EXTREMISTAS DE DIREITA
Golpistas de MS na mira do vassourão da Polícia Federal
Desdobramento de investigações inclui novas operações contra quem participou ou insuflou a população para o golpe
As investigações que a Polícia Federal vem realizando nos últimos dias, atingindo personagens envolvidos com movimentações de caráter golpista que resultaram na vandalização do Distrito Federal em janeiro, terão desdobramentos que novamente alcançarão Mato Grosso do Sul.
Fonte bem-informada e de trânsito nos principais bastidores de Brasília, disse ao MS Notícias que a PF está investigando nomes de uma sortida relação de empresários, políticos, profissionais liberais, artistas e religiosos que não se conformaram com o resultado das urnas no segundo turno da disputa presidencial. Diante disso, decidiram engrossar a campanha nacional que reivindicava a anulação das eleições e um golpe de Estado para não permitir que Lula assumisse a presidência da República.
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Os principais pontos de agrupamento desta mobilização eram os espaços próximos aos quartéis do Exército, a força militar que exibia com maior desenvoltura seu apoio à ruptura institucional. Então, nas redes sociais, em frente aos quartéis e parlamentos, bloqueando vias urbanas e rodovias. Formavam-se os grandes ajuntamentos de gente inflamada por vozes extremistas da direita e do bolsonarismo, instalando no País um ambiente de instabilidade.
SENHA GOLPISTA
Assim como no restante do País, era corrente em Mato Grosso do Sul a versão segundo a qual Lula não tomaria posse, que se tornou uma das principais senhas dos golpistas. Era repetida enfática e repetidamente por diversos interlocutores do golpe, entre os quais figuras importantes no cenário político, entre elas o vereador Sandro Benites (Patriota), os recém-eleitos deputado federal Marcos Pollon (PL) e o deputado estadual Rafael Tavares (PRTB).
Quando a PF iniciou a primeira operação do pós-8 de Janeiro, já havia em sua lista de suspeitos diversos sul-mato-grossenses. Um deles, no entanto, escapou: exatamente o vereador Sandro Benites, que se licenciou do mandato para chefiar a Secretaria Municipal de Saúde. Coube a ele um dos papéis mais vergonhosos e deprimentes da frustrada mobilização antidemocrática: foi em frente ao quartel do Comando Militar do Oeste (CMO), enrolado numa bandeira brasileira, para, aos berros, insuflar os acampados.
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Naquele dia, Benites — que é militar e médico — deixou de lado a evidente pouca intimidade com mandatos democráticos, endossando as narrativas de insurgência violenta contra as instituições, além de disparar graves ofensas contra o presidente Lula. Sobre um trio elétrico, assim se referiu ao petista, dirigindo-se ao comandante do CMO: “Nós, campo-grandenses, patriotas, humildemente pedimos socorro, nos livre desse mal. Juntos, não aceitamos ser governados por um ladrão, por um narcotraficante, nos ajude, general”, berrou.
Benites foi reprovado por diversos colegas e repreendido pelo presidente da Câmara, vereador Carlão Borges. O vereador Professor André tentou submetê-lo à Comissão de Ética na tentativa de enquadrá-lo por quebra de decoro parlamentar. Não teve êxito. Meses depois, afastou-se do mandato para virar secretário de Saúde. Saía, dessa forma, do fogo cruzado em que se havia metido com o acintoso rebaixamento do próprio mandato, exposto às penalidades e críticas do legislativo e da sociedade.
O caso, porém, não está sepultado. Consta dos levantamentos que os agentes federais vêm fazendo desde o período pré-eleitoral de 2022. E é com base nas informações desse período, reforçadas por fatos novos e deduragem, que a PF desenvolve suas operações, entre as quais a atual, que com repercussão na CPI Mista do 8 de Janeiro encurralou atores da cena golpista, como o hacker Walter Delgatty Neto, o coronel Mauro Cid e o advogado Frederick Wassef.
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