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INTERIOR | ROCHEDO (MS)

Damião é denunciado por feminicídio 9 meses após atear fogo em Pâmela

Suspeito disse que a esposa havia tentado suicídio

Damião, à esquerda. Pâmela, à direita. Foto: Arquivo | MS Notícias

Damião Souza Rocha, de 35 anos, foi denunciado pelo Ministério Público Estadual (MPE) por atear fogo e matar Pâmela Oliveira Silva, de 27 anos, em 21 de julho de 2022, numa casa na Rua Joaquim Murtinho, em Rochedo (MS). Ela morreu em 22 de agosto daquele ano, um mês após internação na Santa Casa de Campo Grande (MS). 

Na época mostramos aqui no MS Notícias, que era falsa a versão de Damião de que a esposa havia tentado suicídio. (Entenda abaixo). 

Isso porque haviam duas versões: uma contada pelo suspeito, que continha várias incongruências e outra contada pelos filhos e irmãs da vítima.   

A reportagem confirmou detalhes do caso por meio do registro de ocorrência, falou com os familiares e com o delegado da Delegacia de Polícia de Rochedo, Roberto Duarte Fariaqu, que na época registrou o caso como 'suicídio', acatando a versão dada por Damião. 

"Não tem como eu dizer que ele é suspeito, assim como não posso descartar, preciso aguardar o laudo pericial", explicou o delegado na época.  

FILHA VIU

Em um dos registros de ocorrência, havia a versão da filha de Pâmela, de apenas 10 anos, que viu o pai (Damião) jogando gasolina e em seguida ateando fogo na própria esposa, depois a trancado na casa. Momentos antes, Damião e Pâmela haviam discutido e ele bateu nela. Depois, ele jogou o combustível e tentou matá-la e fingiu que ela mesmo havia cometido o ato contra a vida.

Para fortalecer sua narrativa, Damião saiu gritando da casa em chamas e pediu ajuda para um vizinho, assim conseguiram retirar Pâmela ainda com vida do cômodo. Tudo foi contado pela criança à uma das tias. A pequena, entretanto, pediu para a tia não contar a verdade a ninguém, pois temia que a polícia prendesse seu pai.

PEDIDO DO AVÔ

Pâmela era casada há aproximadamente 10 anos e tinha dois filhos: um menino de 6 anos e a filha de 10 anos, que presenciou a mãe se debatendo em meio às chamas.

As crianças chegaram a ficar com Damião após o crime, mesmo após o apelo do avô, Roberto Martins da Silva, de 56 anos, à justiça.

CONFISSÃO À IRMÃ

Também em registro, a irmã de Pâmela, Patrícia Oliveira da Silva, que morava em Rochedo, revelou que fez certa pressão contra a vítima no posto de Saúde do município, em busca da verdade sobre quem havia incendiado o corpo dela em casa: "Foi ele [Damião]! Mas não fala a verdade, não. O que vai ser das crianças se ele for preso?", disse Pâmela à irmã.

Naquela ocasião, Patrícia argumentou que teria que fazer algo, mas Pâmela avisou que não falaria a verdade à justiça temendo que os filhos ficassem sem ninguém. E assim o fez, quando questionada pela polícia da cidade.