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CALAMIDADE PÚBLICA

Sob a lama, Porto Alegre decreta racionamento de água potável

Além de falta de água, 450 mil pessoas estão sem energia elétrica no estado

Vista geral da Praça da Alfândega, em Porto Alegre (RS), após cheia do Guaíba Crédito: Donald Hadlicj/Còdigo19/Estadão Conteúdo

O prefeito de Porto Alegre (RS), Sebastião Melo (MDB), decretou na 2ª.feira (6.mai.24), o racionamento de água potável na capital gaúcha.

Devido as enchentes, 85% dos moradores estão sem água no local. 

Das seis estações do Departamento Municipal de Água e Esgotos, cinco estão paradas. A única em funcionamento opera com capacidade reduzida.

A Defesa Civil informou que 450 mil pessoas estão sem energia elétrica no estado.

As inundações deixaram 99 trechos de 42 rodovias com bloqueios totais ou parciais.

Até o início da noite de ontem (2ª.feira, 6 de maio de 2024), o número de mortos pela tragédia era de 85, além de 134 desaparecidos, 339 feridos, 153.824 desalojados e 47.676 desabrigados. No total, 1.178.226 pessoas foram afetadas pelas chuvas em 385 dos 497 municípios no estado.

O aeroporto Internacional Salgado Filho, na capital gaúcha, suspendeu os pousos e decolagens até pelo menos o próximo dia 30. Em nota, a concessionária Fraport disse que o aviso pode ser alterado a qualquer momento, mas “não há previsão de retomada das operações”. A Fraport orienta os passageiros com viagens marcadas para Porto Alegre a procurar as companhias aéreas para mais informações. Imagens registradas no domingo mostram diversas áreas do terminal tomadas pelas águas, o que paralisou as operações na sexta-feira.

INMET ALERTA

Imagem área de áreas de Canoas (RS), outra cidade afetada pelas fortes chuvas no Rio Grande do Sul. Foto: Ricardo Stuckert/PR

O Instituto Nacional de Meteorologia emitiu ontem um novo alerta vermelho para tempestades no sudeste do RS, válido até o meio-dia desta 3ª.feira (7.mai.24). A previsão é de acumulados de chuvas superiores a 100 milímetros por dia com ventos de mais de 100 km/h.

Segundo o Inmet, “há grande risco de danos em edificações, corte de energia elétrica, estragos em plantações, queda de árvores, alagamentos e transtornos no transporte rodoviário”. 

MEDIDAS DO GOVERNO FEDERAL 

Presidente Lula, governador Eduardo Leite e ministros dão declarações à imprensa. Foto: Ricardo Stuckert/PR

O presidente Lula solicitou ao Congresso o reconhecimento do estado de calamidade pública nacional para auxiliar as cidades gaúchas, permitindo flexibilidade nas regras fiscais. Isso se baseia em uma disposição constitucional desde 2021, que autoriza o presidente a tomar medidas fiscais extraordinárias para lidar com crises sanitárias e desastres. A mensagem presidencial foi assinada no Palácio do Planalto, com a presença dos líderes do Senado e da Câmara, bem como do vice-presidente do Supremo Tribunal Federal.

A Câmara aprovou o decreto em votação simbólica, e agora ele deve passar pelo Senado, provavelmente hoje. O governo está preparando uma linha de crédito para reconstrução de casas afetadas pelas enchentes no RS, além de estudar o adiamento da cobrança de tributos federais para empresas nessas áreas. Outras medidas, como repasse de verbas ao estado e municípios, também estão em pauta e serão apresentadas ao presidente hoje.

O governo federal planeja liberar até R$ 1,06 bilhão em emendas parlamentares para os municípios afetados, sendo que parte já foi encaminhada. A antecipação dessas emendas depende de uma mudança na Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2024, que deve ser votada na sexta-feira.

Presidente Lula sobrevoa área afetada pelas fortes chuvas em Canoas (RS). Foto: Ricardo Stuckert/PR

A utilização eficaz dos recursos é uma preocupação destacada pelo ex-secretário da Fazenda gaúcho, Aod Cunha. Ele ressaltou a necessidade de uma governança com alta capacidade técnica para diagnósticos rápidos e consistentes, elaboração e execução de projetos abrangentes, e transparência na aplicação dos recursos, especialmente em áreas como reconstrução de infraestrutura, recuperação de renda e replanejamento urbano.