emenda parlamentar, mandou apenas R$ 1 milhão para Campo Grande" — Luso Queiroz. 

Luso Queiroz foi o terceiro a perguntar e teria feito a pergunta para Beto; no entanto, pelas regras do debate, ele só poderia perguntar para Rose ou para Camila. Ainda assim, o candidato do PSOL direcionou o questionamento que faria para Beto à líder nas pesquisas, Rose. “O candidato do PSDB, em quatro anos, recebeu R$ 82 milhões de emenda parlamentar, mandou apenas R$ 1 milhão para Campo Grande; em 2023, não mandou nada. A maior parte do orçamento ele terceirizou para o Riedel e para o Reinaldo; a senhora não acha que ele deveria ter enviado mais dinheiro para o município honrar com medicamentos em UBS, UPAS?”, questionou Luso.  

"70 mil pessoas esperando numa fila de cirurgia, e se a gente não tiver coragem, e eu vou fazer isso, vou repactuar" — Rose Modesto.  

Diante da possibilidade, Rose lembrou que, quando esteve deputada federal, destinou mais de R$ 50 milhões em emendas à Capital sul-mato-grossense. “Todos os hospitais filantrópicos e hospitais públicos receberam recursos de emenda parlamentar, estendendo que a saúde é a maior prioridade da população de Campo Grande. Nós temos hoje, infelizmente, 70 mil pessoas esperando numa fila de cirurgia, e se a gente não tiver coragem, e eu vou fazer isso, vou repactuar com os hospitais para a gente poder ter um número maior de leitos, tanto nos dois públicos quanto nos seis hospitais filantrópicos, para fazer um mutirão de cirurgias. Como também nós vamos investir muito na valorização dos nossos servidores da saúde, da educação, de todas as áreas da prefeitura, porque são eles que estão lá na linha de frente. Também fazendo a saúde preventiva! Nós precisamos fazer com que o Posto de Saúde aí do teu bairro, você que está me ouvindo, funcione com médicos. Campo Grande é uma cidade rica, que não precisava ter passado pelo que passou e está passando ainda, viu? De faltar remédio. Chegou a faltar dipirona nos postos de saúde. Por isso, que às vezes, me estranha também ver a prefeita Adriane falando de uma cidade que eu não enxergo, e as pessoas também não estão enxergando. É só conversar com quem está em casa”, disse Rose.  

"R$ 200 mil para o [Hospital] Sarah Kubitschek. Pelo amor de Deus" — Luso Queiroz.  

Novamente, Luso criticou a gestão municipal e estadual. “As duas máquinas públicas estão falhando há anos, tanto do município quanto do governo do estado. Um exemplo: das emendas do Beto, R$ 500 mil foram para o estado de São Paulo, o estado mais rico da federação. Dentro desses R$ 500 mil, trezentos mil diretos para a Secretaria de Saúde e R$ 200 mil para o [Hospital] Sarah Kubitschek. Pelo amor de Deus, tem a Santa Casa aqui, tem o São Julião e tem o Hospital Regional, que o candidato esquece. Foi várias vezes processado pelo Ministério Público, no qual o Ministério Público exigia do Reinaldo que repusesse os remédios da Casa de Saúde. Também esquece que ficou 40 pacientes na fila para fazer uma cirurgia do coração, sendo 29 lá no hospital parados, porque não tinha insumos e remédios. É incompetência de duas máquinas que não funcionam, a máquina do município e a máquina do estado". 

"Não vamos colocar pessoas, diretores de postos de saúde, para poder mandar nos servidores" — Rose Modesto.

Na tréplica, Rose destacou que o orçamento do município para a saúde é de R$ 2 bilhões, mas é ineficiente. “R$ 900 milhões é para pagar a folha e R$ 1,1 bilhão para manter o custeio das unidades de saúde. Não deveria deixar faltar remédios porque tem dinheiro para isso, mas não investiu, não investiu no servidor, não investiu em tecnologia, não tem sequer uma Central de Medicamentos específica. Dentro da Sesau, hoje, compra-se tudo num único lugar. Nós, Luso, vamos fazer uma gestão eficiente, público-técnico. Não vamos colocar pessoas, diretores de postos de saúde, para poder mandar nos servidores da saúde que se prepararam, que estudaram, pessoas que são só de cargos políticos, indicações políticas, que não sabem nada de saúde, não sabem nada de gestão, mandando em quem sabe”, disse Rose.  

Beto Pereira foi o quarto a perguntar e o tema sorteado foi transporte público.

