PECUÁRIA
Crise ambiental em Roraima: mais de 7.000 bovinos morrem de fome
Infestação de pragas e seca prolongada devastam pastagens em diversas propriedades rurais
Roraima enfrenta uma crise sem precedentes que já resultou na morte de mais de 7.000 bovinos em seis municípios. A falta de pasto, causada por uma infestação de lagartas e ervas daninhas, devastou mais de 50 mil hectares de pastagens desde o início de maio. Propriedades rurais em Alto Alegre, Bonfim, Cantá, Caroebe, Iracema e Mucajaí estão entre as mais afetadas, segundo o Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural (Iater).
EMERGÊNCIA DECLARADA PARA APOIAR PRODUTORES RURAIS
Diante do crescente número de mortes de gado e da devastação das pastagens, o governo de Roraima decretou situação de emergência. A medida visa oferecer apoio financeiro aos produtores rurais das áreas mais atingidas. "Diante desse cenário preocupante, o governo do estado, entidades do eixo agro, especialistas e autoridades locais estão intensificando esforços para monitorar e controlar os impactos adversos sobre a agricultura, pecuária e a economia rural", afirmou o governo em nota oficial.
CAUSAS DA CRISE: ESTIAGEM E INCÊNDIOS
A proliferação das pragas foi vinculada à combinação de estiagem prolongada e incêndios florestais. Roraima enfrentou uma seca severa de outubro a abril, período que deixou o estado com o maior número de focos de calor do país, especialmente em fevereiro. Durante a seca, os incêndios florestais na Amazônia espalharam fumaça até a capital, Boa Vista, e secaram rios importantes, como o rio Branco.
Este desequilíbrio ambiental reduziu a população de inimigos naturais das pragas, facilitando a proliferação da lagarta militar (Spodoptera sp.) e do percevejo-das-gramíneas (Blissus leucopterus). "Estas pragas têm atacado severamente as pastagens, reduzindo a disponibilidade de forragem e comprometendo a produção animal", explicou o Iater.
IMPACTOS ECONÔMICOS E SOCIAIS
Os eventos têm causado prejuízos significativos, especialmente para os pequenos produtores que dependem das pastagens para a produção de carne e leite. "A falta de forragem não apenas reduz a produção, mas também impacta negativamente o sustento das famílias rurais que exploram a bovinocultura", pontuou o Iater.
MEDIDAS DE RESPOSTA E APOIO
Com o decreto de emergência, o governo lançou o Programa Emergencial de Apoio à Pecuária Familiar. A iniciativa inclui a contratação temporária de pessoas, dispensa de licitação para aquisição de bens e serviços essenciais, e a convocação de voluntários para reforçar as ações de resposta ao desastre. Além disso, o governo anunciou um repasse de R$ 1.750 aos produtores rurais para combate às pragas e recuperação do pasto, totalizando um apoio de até R$ 8.750 por produtor para áreas de até 5 hectares.
As autoridades esperam que essas ações possam mitigar os impactos devastadores desta crise e ajudar os produtores rurais de Roraima a recuperarem suas atividades econômicas e o sustento de suas famílias.