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GUERRA | ORIENTE MÉDIO

Brasileira em Israel, Rafaela Triestman mente que Lula abandonou famílias

Ao lado chanceler Israel Katz, jovem disparou mentiras para defender massacre contra palestinos

A brasileira que vive em Israel Rafaela Triestman, de 20 anos, ao lado do ministro de Relações Exteriores israelense, Israel Katz. Foto: Reprodução

A brasileira Rafaela Triestman, de 20 anos, mentiu em vídeo divulgado, na 4ª feira (21.fev24), na rede social do ministro de Relações Exteriores israelense, Israel Katz, do governo de Benjamin Netanyahu.

Na declaração, Triestman tentou sustentar que o presidente brasileiro não prestou resgate às famílias que estavam nas localidades alvo dos ataques em Israel: “O governo [brasileiro] não foi mobilizado e a gente se sentiu esquecido", disse a jovem que estava na rave atacada pelo Hamas em 7 de outubro de 2023. 

O ataque a rave marcou o reinício da guerra de Israel contra a Palestina que se arrasta por mais de 20 anos na Faixa de Gaza.  

No vídeo de 8 minutos, Triestman também disse que Lula não entrou em contato com ela, nem com familiares das outras vítimas, incluindo Rafael Zimerman, Jade Kolker e as famílias de “Karen” (possivelmente referindo-se a Karla Stelzer Mendes) e Bruna Valeanu, mortos pelo partido Hamas, da Palestina. 

Em sua publicação, o chanceler de Israel chamou de "guerra justa", o massacre promovido por Israel ao povo palestino. "Após a sua comparação entre a nossa guerra justa contra o Hamas e os atos desumanos de Hitler e dos nazistas, a Rafaela tem uma mensagem que o senhor deveria ouvir", disse Katz.  

Assista o vídeo:  

O QUE LULA DISSE SOBRE O MASSACRE AO POVO PALESTINO

(18.02.2024) - Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante Coletiva de imprensa. Adis Abeba - Etiópia. Foto: Ricardo Stuckert / PR

A utilização da brasileira para 'comover', foi estratégia adotada pelo governo de extrema direita de Benjamin Netanyahu, após o presidente brasileiro sacudir o mundo ao declarar que está em curso um genocídio ao povo palestivo promovido pelo exército israelense na Faixa de Gaza. “O que está acontecendo na Faixa de Gaza com o povo palestino não existiu em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu, quando Hitler resolveu matar os judeus”, disse Lula, durante a entrevista coletiva que encerrou sua viagem à Etiópia. Lula ainda completou: "O que está acontecendo na Faixa de Gaza não é uma guerra, mas um genocídio", declarou, em referência as milhares de crianças e mulheres palestinas massacradas pelas bombas disparadas por Israel na caça insana ao partido Hamas.  

O democrata brasileiro respondia a uma pergunta sobre a decisão de seu governo de fazer novos aportes de recursos para a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Oriente Médio (UNRWA). A agência é a principal responsável por alimentar, educar, dar saúde e moradia para milhões de refugiados palestinos não apenas na Faixa de Gaza, mas também na Cisjordânia, Síria, Jordânia e Líbano.

Especialista em guerras e em comunicação de guerra, Israel acusou a UNRWA de ter participado do ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023 contra a rave. Diante da acusação, a Organização das Nações Unidas (ONU), afastou alguns membros da agência e abriu investigação.

Mesmo sem provas, os Estados Unidos e outros países cortaram apoio financeiro à UNRWA, ao contrário de Lula, que ampliou o aporte à organização declarando que vai ajudar as crianças e mulheres palestinas massacradas pela guerra. "Não é uma guerra entre soldados e soldados. É uma guerra entre um Exército altamente preparado e mulheres e crianças. Olha, se teve algum erro nessa instituição que recolhe o dinheiro, apura-se quem errou. Mas não suspenda a ajuda humanitária para o povo que tá há quantas décadas tentando construir o seu estado”, concluiu Lula.

Apesar de negar apoio aos palestinos dilacerados pela guerras, os EUA seguem enviando grosso poder bélico à Israel para que continuem os ataques contra a Palestina. O país liderado por Joe Biden também vetou um cessar-fogo proposto pelo Conselho da ONU.  

A cronologia da declaração de Lula sobre o massacre a civis na Palestina: 

A VERDADE SOBRE A  ATUAÇÃO DE LULA 

Diante das alegações falsas de Rafaela Triestman e do chanceler de Isral sobre sobre a atuação de Lula no caso da guerra de Israel contra a Palestina, vamos listar algumas ações do presidente brasileiro: 

Assim que reiniciado o conflito, ainda em outubro de 2023, um Fórum de Famílias de Reféns e Desaparecidos em Israel enviou uma carta à Lula em nome de 200 famílias (eis o documento). Na ocasião, eles solicitaram e receberam apoio do chefe do Executivo Federal do Brasil.  