O candidato questionou Camila Jara sobre a efetividade dos corredores de ônibus da capital, que, por sua vez, alfinetou o slogan da campanha de Beto sobre o uso de uma marreta nas obras públicas. “Candidato Beto, um problema tão complexo deve ser resolvido com o uso da ciência e dos dados, mas, prioritariamente, a gente deve resolver esse problema pensando em resultados para a maioria da população. Toda obra inacabada e deixada pela metade vai causar transtorno, é ineficiente e é uma falta de respeito com o dinheiro da população. Nós não podemos aceitar que mais uma obra fique inacabada por Campo Grande. A gente precisa entender também que priorizar o transporte coletivo é colocar Campo Grande dentro do século XXI. Estudos comprovam que os corredores, mesmo sem terem sido terminados, já aumentaram a velocidade do ônibus em 30%. Então, a gente garante que Campo Grande vai ser uma cidade que precisa e vai ampliar os corredores de ônibus, mas isso não significa que a gente tem que abandonar os comerciantes; muito pelo contrário, a gente entende que é necessário que, no decorrer das obras, a gente crie condições fiscais especiais para aqueles comerciantes, para que eles façam as adaptações necessárias para que os corredores possam ser terminados e ampliados. A gente sabe que ali tem dinheiro do governo federal, teve empréstimos do Banco Interamericano, e a gente entende. E a nossa prioridade é priorizar quem anda de ônibus e quem precisa do transporte público”, disse Camila.  

"Nós vamos retirar esses terminais do meio da rua" — Beto Pereira. 

Beto disse que, mesmo tendo sido investidos R$ 150 mil na obra, nos seu governo ele vai retirar os terminais. “Os terminais da Gunter Hans, os terminais da Bandeirantes, os terminais que seriam instalados na Bahia e Calógeras não vão permanecer no meio da rua. Os demais que já foram construídos, nós iremos reavaliar e fazer a realocação de acordo com estudos técnicos e ouvindo, claro, aqueles que são diretamente impactados: comerciantes e população em geral. Agora, nós não podemos colocar a cabeça no travesseiro. Dois anos e meio dessa gestão e esses terminais continuam no meio da rua, matando pessoas, cerceando vidas. Não é possível a gente conviver com essa realidade nos dias de hoje, portanto, nós vamos retirar esses terminais do meio da rua e acabar com essas obras inacabadas”, prometeu o candidato tucano. 

"Ir com uma marreta e destruir tudo sai muito mais caro para o contribuinte" — Camila Jara

Camila garantiu que a população terá prejuízo com as medidas propostas pelo tucano. “Infelizmente, ir com uma marreta e destruir tudo sai muito mais caro para o contribuinte. Se você está com dúvida do valor que vai custar, quebrar os corredores de ônibus, nós convidamos você a ir às nossas redes sociais e acompanhar conosco. Nós entendemos que precisamos garantir uma mobilidade urbana com qualidade. É uma falta de respeito com quem acorda cedo, pega ônibus, chega atrasado no trabalho e na escola, não ter terminado esses terminais de ônibus. O transporte público nunca foi uma prioridade nessa cidade, porque quem governa a cidade nunca precisou andar de ônibus. Porque senão você, que pega ônibus, não estaria tendo que esperar o ônibus ao lado de um pau laranja, porque a gente não tem cobertura, debaixo do sol e de chuva. Eu sei como é essa realidade. E no meu governo a gente vai priorizar o transporte público, ampliar corredores de ônibus que já comprovou que são eficientes". 

"Vêem o campo-grandense, o sul-mato-grossense como bois e vão contando. Não, não é assim"  — Luso Queiroz.

Lucimar Lescano sorteou mais um tema: Economia e Rota Bioceânica.  

A oportunidade foi para Camila Jara questionar Luso Queiroz. A petista quis saber quais seriam as medidas de Luso para oferecer responsabilidade social. “Não basta ter uma Rota Bioceânica que traga prosperidade só para os barões, porque a abertura do Velho Oeste aconteceu, eles vieram para cá. A Embrapa veio para cá, desenvolveu o Cerrado. O Cerrado produziu, produziu, exportou, mas e a riqueza para o povo campo-grandense? A riqueza para o povo sul-mato-grossense. Nós vivemos num estado que é do tamanho da Alemanha. Nós vivemos numa Capital que tem 8 mil quilômetros quadrados, um território superior ao da cidade de São Paulo, que é mil e quinhentos, da cidade do Rio de Janeiro, que é mil e duzentos. A Rota Bioceânica é importante? É! Ela liga o Oceano Atlântico ao Oceano Pacífico. Ela abre as portas para você exportar, mas também para você ir à China, ao Japão, à Singapura e à Coreia. É incrível! Mas e a prosperidade para o povo campo-grandense? Quando é que o povo campo-grandense vai poder ganhar esse dinheiro? Vai ter a casa própria de verdade? Vai poder comprar de verdade? Vai poder comer de verdade? Vai parar de se humilhar... Porque o que existe em Campo Grande e em todo o Brasil são barões. Grupinhos pequenos de miliardários que acham que podem nos comprar. Que vêem o campo-grandense, o sul-mato-grossense como bois e vão contando. Não, não é assim. O povo tem que se levantar, e o povo tem que viver bem. É isso que eu defendo”, disse Luso.  

