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CAMPO GRANDE (MS)

Família que matou pecuarista Andreia é condenada a 72 anos de prisão

Pecuarista foi esganada pelo cunhado de sua doméstica

Família pretendia lucrar com assalto, mas acabou matando patroa em Campo Grande. Foto: Reprodução

A família acusada de matar a pecuarista Andreia Aquino Flores, de 38 anos, foi condenada a pena total de 72 anos de prisão. A sentença foi publicada em 30 de maio.

O crime aconteceu em 28 de julho de 2022, quando Andreia foi encontrada morta em sua casa, num condomínio na Rua Nossa Senhora das Mercedes, Parque Cachoeira, em Campo Grande (MS).

A 5ª Vara Criminal de Campo Grande deicidiu pelas seguintes penas:

Pedro Benhur Ciardulo - 20 anos de reclusão e 10 dias-multa; Jessica Neves Antunes - 24 anos de reclusão e 12 dias-multa; e,  Lucimara Rosa Neves - 28 anos de reclusão e 14 dias-multa.

Todos terão de cumprir as penas em regime fechado sem substituição. Eis a íntegra.  

O CRIME

Da esquerda para a direita:  Andreia Aquino Flores, de 38 anos, Lucimara Rosa Neves, de 43 anos e Jéssica Neves Antunes, de 24 anos. Fotos: Redes 

Andreia foi assassinada com um mata-leão desferido por Pedro, 23 anos, que foi chamado para ser a força bruta de um plano de falso roubo arquitetado pela sua cunhada, Lucimara, 43 anos. Lucimara trabalhava na residência de Adreia e também contou com ajuda da filha, Jéssica, de 24 anos. A intenção era obter a quantia de R$ 20 mil que deveria ser exigida da vítima mediante transferência bancária PIX no momento do crime. Entretanto, as coisas saíram do controle após a pecuarista reagir (entenda abaixo).  

'Funcionárias tramaram roubo, patroa reagiu e foi esganada', diz polícia

VERSÃO FANTASIOSA

Mostramos aqui no MS Notícias, que todas as informações dadas após o crimes eram “hipóteses”, de que Andréia teria sido espancada e morta por dois criminosos que invadiram o condomínio de luxo após fazer as funcionárias reféns. Essas informações foram passadas pelas próprias funcionárias que ontem eram "supostas sobreviventes".  

Mãe e filha narraram à polícia, incialmente, que haviam sido rendidas por dois criminosos ao irem ao mercado fazer compras usando o carro da patroa. Disseram que quando retornaram com as compras e entraram no veículo, no banco de trás, havia dois homens que lhes apontaram uma faca e mandaram que elas “seguissem até a casa da patroa”. Assim, os homens teriam entrado sem problemas no condomínio para cometer o alegado crime.  

Porém, o delegado Francis Flávio Freire, da Delegacia Especializada de Roubos e Furtos (Derf), disse que as suspeitas, na verdade, convidaram o cunhado de Lucimara para simular o assalto.  

Mãe e filha já haviam levantado suspeitas no dia do crime, quando em depoimento, não souberam esclarecer como a porta do veículo foi aberta para que os supostos 2 criminosos já estivessem lá dentro quando elas retornaram com as compras.  

Durante investigações, a polícia descobriu por meio de imagens de câmera de segurança que as próprias funcionárias da vítima abriram a porta do veículo, com um controle remoto. Confrontadas sobre a versão “fantasiosa”, as mulheres acabaram assumindo o crime.

CRONOLOGIA

Na verdade, segundo a polícia, a dinâmica do crime foi a seguinte:

As funcionárias chegaram entre 6 e 7h para trabalhar no dia 28 de julho e encontraram Andreia embriagada ainda acordada. Elas fizeram limpeza na casa e na sequência, pouco depois da 9h30, avisaram que iriam ao atacadista realizar compras para a casa da patroa.     Mãe e filha foram ao atacadista na Rua Marquês de Lavradio — a 7 minutos do condomínio — e fizeram compras de fato, no valor de R$ 786,69 pagos no cartão de uma delas depois que a patroa havia feito Pix de R$ 1 mil. A nota fiscal do supermercado mostra que as duas terminaram de passar os produtos no caixa às 10h16. Elas, então, levaram os produtos até o carro no estacionamento, foi quando o cunhado embarcou. Depois disso, o trio seguiu em direção ao condomínio. No trajeto, os suspeitos passaram numa loja de utilidades, na Avenida Ministro José Arinos, para comprar uma arma de brinquedo que seria usada na encenação. Na sequência, o trio parou em um posto de combustíveis para comprar cigarros e seguiu para o condomínio. Ao chegarem, dentro do condomínio de luxo, os primeiros a entrarem foram Pedro e Jéssica, essa última fingindo estar refém de Pedro. Embriagada, a vítima resistiu à investida do assaltante para amordaçá-la. "Ela se debatia e ele apertava um pano contra o rosto dela, até que Andreia desfaleceu", narrou as suspeitas em depoimento.  Diante disso, o corpo da patroa foi levado para o 1º andar do imóvel. Momento em que Lucimara ainda disse ter tentando reanimar a patroa, jogando "água no rosto dela". Sem sucesso na ressuscitação, Lucimara levou o assassino até a casa dele no Tiradentes, voltou para a residência da patroa e junto com a filha, passou a pedir ajuda, tendo encontrado um vizinho.   O Corpo de Bombeiros foi acionado por volta das 12h.  Às 12h20 da quinta (28.jul), o caso passou a ser considerado latrocínio. 

SAIU DO CONTROLE

O objetivo, disseram elas, era ‘apenas simular o roubo’ para que Andreia fizesse a transferência do dinheiro, mas a pecuarista reagiu e acabou sendo enforcada pelo cunhado de Lucimara.  

“A ideia do planejamento era fazer com que a vítima realizasse no momento do assalto, uma transferência bancária, um pix, de aproximadamente R$ 20 mil, a vítima teria reagido, as coisas saíram do controle e o rapaz acabou matando a vítima mediante esganadura”, explicou o delegado.

A arma de brinquedo foi encontrada na bolsa de Jéssica. Mãe e filha, que segundo Freire, eram muito próximas da vítima – inclusive, Andreia era madrinha do filho de Jéssica – foram presas por latrocínio. O cunhado, na época ficou foragido, mas acabou preso.