MEIO AMBIENTE
Famoso Ninho do Tuiuiú é eliminado de vez pelo fogo no Pantanal
Morada da ave-símbolo do pantanal, o ninho teve o início da sua destruição em 2020
Às margens da BR-262, sentido Corumbá (MS), o famoso ‘ninho do tuiuiú’, que ficava sobre uma árvore da espécie ipê, foi completamente eliminado na 2ª.feira (1.jul.24), por uma nova fase de queimadas que assola a planície pantaneira desde a última semana de junho.
Morada da ave-símbolo do Pantanal, o ninho teve o início da sua destruição em 2020, após uma série enorme de queimadas que destruiu 4,5 milhões de hectares na região do Pantanal. Naquele ano, a tragédia sem precedentes acertou precisamente o ninho turístico.
Neste ano, com incêndios ainda mais agressivos, não só o ninho, mas o ipê que o abrigava ficou só o toco, ao ser atingido pelas chamas.
Uma força-tarefa da brigada da comunidade quilombola Kalunga, de Goiás, coordenada pelo Prevfogo, do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais (Ibama), disse que tentou evitar que o fogo atingisse a árvore, porém, as chamas foram superiores.
Com penas do rosto em cor preta, papo vermelho e asas brancas de quase 3 metros de envergadura, o tuiuiú costuma projetar seus ninhos em copas de árvores bastante altas. No ninho famoso, as aves mantinham três ovos. Fotografias de Marcelo Camargo, publicadas no banco de imagens da Agência Brasil nesta 3ª.feira (2.jul), mostram que até domingo (30.jul), um tuiuiú estava protegendo a ninhada e resistindo a abandonar a árvore com o ninho montado.
Outras imagens feitas pelo mesmo fotógrafo a serviço da Agência, mostram que já na 2ª.feira (1º.jul), não havia mais a árvore no local, apenas troncos em chamas restaram.
ATIVIDADE HUMANA
A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, informou na 2ª.feira (1.jul.24), que a Polícia Federal está investigando entre 18 a 19 focos de incêndio no Pantanal, com o objetivo de determinar sua origem. Ela enfatizou que a ação humana tem sido responsável pela maior parte da devastação já registrada no bioma.
"Identificamos que 85% dos incêndios estão ocorrendo em propriedades privadas. A alegação de que podem ser causados por raios não procede. São causados por ação humana", destacou a ministra em coletiva de imprensa no Palácio do Planalto, após a terceira reunião da sala de situação criada pelo governo federal para lidar com a crise ambiental no Pantanal.
Com base em informações de órgãos ambientais como Ibama e ICMBio, Marina Silva afirmou que as autoridades policiais estão investigando os incêndios, que podem ser considerados criminosos. Ela descreveu a situação no Pantanal como desoladora.
"A tecnologia que utilizamos nos permite identificar com precisão os focos e como o fogo se propagou", acrescentou a ministra.
Marina Silva ressaltou que o julgamento sobre os responsáveis cabe à Justiça, após investigação completa sobre os proprietários das fazendas afetadas e a natureza do incidente.
AÇÕES COORDENADAS
A sala de situação, criada há duas semanas para tratar da seca e dos incêndios, é coordenada pela Casa Civil da Presidência e pelo Ministério do Meio Ambiente, com participação dos ministérios da Integração, Desenvolvimento Regional, Defesa e Justiça e Segurança Pública.
No último sobrevoo realizado na sexta-feira (28.jun.24) sobre o Pantanal, na região de Corumbá (MS), as ministras Marina Silva e Simone Tebet puderam avaliar a situação de perto.
Para combater os incêndios, mais de 250 agentes federais, incluindo brigadistas e Força Nacional, estão atuando na região, com previsão de permanência mínima de 60 dias.
Na semana passada, o governo federal anunciou a liberação de R$ 100 milhões para ações do Ibama e ICMBio no bioma. Além disso, o estado de Mato Grosso do Sul reconheceu situação de emergência nos municípios afetados, facilitando a liberação de recursos e flexibilizando contratações públicas para enfrentar a crise.
Duas bases foram montadas pelo governo federal, em Corumbá e no km 100 da Rodovia Transpantaneira, para apoiar as equipes no terreno, coordenar a logística e monitorar os focos de incêndio.