Camila, por sua vez, mencionou a visita do presidente Lula em Mato Grosso do Sul para inaugurar um novo segmento de exportação de carne. “Infelizmente, a prefeita Adriane não considerou importante a geração de dois mil novos empregos, que já está sendo fortalecida pela Rota Bioceânica. Nós vamos garantir que a Rota Bioceânica possa proporcionar um desenvolvimento mais igual para a cidade, fortalecendo as startups e as incubadoras, para que a gente consiga fazer com que Campo Grande seja um polo sustentável para toda a América Latina. Vamos fazer com que a nossa cidade seja o centro de toda a América Latina, através de tecnologia aliada ao desenvolvimento econômico". 

Luso sustentou que emprego é o mínimo e que defende salário-mínimo municipal. “Diferenciado do piso nacional. É preciso que o trabalhador tenha mais. A gente quer capacitar? Quer! Inclusive o trabalhador campo-grandense é capacitado todos os dias, no Sest Senat, em todo o Sistema S, nos Institutos Federais, na UFMS, na UEMS, mas o trabalhador campo-grandense quer ir para fora, quer ir para o interior, quer ir para o Paraguai, quer ir para Santa Cruz de La Sierra, quer ir para Florianópolis; ele quer ganhar bem, quer viver melhor. Eu tenho certeza de que a Rota Bioceânica vai trazer prosperidade, mas tem que trazer prosperidade para o nosso povo. E outra coisa, não devemos deixar destruir o meio ambiente, prosperidade que meio ambiente destruído nunca dá certo”, opinou Luso.

3º BLOCO – SAÚDE

Adriane Lopes abriu o terceiro bloco questionando o candidato Luso de Queiroz sobre propostas para desburocratizar os serviços públicos. “Eu acredito mesmo que você recebeu muitos problemas, porque nós temos um histórico de incompetência que vem desde o final da década de 90. Eu estou aqui, eleitor, para desburocratizar. Porque a burocracia existe para atentar contra nós trabalhadores. Não há burocracia para aqueles que têm muito, você pode ver, se você pesquisar, histórico de doação de terrenos, propriedades, sempre vão para grandes empresários. Puxa a capivara, é antigo. Isso são vários prefeitos. A atual gestão eu tenho certeza de que tem. Agora, para o trabalhador. Há orçamento para o trabalhador? Há orçamento para você, micro e pequeno comerciante? Micro e pequeno industrial, que tem a sua serraria, sua marcenaria? Difícil, muito difícil. O que tem para nós é folha secreta, o que tem para nós é o esboço da maldade. Agora, nós trabalhadores precisamos nos organizar. Porque o estado brasileiro vai continuar muito burocrático contra nós. Exemplo são as glebas: você vai conseguir recurso tranquilo para conseguir investir numa grande propriedade rural, mas o pequeno proprietário rural, a agricultura familiar, não". 

"Você não precisar nunca mais acordar de madrugada, pegar aquela fila das 5h da manhã para marcar uma consulta. Isso é um crime!" — Luso Queiroz.

Diante da dura resposta de Luso, Adriane Lopes se colocou como vítima, alegando ser “atacada constantemente por todos os candidatos”. Então, a progressista falou que investiu na digitalização dos processos, “abandonando o papel”. A prefeita se referiu à prefeitura como uma “empresa pública”. “Essa é nossa pauta: tecnologia e inovação nos serviços públicos". 

Luso lembrou ser da geração da tecnologia e que papel não é sua área, citando então propostas inovadoras para a Saúde campo-grandense. “Na área da saúde, por exemplo, você vai ter um aplicativo no seu smartphone para você não precisar nunca mais acordar de madrugada, pegar aquela fila das 5h da manhã para marcar uma consulta. Isso é um crime! Em 2024 não tem como. Nós vamos também à telemedicina, para você trabalhador que está cansado, que está com burnout, que está com staff, não aguenta mais, precisa descansar. Você terá o contato na telemedicina e poderá conversar com o médico. O médico é lei, ele vai te dar um tempinho para você recuperar suas forças e voltar para o trabalho”, disse Luso.  