Lula condenou os ataques contra civis e disse ser importante que as pessoas diretamente atingidas pela guerra sejam ouvidas. “Expressando sua solidariedade, o presidente manifestou que, como pai e avô, compartilha a dor das famílias afetadas e afirmou que o Brasil também está em luto pelo ocorrido. Recordou, ainda, as duas viagens que fez para Israel, em 1993 e 2010, e a excelente relação que manteve com o ex-presidente Shimon Peres [1923-2016]” , disse a nota divulgada pela Presidência.

Desde o início do conflito no Oriente Médio, o governo concluiu 12 voos de repatriação e resgatou 1.556 brasileiros nas zonas de conflito, incluindo embarques saindo de Tel Aviv com brasileiros e parentes que estavam em Israel.

Lula também teve uma série de conversas com líderes árabes para ajudar a intermediar uma solução na região.

Em 25 de outubro, o petista conversou com o emir do Qatar, Tamim bin Hamad al-Thani, sobre as negociações por um corredor humanitário. Afirmou ser “urgente” um cessar-fogo na região do conflito.

MSF EM GAZA

Abrigo de MSF em Al Mawasi, Khan Younis, após ataque das forças israelenses. Foto: © Mohammed Abed/MSF

No fim da noite da 3ª.feira (20.fev.24), as forças israelenses realizaram uma operação militar em Al-Mawasi, localizada na costa de Gaza, durante a qual um tanque israelense disparou contra uma casa que abrigava profissionais de MSF e seus familiares. "O ataque matou a nora e a esposa de um de nossos colegas e feriu seis pessoas, cinco das quais são mulheres ou crianças. Os disparos foram feitos contra um edifício claramente identificado como de MSF, atingindo o portão da frente, o exterior do prédio e a parte interior do andar térreo", contou a entidade médicas sitiada e massacrada em Gaza. 

As equipes de ambulância ficaram impedidas de sair por mais de duas horas devido ao bombardeio na área. Mais tarde, os profissionais conseguiram chegar ao local e levar os feridos, alguns com queimaduras, para o hospital International Medical Corps Field, em Rafah.

“Estamos indignados e profundamente tristes com essas mortes”, lamentou Meinie Nicolai, diretora-geral de MSF, que atualmente coordena nossas atividades médicas em Gaza. “No mesmo dia em que os Estados Unidos optaram por vetar um cessar-fogo imediato, duas filhas viram sua mãe e sua cunhada mortas por um projétil de um tanque israelense.”

“Essas mortes ressaltam a triste realidade de que nenhum lugar em Gaza é seguro, que as promessas de áreas seguras são vazias e os mecanismos de desconflito não são confiáveis”, ressaltou Nicolai. “A quantidade de força usada em ambientes urbanos densamente povoados é impressionante, e atacar um prédio sabendo que está cheio de profissionais humanitários e suas famílias é inconcebível", completou.  

"No momento do ataque, 64 pessoas estavam abrigadas na casa. Todas as partes envolvidas na guerra, incluindo as forças israelenses, são regularmente informadas sobre a localização e têm conhecimento da presença de equipes de MSF em locais específicos. As forças israelenses foram claramente informadas da localização precisa deste abrigo de MSF em Al-Mawasi. Além disso, uma bandeira de MSF de dois por três metros estava pendurada do lado de fora do prédio. Nenhuma ordem de evacuação foi emitida pelas forças israelenses antes do ataque. Entramos em contato com as autoridades israelenses e estamos buscando mais informações", contou a entidade médica.  

"Alguns de nossos colegas e seus familiares que viviam no abrigo de MSF antes do ataque em Al-Mawasi já haviam sobrevivido ao ataque de 8 de janeiro em outro abrigo de MSF, em Rafah, que matou a filha de 5 anos idade de um integrante da equipe de MSF", lembrou.  

"Isso demonstra, mais uma vez, que as forças israelenses não estão garantindo a segurança dos civis em suas operações militares e mostra um completo desrespeito pela vida humana e falta de respeito pela missão médica. Esse cenário torna quase impossível manter as atividades médico-humanitárias em Gaza. As equipes de MSF estão apoiando nossos colegas e seus familiares que sobreviveram ao ataque de ontem, assim como os entes queridos daqueles que foram mortos. Quatro profissionais de MSF foram mortos desde o início da escalada da guerra, além de diversos familiares. Reiteramos o nosso apelo por um cessar-fogo imediato e sustentado em Gaza. A violência contra civis deve acabar agora", finalizou.