MS Notícias

ELBIO BALTA | PORTO MURTINHO (MS)

Líder em gastança, vereador tem 22 assessores com salários de até R$ 9,8 mil

Acusado de assédio sexual, presidente da Câmara levanta suspeita ao pagar supersalário à assessores

Elbio da Twister fez uso gastança dos recursos públicos durante a gestão do prefeito Nelson Cintra, seu aliado. Fotos: Arquivo.

O presidente da Câmara de Porto Murtinho (MS), Elbio dos Santos Balta (PSDB), acusado de assédio sexual contra a ex-servidora pública Natalia Magali Ávalos Leivas, lidera o ranking dos que mais gastam o dinheiro público na cidade, que tem uma população total de 12.859 pessoas.

Segundo apurado pelo MS Notícias, o vereador, mais conhecido como Elbio da Twister, também mantém o maior número de assessores em seu gabinete, totalizando 22 pessoas. Alguns recebem salários de R$ 9,8 mil, R$ 7,5 mil e vários de R$ 5 mil cada.

O vereador levanta suspeitas ao pagar salários que são quase o triplo do que ele recebe na Câmara, que, segundo o Portal da Transparência, é de R$ 3.845,41 por mês. Listamos abaixo alguns assessores que recebem salários maiores que o do patrão:

No total, Élbio torra R$ 160 mil por mês para manter essa enorme quantidade de assessores. Por ano, a equipe do presidente do legislativo murtinhense custa R$ 1,9 milhão aos cofres públicos. Para fins de comparação, segundo o PPA 2024/2025 de Porto Murtinho, por ano, cada um dos vereadores pode reverter até R$ 130 mil em emendas. Isso é, ao longo de doze meses, Élbio é mais caro ao município do que todas as emendas dos onze vereadores, que por ano somam pouco mais de R$ 1,4 milhão.

LÍDER NA GASTANÇA COM DIÁRIAS

O presidente da Câmara de Porto Murtinho também se destaca pelo alto gasto com diárias — um benefício destinado a vereadores que realizam agendas fora do município. Entre janeiro e agosto de 2024, Elbio utilizou R$ 43,3 mil do dinheiro público exclusivamente para diárias. Esse valor representa quase o dobro do montante gasto pelo segundo colocado no ranking de despesas, Jary Brum, que, no mesmo período, gastou R$ 27,3 mil em diárias.

A terceira posição no ranking de gastos é ocupada por Aline Costa, que desembolsou R$ 26,1 mil de janeiro a setembro deste ano.

Considerando o total de diárias pagas pelos onze vereadores de 2021 até agosto de 2024, o ranking de gastos com diárias é o seguinte: 

  1. Elbio da Twister, gastou R$ 220.455,91 dos cofres públicos;
  2. Rodrigo Fróes, gastou R$ 133.072,58 dos cofres públicos;
  3. Helton Atele, gastou R$ 130.164,57 dos cofres públicos;
  4. Aline, gastou R$ 127.292,87 dos cofres públicos;
  5. Gordinho da Pax, gastou R$ 122.635,19 dos cofres públicos;
  6. Jary, gastou R$ 122.282,06 dos cofres públicos;
  7. Regina Hein, gastou R$ 112.249,52 dos cofres públicos;
  8. Prof Doni, gastou R$ 111.183,43 dos cofres públicos;
  9. Sônia Ferreira, gastou R$ 106.221,45 dos cofres públicos;
  10. Jaime, gastou R$ 105.483,04 dos cofres públicos;
  11. Tiago do Iagro, gastou R$ 100.039,07 dos cofres públicos. 

ACUSADO DE ASSÉDIO SEXUAL

Além de estar no pivô da gastança desenfreada na Câmara, Elbio também é ligado a acusações de assédio sexual contra uma servidora.  

Como mostramos aqui no MS Notícias, Elbio foi acusado em 2022, quando Natalia trabalhava na Câmara de Vereadores de Porto Murtinho. 

A data da audiência de assédio sexual envolvendo Élbio, já foi marcada, será realizada em 3 de dezembro de 2024, pós o pleito eleitoral, no qual o acusado buscará a reeleição.  

RELEMBRE O CASO:

Num boletim de ocorrência em 2022, Natalia narrou que foi vítima de assédio sexual cometido por Elbio, seu patrão, em uma confraternização na Câmara. 

Naquela ocasião, Natalia contou que uma funcionária de Elbio identificada como “Jaque” a abordou fazendo perguntas sobre a “cor de sua calcinha”, afirmando que a pergunta teria partido de Elbio. A mulher ainda teria orientado Natalia: “Miga, você tem que ficar com ele. Ele tá querendo comer você, e você está precisando do emprego, e ele é presidente (sic)”, narrou no registro.

Após a abordagem, Natalia disse que saiu de perto de 'Jaque' e foi até o bebedouro na companhia de uma amiga, no trajeto, elas teriam encontrado Elbio, ocasião em que o presidente se aproximou e fez a seguinte pergunta: “Natalia, a cor da sua calcinha é da cor do seu vestidinho, vermelho, ou é da cor de lá de baixo, bem rosadinha? (sic)”, lembrou a vítima. A amiga que estava com Natália teria respondido à Elbio: “Que nojo, presidente! E ele foi embora”.

Natália revelou ainda que teria voltado a ser assediada durante um evento ciclístico em 14 de novembro de 2021, quando anotava os nomes de populares para um sorteio de uma bicicleta, Elbio teria se aproximado e dito em seu ouvido: “Oh, Natalia, você é meu sonho de consumo!”. No mesmo instante a ex-servidora teria pedido que ele parasse com as investidas. Inclusive, segundo Natália, a esposa de Elbio estava no evento.

Na foto, da esquerda para a direita: o vereador Elbio Balta, com camiseta verde; Erivelton Corrêa, conhecido como Correinha, em camiseta cinza; e a ex-servidora Natália Magali Avalos Leivas. Foto: Arquivo pessoal.

Apesar do pedido, em 23 de março de 2022, quando ocorria outra confraternização regada a chopp na Câmara, um dos meninos do presidente – o Correinha – teria se aproximado da janela da sala de Natália afirmando que ela reclamava demais do salário e que, caso ela quisesse ganhar 100% era só dormir com o presidente.  Correinha também teria afirmado que Elbio “queria comer [Natalia] de quatro e com força, com raiva do ‘Alemão’”. O homem citado pelo apelido “Alemão” é o irmão de Natália. Tal afirmação teria sido presenciada por Sylvia, uma 2ª testemunha no processo. 

Ainda conforme o testemunho de Natália, Correinha teria afirmado que para ela “continuar no serviço, teria que transar com todos os meninos da base, até chegar no presidente”.

Ao telefone, em conversa exclusiva com MS Notícias, Natália confirmou a denúncia dizendo que era comum, quando chegava no serviço, Elbio dar um confere: “Ele ficava olhando nos meus seios e me olhava inteira de maneira, assim, sabe? Ultimamente, eu estava tendo que ir trabalhar quase de burca para evitar esse tipo de coisa”, exclamou, citando a peça do vestuário tradicional das mulheres muçulmanas, principalmente as afegãs, e que é caracterizada por cobrir todo o corpo, o cabelo e o rosto.

A ex-servidora arrolou duas testemunhas no documento de acusação.