“Dois anos é pouco tempo, sim. Eu herdei uma gestão comprometida" — Adriane Lopes.

Na sequência, Rose questionou Adriane Lopes se ela acha certo deixar faltar até dipirona nos postos de saúde, se a prefeita acha certo destruir a educação especial, se ela acha certo deixar 8 mil crianças fora da possibilidade de acessar vagas na Educação Municipal Infantil (EMEI) e se ela acha certo não cobrar nem a cobertura dos ônibus do Consórcio Guaicurus. A candidata do União Brasil pediu que a prefeita não desse desculpa de que dois anos é pouco para garantir uma gestão no mínimo de qualidade. Entretanto, Adriane apelou: “Dois anos é pouco tempo, sim. Eu herdei uma gestão comprometida. Eu estava como vice, mas vice não toma decisões... Eu estou propondo soluções novas para problemas antigos da cidade. Se faltava dipirona, foi quando eu herdei a gestão. E hoje o candidato que estava prefeito está te apoiando, Marquinhos Trad apoia Rose, e o servidor que estava boicotando a Saúde apoia Rose”, reclamou a prefeita.  

"A candidata Adriane parece a Alice no País das Maravilhas" — Rose Modesto. 

Mesmo tendo fugido até do debate da Cultura em Campo Grande, Adriane alegou que não se escondeu e que “não tem medo de fazer o certo”. As demais perguntas Adriane não respondeu.  

Então Rose criticou a posição da prefeita: “A candidata Adriane parece a Alice no País das Maravilhas. Essa cidade que a senhora está falando não existe. Não é o que a gente ouve nos bairros, não é o que os servidores falam para a gente. E a senhora já teve tempo sim, são quase três anos. Em relação ao Marquinhos Trad, a senhora e o PSDB não me deram nem a legenda para disputar a eleição, para poder apoiar. A minha aliança foi feita com o PDT, eu não fiz alianças com nenhum candidato específico a vereador, mas quem ficou ao lado do Marquinhos esse tempo todo foi a senhora. Então, cuidado, porque a hipocrisia, a demagogia, as pessoas vão sentindo isso". 

"Eu sou conservadora, eu sou de direita" — Adriane Lopes.

Rose ainda alfinetou Adriane Lopes ao lembrar que o esposo dela, Lídio Lopes, é conhecido como “Janjo”, por ter feito campanha para o Partido dos Trabalhadores em 2022. “Infelizmente, a candidata Rose veio para o debate só para debater a vida pessoal dos candidatos. Eu sou conservadora, eu sou de direita”, disparou Adriane com a voz lamuriosa.  

"Para fazer o trabalho certo não tem tecnologia" — Luso Queiroz.  

O próximo a questionar foi Luso, apontando que o governo tucano deixa que as matas queimem em MS, mas promete carbono neutro até 2030. Beto respondeu, primeiro contrapondo uma informação anterior de que havia investido apenas R$ 1 milhão na saúde de MS. O candidato disse que “foram R$ 8 milhões”. E quanto às queimadas, Beto disse que não se pode culpar o governo de MS por queimadas e que Luso estaria faltando com a verdade ao apontar a responsabilidade do governo sobre as queimadas.  

Na réplica, Luso explicou ao tucano que é mais viável prevenir os incêndios do que combater as queimadas. “O estado de Mato Grosso do Sul tem drone, do Bptran que está aí multando a galera, geral. Multando você, trabalhador! Que pode ter certeza de que, com o esquema do Detran, o governo está tranquilo. Agora, por que não podemos utilizar drones, inclusive a China produz vários, para combater o incêndio? Por que não vamos utilizar os satélites para punir quem está tocando fogo no Pantanal, no Cerrado, Mata Atlântica? Mas tem, por exemplo, o satélite utilizado pela prefeitura para punir você, trabalhador, que fez ali uma pontinha na sua casa, colocou um papelão, qualquer coisa, está lá o IPTU, chegou. Agora, para fazer o trabalho certo não tem tecnologia. Para fazer o trabalho certo eles não veem".  

Beto tentou descredibilizar o que Luso estava falando, apesar de o candidato estar abordando questões debatidas pela população. O tucano quis dar aula sobre o que deve ser discutido, falando em alvará desburocratizado e licenças ambientais.

"Nós vamos entregar o remédio aí na sua casa" — Adriane Lopes.

