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TRAMOIA

Denúncia de propina de R$ 1 milhão abala Câmara na Capital de MS

Suposta negociata seria para os legisladores aprovarem expansão do Plano Diretor Urbano e permitir a construção de residenciais de luxo

Casa de Leis estaria corrompida por 'frutas podres', sugere legislador. Foto: Tero Queiroz

O vereador e pré-candidato a prefeito Professor André Luís (PRD) denunciou que alguns de seus colegas na Câmara dos Vereadores de Campo Grande (MS) coagiram empreiteiras exigindo R$ 1 milhão em propina para apresentarem emendas ao Plano Diretor Urbano.  

A acusação foi deflagrada na sessão da 3ª.feira (25.jun.24), em um momento delicado para o legislativo, que recentemente se recusou a abrir um processo de cassação contra Claudinho Serra (PSDB). Claudinho, acusado de desvio milionário e cobrança de propinas na Prefeitura Municipal de Sidrolândia, passou 23 dias preso e agora usa tornozeleira eletrônica.  

Antes da votação dos vetos da prefeita Adriane Lopes (PP) ao Projeto de Lei 11.274/2024, que prevê a ampliação do perímetro urbano de Campo Grande mediante pagamento de outorga, André Luís fez uma acusação contundente: “Fiquei horrorizado, horrorizado com as emendas” declarou o vereador, classificando as propostas como “aberração” e “teratológicas” devido à expansão da cidade mesmo com 40% dos terrenos urbanos vazios.

O professor vereador André Luis denunciou corrupção na Câmara dos Vereadores durante a 36ª Sessão Ordinária. Foto: Izaias Medeiros

“Recebi uma denúncia, eu vou atrás para saber. Essas emendas foram apresentadas por vereadores que coagiram as empreiteiras a pagar R$ 1 milhão. Vou atrás disso para saber se isso é verdade. É uma vergonha para esta casa", revelou André Luís, sem mencionar nomes específicos.

Questionado sobre a acusação, André Luís reafirmou sua posição, embora tenha corrigido que a cobrança teria sido feita por apenas um vereador.

O presidente da Câmara dos Vereadores de Campo Grande, Carlão, tentou acalmar os ânimos após a denúncia de André Luis que abalou a Casa baixa na Capital de MS. Foto: Izaias Medeiros

As emendas foram propostas pela Mesa Diretora, pelo próprio André Luís e pelos vereadores Otávio Trad (PSD) e Papy (PSDB). Indignados com a acusação, Papy e Trad reagiram com veemência, mesmo sem serem diretamente nomeados. Papy ameaçou registrar um boletim de ocorrência contra André Luís por calúnia. “Carlão me disse que o vereador se confundiu e vai se retratar e taus, vou esperar!” afirmou Papy, referindo-se ao presidente da Câmara, Carlos Augusto Borges (PSB).

O vereador Papy, mesmo sem ser mencionado, regiu negativamente a denúncia do professor André Luis. Foto: Izaias Medeiros 

Papy também argumentou que a Câmara deveria se manifestar oficialmente, dado o impacto das declarações de André Luís. "Não podemos aceitar declarações sérias como essas pra ganhar mídia em véspera de eleição. O parlamento é sério, formado por pessoas que precisam agir com a devida liturgia do cargo", destacou.

Otávio Trad se irritou com as denúncias mesmo sem ser mencionado. Foto: Izaias Medeiros

Otávio Trad considerou a fala de André Luís injusta e irresponsável. "Sempre faço emendas para melhorar os projetos. Se você for analisar, as emendas apenas alteram minimamente a própria redação do projeto original", justificou.

A polêmica envolve projetos bilionários e conjuntos residenciais de luxo que necessitam de regulamentação para serem construídos além do anel viário. Segundo um parlamentar, a Lei do Uso e Ocupação do Solo só seria alterada no próximo ano, mas a prefeita Adriane Lopes antecipou a mudança.

O Correio do Estado noticiou que a propina teria sido exigida por quatro vereadores, cada um solicitando um imóvel de R$ 1 milhão para aprovar a mudança.

Carlos Augusto Borges, o Carlão, minimizou o episódio, afirmando que André Luís mencionou apenas suposições: “Vamos aguardar,” disse Carlão, aguardando a apresentação de provas concretas por parte de André Luís.