Continuando a dinâmica do debate, Beto destinou uma pergunta à Adriane Lopes. O tucano falou sobre a proposta da progressista de informatizar a farmácia do município, querendo saber como isso seria implementado.  

Adriane não respondeu à pergunta de Beto, mas voltou a mencionar o Parque Tecnológico da Sesau, alegando que comprou 2.900 novos computadores e que faria uma espécie de delivery de medicamentos. “Nós vamos entregar o remédio aí na sua casa, você que é usuário do SUS, que tem a medicação controlada todos os meses”, prometeu a prefeita, alegando que só não fez ainda porque assumiu a prefeitura com dívidas.  

Em tom de riso à resposta da prefeita, Beto questionou ao público se eles acreditam que o remédio iria ser entregue em casa mesmo. Beto lembrou que, em mais de dois anos, a prefeita não aderiu sequer aos programas que são disponibilizados de graça pelo Ministério da Saúde para facilitar a entrega de remédios pelo SUS. “Por falta de gestão houve falta de medicamento”, rebateu Beto.

A prefeita insistiu na alegação de que recebeu a gestão sem dinheiro. “Com quatro anos você vai receber a medicação aí na sua casa, não tenha dúvida”, reforçou Lopes.  

"Perde hoje R$ 12 milhões por conta de má gestão, você imagina se vai chegar um dia remédio entregue na sua casa" — Beto Pereira. 

Camila Jara lembrou que as mães de crianças com deficiência não estão recebendo a dieta há dois anos, devido à gestão de Adriane Lopes ter perdido R$ 12 milhões do Ministério da Saúde por esquecer de enviar documentos. Então, Camila quis saber de Beto se ele acha mesmo que a prefeita daria conta da saúde, já que não cumpriu algo tão simples: enviar documentos. “Não é entregando medicamentos em casa, né? Quem perde hoje R$ 12 milhões por conta de má gestão, você imagina se vai chegar um dia remédio entregue na sua casa. Aqui as mães estão hoje passando por penúria. Está sendo judicializado e decisões judicializadas não estão sendo cumpridas. Entrega de fraldas. Para entrega de suplemento alimentar que deve ser dado em sonda. Houve um protesto dessas mães no dia 26 de agosto, na frente do palanque do aniversário da cidade. A prefeita não se movimentou quanto a isso. Nós precisamos falar a verdade. Nós precisamos conhecer a Campo Grande que está fora dessa tela. E você, mãe atípica, mãe que está sofrendo hoje por conta dessa má gestão, você sabe que nós estamos falando a verdade. Agora, nós vamos dar fim à judicialização. Nós vamos colocar medicamentos nas unidades de Saúde. Nós vamos garantir controle na gestão. Nós vamos fazer licitação que dá certo. Não vamos dar bola, nem bolota. Nós vamos garantir seriedade e transparência naquilo que é dinheiro público”, disse Beto.  

Camila Jara reforçou que deixar faltar fraldas para crianças com deficiência é falta de humanidade, uma irresponsabilidade, e essa é a realidade de Campo Grande. “Nós não vamos mais aceitar que isso aconteça no nosso município. É uma pena que crítica sobre a gestão seja tratada como ataque pessoal; o ataque pessoal é o que essas mães passam todos os dias. Por isso, no nosso programa de governo, nós estamos prevendo criar um centro de acolhimento e rede de atenção psicossocial para essas mães. Através do uso da tecnologia, como já usada em outras cidades no interior de São Paulo, a gente vai garantir que esses suprimentos cheguem mensalmente para que as mães não tenham que ficar mendigando para a prefeitura municipal, o mínimo para as pessoas que estão acamadas; a gente vai tratar a saúde como prioridade. Afinal, já estamos fazendo isso no governo federal e vamos fazer aqui em Campo Grande”, prometeu Jara.  

Na sequência, Beto disse que concordava com Camila Jara quanto à falta de humanidade em gestores que deixam crianças deficientes sem amparo. Beto também criticou que críticas à gestão sejam consideradas ataques pessoais.

4º BLOCO – OBRAS INACABADAS

No quarto bloco, os temas foram sorteados. Beto Pereira perguntou a Adriane Lopes sobre como enfrentar o problema das obras inacabadas em Campo Grande. Apesar de acumular obras não concluídas, Adriane alegou que entregou algumas.

O debate engrenou posteriormente novamente para o tema mais caro para os candidatos: Saúde. Lopes quis saber como Beto concluiria o Hospital Municipal que ela quer privatizar.

Luso questionou Rose sobre a cidade verticalizada. E Rose questionou Camila Jara sobre suas propostas para a Saúde primária da Capital.